domingo, 27 de dezembro de 2009

Meus 13 ciclos de 2009

Finalmente acabei de passar talvez pela pior TPM do ano!... Ufa! Depois de alguns dias com dores nos seios, cólicas, irritações, cansaços e choros, ela -a tão esperada e sangrenta menstruação- desceu esta madrugada!... Que alívio! O que podia ter sido e não foi agora vai embora, levando mais um pedacinho de mim com ela. Iniciou-se então o meu 13o ciclo do ano.

Com ela, o cansaço e o pensamento de que o método contraceptivo natural que venho usando desde o início do ano tem dado resultados. (Você pode ler um pouquinho mais sobre este método neste mesmo blog, no texto sobre a natureza cíclica da mulher). Passei o ano inteiro tendo um contato mais íntimo comigo mesma diariamente. Fui muito rigorosa com minhas anotações e com minha vida conjugal. Não é fácil para o casal não querer mais filhos e, mesmo assim, não sucumbir aos métodos contraceptivos mais aceitos pela sociedade. "Valeu a pena? Tudo vale a pena se alma não é pequena", já disse uam vez aquele Pessoa.

Confesso que sinto que meu marido ainda não percebeu muito bem o andamento do meu ciclo. Eu tenho que ficar avisando aonde mais ou menos eu estou. Inclusive quando sinto que aquela irritação ou apatia sexual (caraterísticas pessoais minhas durante os dias que antecedem o ciclo) vem chegando, eu tenho que avisá-lo. Bom, nada é perfeito e, se eu mesma estou começando a me conhecer melhor, imagina ele! Prestar atenção no meu ciclo, acompanhá-lo e respeitá-lo e ainda dar conta do seu próprio ciclo hormonal, do qual não sabemos praticamente nada! Sim, mulheres! Eles também têm um ciclo e estão sujeitos a alterações corporais e emocionais. Confesso que não sei nada sobre o assunto. Mas isso é outra história, igualmente importante, mas vamos a uma coisa de cada vez!

São 13 ciclos me observando, fazendo anotações sobre mudanças no meu corpo, acompanhando o movimento da lua, escutando mais os meus sentimentos e instintos. São 13 ciclos também ainda amamentando, quantas vezes me forem pedidas ao dia e à noite. São 13 ciclos de vigília em vários aspectos. São 13 ciclos seguidos sem nenhum hormônio sintético para controlar o meu ciclo. Nunca em minha vida eu havia ficado tanto tempo sem tomar alguma coisa ou ter algo que fizesse o controle dentro de mim. Sinto-me empoderada. E digo, sem modéstia: eu consigo me observar e manter a minha decisão conjunta com o meu marido de não engravidar de uma maneira natural, que não me violenta. Sinto-me livre e satisfeita!

Minha sobrinha de 13 anos dormiu aqui em casa hoje e eu quis saber do seu ciclo. Levei um "chega pra lá" dela, claro. Mas talvez eu consiga conversar com ela e com qualquer outra menina-mulher, mulher, que queira dividir seu ciclo comigo. Estou me preparando para poder receber melhor a adolescência da minha filha. Ainda falta, mas ainda falta também muito tempo comigo mesma, mais observação e compreensão do que é ser mulher. O que é o feminino? Para as minhas amigas amadas que se amam entre si, digo que vocês têm muita sorte em poder viver a vida juntas, pois podem ser o espelho uma da outra.

Enfim, o que quero dizer é que o feminino vai muito além da sexualidade das mulheres. Toda mulher precisa se conhecer melhor e se apoderar do conhecimento do próprio corpo, que foi se perdendo pouco a pouco, o conhecimento do qual fomos privadas por diversas razões que não cabe a mim enumerar. Começo a compreender que minha vida é meu corpo e que meu corpo não está sozinho. Se eu não estiver em sintonia com meu corpo, não estarei nunca em sintonia comigo mesma. E sou mulher, tenho a capacidade de fazer coisas que o corpo do homem não pode. Sou diferente! Oh, que descoberta maravilhosa! Estou começando a penetrar na caverna das sacerdotisas, das curandeiras, das parteiras, das bruxas... Quero cada vez mais adentrar este universo que é tão feminino e que me fascina tanto!

E você? Quer fazer comigo esta viagem maravilhosa para dentro de você mesma e de nossa herança e consciência arquetípica?

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Jornada natalina?

meus sapatos são de pano
a chuva molha os meus pés
não sinto frio
meu coração está quente
meus pés me levam
aonde meu coração os leva
estou só
ninguém me acompanha em minha jornada
estou quente
estou segura

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Mulheres na cozinha

Nada como a nossa cozinha para proporcionar um belo e aconchegante local de conversas importantes entre mulheres. A casa é confortável, tem jardim, tem sofá, tem varanda... Mas é na hora que se adentra a cozinha que o assunto mais importante entre duas mulheres, ou mais, vem à tona.

O que há de mágico nesse local quase que sagrado para aqueles que conhecem alguns dos seus segredos? É claro que deve existir até tese de doutorado sobre o aconchego e a tranquilidade que a cozinha da nossa casa traz. Afinal, é onde o alimento é preparado, cozido, mexido, revirado, temperado... é como a nossa própria vida mesmo.

A gente tem que mexer, remexer, rebolar, picar, triar, cortar, juntar, refogar, fritar, salgar, enfim... A cozinha pode ser uma das mais belas metáforas do que é a vida de uma pessoa. Quem cozinha e se sente bem dentro de sua própria cozinha vai entender do que estou falando. E quem não cozinha, tenho certeza, tem boas lembranças de momentos especiais passados geralmente com suas mães, avós, tias, irmãs ou primas dentro de uma cozinha.

Ela pode ser pequena, grande, com copa ou não. Mas eu gosto de estar na minha e sinto-me à vontade nas cozinhas dos outros! Ontem estive na casa de uma tia-avó e adivinhem onde eu tive as conversas mais interessantes daquela tarde? Lá, na cozinha, na beira do fogão, após ter comido aquela comida maravilhosa, preparada com tanto carinho por mãos de uma mulher negra, pequena, doce e encantadora, a empregada da casa.

E hoje, minha felicidade de ter recebido minha mãe para passar a tarde comigo e Gabriel. Almoçamos, descansamos no sofá, brincamos com ele... Mas foi só quando eu resolvi entrar na cozinha para lavar a louça, que nossa conversa se aprofundou e eu a escutei. Minha mãe me acompanhou e começou a preparar um doce de banana com umas bananas muito passadas que eu tinha e não sabia o que fazer com elas.

Ela foi sincera, verdadeira e eu a escutei com toda a paciência e amor.

Que a cozinha continue sendo esse lugar maravilhoso para as mulheres, um lugar onde nós possamos inventar, criar, chorar, berrar, se recolher... e acolher aqueles que mais amamos, a começar por nossos filhos, nossas filhas, nossos amigos e amigas. Sem o peso do esteriótipo, tipo "esquentar a barriga no fogão e esfriar no tanque"; "lugar de mulher é na cozinha"... Não, nada disso! Mas que a cozinhe seja esse lugar ritualístico e mágico, que tem o poder de proporcionar tantos momentos preciosos para a vida de homens e, principalmente, mulheres.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Neném dodói? Vai passar!

Estava conversando com minha irmã, que é mãe de primeira viagem agora... E ela bem melhor do que há dois dias atrás. Imaginem: o marido dela viajou, a neném está com 2meses e meio e era dia de vacina que dá reação (Tetra-viral). Elisa estava da pá virada e minha irmã podre de cansada e dizendo: "hoje estou me sentindo uma mãe de verdade, pois não tem ninguém pra me ajudar e a Elisa não pára de chorar... Eu tô cansada!!!..."

E eu achando aquilo tudo muito engraçado. Só queria dizer a ela que é assim mesmo, pra ela ir amamentando a neném, que o dia seguinte seria melhor, ainda mais porque a moça que trabalha pra ela estaria lá e tal... E que ela é mãe desde o dia em que Elisa nasceu! Só que aquele dia ela estava especialmente cansada.. e que não é assim todo dia, nem para sempre! Pois hoje, faltam dois dias pro marido dela voltar pra casa (ufa!); Elisa está ótima, super atenta, brincando com tudo em cima da cama... E eu disse : "que vontade de conhecer essa fofucha!" ai, suspiro...

E não é só minha irmã que tem passado perrengue com neném, não... Gabriel aqui também não está dos melhores e nós nem sabemos o que pode ser. Começou tendo febrinha na quarta, que aumentou muito à noite. Aquela noite foi terrível: nem eu, nem ele, nem João dormimos! Péssimo... Eu até tentei dar o anti-térmico, mas ele botou tudo pra fora, então ficamos só controlando a febre com banhos. Ontem ele estava melhor e Divina ("A" Divina) estava aqui e segurou ele no colo pra eu descansar meia horinha à tarde.

A noite que passou não foi tão ruim quanto a outra, mas foi difícil também. Resultado: ele tá esquisitinho, muito cansado e irritado, mas sem nenhum outro sintoma. A febre cedeu sozinha e continuo dando o remédio homeopático dele. Desconfiamos que seja dentinho novo para nascer, pois ele tá babando muito. Mas só esperar pra ver. Hoje ele já brincou, já aprontou e está tirando sua segunda soneca do dia! Espero realmente que essa noite seja boa, porque amanhá à tarde, Nina tem apresentação de ginástica ritmica no ginásio (CALOR) e eu quero muito assisti-la.

Então, aqui vai meu recado para as mamães de plantão: não se desesperem! Tudo passa! Uma febrinha, uma noite mal dormida, uma quedinha, um roxinho, um resfriadinho, uma dorzinha de barriga... Enfim, basta que estejamos atentas aos sinais dos nossos filhotes e saibaimos reconhecer ao olhar para eles o que eles necessitam. E geralmente, é aquele peito pra quem mama, e aquele colinho aconchegante para fihos de todas as idades... Ai, ai! Bom fim de semana!

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Vontade e poesia atarantada nas cabeças

Estou com uma vontade enorme não sei exatamente do quê! Vontade de criar algo, de reunir pessoas, conversar, trocar experiências...

Como moro fora da cidade, não tenho convívio direto com outras pessoas. Isso é muito bom por um lado e um pouco difícil por outro. A coisa boa é que sou sempre eu no meu ritmo, no ritmo das crianças, com alguns compromissos fora de casa. As coisas só complicam quando dá uma vontade grande de se socializar mais.

Agora, por exemplo, só estamos eu e Gabriel em casa. João saiu e Nina está passeando com minha mãe. Estou no quarto onde está o computador com a internet, mas de ouvido em pé, pois Gabriel está "solto" e preciso ficar ligada. Levantei-me e o encontrei na sala, com um livrinho na mão... "Coucou Lili". Vira e mexe dou uma andadinha para ver o que ele está fazendo e ele vem me visitar às vezes ...

Os encontros do Ventre Livre têm sido de grande importância para mim - são as sextas livres com temas variados, mas como não estou seguindo nenhum curso por lá, não tenho reais ligações com ninguém. A minha vontade era me reunir com outras mães e seus filhos e compartilhar um pouco o meu universo maternal e ouvir e trocar com outras mulheres. Gostaria de estar mais perto de um maior número de mulheres, conversando, cozinhando, costurando, cantando, dançando, rindo, chorando... Enfim, participar de algum grupo de mulheres com interesses parecidos com os meus.
Há muitas dificuldades para pôr em prática esta ideia (obs.: sinto falta do acento!). E não sei por onde começar...

Ao mesmo tempo, estou lendo e relendo quatro livrinhos: um é o "Atarantada", livro de poesias de Noélia Ribeiro (a Nonô da música do eixão), tia do João; dois livros de Nicolas Behr: "Poesília", poemas antigos e recentes sobre Brasília e "Menino Diamantino", sobre sua infância; o último livro é o livro do "Cabeças", de Néio Lúcio (pai de minha irmã Tainá). Enfim, por que falar desses livros e pessoas agora? Simplesmente porque são livros e pessoas inspiradoras, criativas e que fizeram muito por esta cidade onde eu cresci e moro.

Como sabem, venho de família artística presente e ainda ativa e os livros acima fazem parte da minha história também. O livro do Néio narra os acontecimentos do projeto de sua criação, o Cabeças, que em princípio era uma galeria de arte, depois virou concerto ao ar livre, com um milhão de propostas artísticas, que pretendiam envolver moradores e cidadãos de Brasília no fim dos anos 70 e no início dos 80. Reunir, criar, curtir juntos. Pelo meu entender, esses eram alguns dos objetivos. Foi um movimento inovador, que inspirou e reuniu artistas de vários segmentos desta cidade, fazendo borbulhar arte nas entrequadras e no parque da cidade... Enfim, algo realmente empolgante! Meus pais, meus avós e dois dos meus tios foram fundadores desse negócio; ou seja, cresci naquele meio...

E agora, neste novo momento de vida, com meus filhos pequenos, em casa, batalhando pelo auto-conhecimento, pela qualidade de vida, pelo respeito, quero uma vida mais artística, mais empolgante, onde as pessoas se reunam mesmo e criem! Acho que este blog está bem em sintonia com esses sentimentos. Enfim, devaneios, desabafos, leituras, delírios, desejos... Há que se saber o momento de agir. Ele vai chegar!...

sábado, 5 de dezembro de 2009

Eu disse sim!

Sim, dancei e disse sim o fim de semana passado inteiro! Disse sim para aquelas pessoas que eu não conhecia, disse sim para dois professores maravilhosos, disse sim para o meu corpo experimentar algo novo e fazer dança de forma real e intensa, disse sim pra terra que me acolheu, pro ar que me envolveu, para os olhos que penetrei e me deixei penetrar...

Disse sim para uma crise com minha mãe que precisava chegar. Esperei pacientemente minha menstruação descer e dancei no auge da T.P.M.! Disse sim para as minhas lágrimas que brotaram dos meus olhos e do fundo do meu peito. Chorei, chorei muito. Foi um fim de semana muito intenso. Quando acabou, meus filhos e meu companheiro vieram me buscar. A presença deles é sagrada para mim. Presença. Eu estive lá e estava presente em cada momento.

Estou presente, este é o meu presente. Esta semana descobri que sou minha própria mãe e que a Terra vai me alimentar sempre. Acho que estou conseguindo vislumbrar um caminho que seguirei daqui pra frente. Um caminho que é coerente comigo mesma, com minhas escolhas e com a conciência que estou tomando de mim mesma. Estou aprendendo? Com certeza; e não vou para de aprender nunca. Acho que é por aqui mesmo que eu vou...

Transformações que não páram; mundo girando; ciclos rodando, começando e recomeçando. Minha vida está tomando cada vez mais forma e estou tão segura e forte no que estou fazendo. E tudo porque eu simplente abdiquei do mundo masculinizado e estranho, externo a si mesmo que está por aí. Eu digo não para ele. Mas digo sim para o mundo interno, feminino, fértil, úmido, quente, prazeroso, misterioso e maravilhoso... Esrou fazendo exatamente o que eu quero e tenho que fazer. Sou grata, muito grata!

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Dançar para viver!

Mal posso esperar para a chegada deste fim de semana. É que eu vou dançar! Sim, dançar novamente e de uma forma inteiramente nova para mim. Vou participar do workshop de Dançaterapia com Pio Campo aqui em Brasília neste fim de novembro chuvoso.

Minha vida sempre foi permeada e preenchida pela dança, pelo movimento do meu corpo. Comecei a estudar ballet clássico bem nova, aos 5 anos. Aos 9, fui estudar na academia da minha irmã mais nova, pois eu achava que ela sabia mais coisas do que eu e, no mesmo ano, descobri que tinha patela alta, um probleminha genético nos joelhos. Sou do signo de capricórnio e sei que os joelhos são a parte do corpo mais vulnerável para as pessoas do meu signo. Foi minha primeira experiência de me afastar de uma coisa que fazia parte de mim. Passei acho que um mês com a perna esquerda engessada do alto da coxa até o pé. Foi duro, mas me lembro ter gostado de poder passar as tardes em casa vendo TV e comendo aveia com mel (doce liberado na minha casa na época!).

Dois anos depois, eu estava ensaiando com a companhia de dança da academia. Na verdade, como eu estudava na escola de música, além de inglês e francês, eu não podia mais frequentar a turma de ballet da minha idade por causa do horário. Com a ousadia e determinação da minha mãe, a diretora e dona da escola de ballet aceitou que eu frequentasse as aulas e os ensaios da companhia, que aconteciam todos os dias nos fins de tarde. E assim, o ballet clássico tomou conta da minha vida com aulas, ensaios exaustivos, apresentações numerosas, participações em cursos até os 14 anos, quando eu comecei a namorar um cara 6 anos mais velho do que eu e minha vida virou um inferno! Mas essa é outra história...

Naquele ano, comecei a ficar desleixada, não penteava meus cabelos longos, lisos e inteiros, nem tomava muito banho, de modo que tinha piolhos constantemente. Sim, confesso: virei uma porquinha com todas as letras! Me afastei dos meus amigos da minha idade e comecei a matar as aulas de ballet. Depois daquele ano fatídico, meus pais não sabima mais o que fazer comigo e me mandaram junto com minha irmã mais velha para Londres, onde nosso pai morava na época. Lá, minha vida deu uma guinada: fiz inúmeras amizades novas, aprendi a falar inglês, me diverti horrores, mas além da vida escolar, não consegui voltar a dançar por motivos diversos. Um deles é que meu pai não tinha realmente dinheiro para pagar um curso. Então, eu ia me virando na escola, com o teatro, a dança e a música.

Só voltei a dançar pra valer mesmo no ano seguinte, quando voltei para o Brasil para morar com minha mãe e meus dois irmãos pequenos em São Paulo. Fui fazer aulas com Ismael Guiser e conheci diversos bailarinos e coreógrafos. Fui vendo pela primeira vez que eu poderia dançar sem me prender tanto aos moldes rígidos e muitas vezes perversos do clássico. Mas foi na metade daquele ano de 1995, eu com 16 anos, que participei de um espetáculo onde eu me encontrei. Primeiro porque houve uma audição para a seleção dos atores e eu fui lá e passei! Não seria um espetáculo profissional, mas era o musical da Cultura Inglesa de São Paulo, que todo ano produzia um espetáculo que ficaria em cartaz durante um mês, mais ou menos.

O espetáculo chamava-se Sing and Dance e era um poupourri de todos os musicais que a Cultura tinha produzido ao longo dos anos. Foi o máximo! Os fins de semana de ensaios, as coreografias, as músicas então... eu sabia todas de cor! E eram umas 30! Fui muito feliz durante aqueles meses: cantando, dançando e atuando. Eu não tinha nenhum papel de destaque, nenhum solo, nada disso. Mas como eu sabia o papel de todo mundo, sempre ensaiava no lugar de alguém que faltava e aí, na verdade, começaram a me olhar com outros olhos. Eu mesma fiquei mais confiante e roubava mesmo a cena quando podia! haha...

No ano seguinte, de volta À Brasília. E eu retornava para a minha cidade depois de dois anos fora: sem amigos (pois havia brigado com todo mundo antes de partir pra Inglaterra) e muito relutantemente, já que minha vida em Pinheiros, do lado da Vila Madalena era o máximo! Bom, mas acabei voltando e reingressando na escola, só que um ano atrasada em relação à galera da minha idade, porque o ano que fiz na Inglaterra não valeu para o Brasil. Voltei para a minha antiga academia, passei a dar aulas de ballet para crianças e me empenhei muito para ser uma bailarina clássica. Depois de uns três anos assim, eu já estudando Filosofia na UnB e dando aulas de inglês, eu comecei a ficar muito desanimada com a dureza, a mesmice e a competitividade daquele mundo de ballet e academias... Larguei tudo e fui fazer outras coisas.

Comecei a namorar meu futuro marido, curtimos muito e fui morar com ele. Fomos para os Estados Unidos de mala e cuia e eu engravidei da Nina! De volta à terrinha um ano depois, quando ela tinha uns três aninhos, cheguei a fazer algumas aulas (de clássico de novo!) na antiga academia, só para o meu prazer. Mas foi durante nossa estadia na França que tive meu primeiro e verdadeiro contato com a dança contemporânea. Fazia aulas à noite, uma vez por semana, na faculdade mesmo. Chegamos até a nos apresentar no museu Lorrain de Nancy, foi muito legal! Foi a primeira vez que trabalhei sem regras, criando a partir de propostas diferentes. Mas aí nós voltamos para o Brasil e eu parei tudo de novo.

Cheguei a procurar e a fazer aulas de contemporâneo de novo, mas logo em seguida engravidei do Gabriel e minha vida mudou completamente (como vocês sabem). E aí, agora, tenho esta oportunidade de dançar de uma maneira completamente diferente, dançar comigo mesma e para mim mesma, sem espectadores, sem expectativas, sem cobranças, sem piruetas e fouétés e sapatilhas de ponta! Não sei muito ainda sobre a Dançaterapia de Maria Fux, mas o pouco que sei já deu para eu me apaixonar e desejar do fundo do meu coração essa experiência nova. Quem sabe não estará aí uma nova porta que se abrirá para mim?... Não sei, só sei que quero fazer esse workshop, experimentar, criar... dançar! "Dançar para viver!" Este é o lema da dançaterapia. Em breve, mais notícias, sentimentos e quem sabe mais o quê...

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Quem não arrisca não petisca!

Estou me sentindo um tanto ousada. Nos últimos tempos, tenho tentado muitas coisas diferentes. Nos últimos dias então, nem se fala! Minha tática tem sido a seguinte: independentemente do resultado, eu jogo para o universo o meu desejo. A minha parte fica na sinceridade comigo mesma em relação ao que eu quero. Acho este o ponto crucial para se conseguir algo. E eu demorei muito tempo para perceber as coisas que eu realmente desejo e perceber a diferença delas dos desejos alheios ou daqueles que eu achava que eram meus, mas na realidade não eram.

Muito bem, dado o primeiro passo, o da decisão sincera e honesta, é hora de agir. Cada situação vai necessitar de táticas diferentes, às vezes uma conversa com alguém, ou um telefonema, um pedido, visualizações, enfim, há uma gama enorme de técnicas para se conseguir o que se quer. Porém, muitos de nós caímos na angústia uma vez que esses desejos não são atendidos, ou realizados. E aí, nós nos perdemos. Por quê?

Tenho um palpite. Nossa mente nos diz que temos o controle de tudo em nossas mãos. Se você não conseguiu tal coisa é porque não se esforçou o bastante, ou não estudou ou trabalhou o bastante, ou não é bom o bastante... Um monte de baboseiras! Acredito em razões muito mais profundas, como as raízes das mangueiras enormes, que buscam água e umidade debaixo, muito debaixo de nossos pés, mas que dão mangas cada vez mais no alto. Já repararam que quanto mais velha uma mangueira, mais majestosa e bonita ela fica? E o mais incrível é que ela cresce tanto para baixo, como para cima!

Acho que é por aí. um dia alguém foi lá, fez uma mudinha de mangueira e a plantou. O universo se encarregou do resto... O desejo foi plantado, foi dado. É preciso paciência para ver que fruto será possível colher deste projeto de árvore. E, na verdade, ninguém sabe se esse broto, essa muda vai vingar, ou se realmente vai dar mangas! Só com o tempo saberemos.

Tenho semeado meus desejos para o universo assim como tenho semeado a horta. Às vezes, as sementes não brotam e você as perde. Outras vezes elas brotam, mas crescem tão ferozmente e desordenadamente, que exigem muitos cuidados e reparos. Estou em aprendizado. E isso me lembra: quem não está? Estamos todos no mesmo barco, neste mundo caótico, por alguma razão especial. Estamos todos aprendendo, então é preciso arriscar! Saber ouvir o seu próprio coração para saber quais são seus reais desejos e depois, basta semeá-los no universo! E deixar as coisas acontecerem...

Então, este é o meu desejo para todos nós hoje: que semeemos os nossos desejos e que o universo se encarregue de torná-los realidade! Amém!

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Frei Beto e a felicidade

Assinamos o Correio Braziliens de sexta à segunda. Ultimamente temos nos perguntado se a assinatura ainda vale à pena, visto que nossa tolerância para notícias ruins e violentas está muito baixa. Contudo, quando o jornal chega, vou abrindo e procurando as colunas que me interessam, a saber, Frei Beto, Elisa Lucinda, Maria Paula (na revista de domingo) e Conceição Freitas, que faz as crônicas de Brasília.

Qual a minha alegria hoje ao ler um texto simples, porém iluminador de Frei Beto. Sobre a felicidade. Começa com uma carta de uma mulher para ele, pedindo que ele a ajudasse a encontrar uma paixão na vida. Diz que é uma pessoa sem hobbies, que não sabe o que fazer para se sentir bem. E Frei, muito elegantemente, sugeriu que a moça comece a conversar com pessoas que fazem o que gostam, que procure fazer parte de algum grupo, de qualquer tipo, de trabalho social, voluntário, terapêutico.

Ao fim, ele discorre sobre a diferença entre ser feliz e estar alegre. Felicidade, para ele, é um estado de espírito, é estar de bem consigo mesmo, é se amar e amar o que está em sua volta. Ao passo que a alegria é passageira, vem em determinados momentos, mas não necessariamente acompanha a pessoa o tempo todo. No meu entender, posso ser uma pessoa feliz, de bem comigo mesma, estar em "tao" e, ao mesmo tempo estar com raiva, ou me sentir triste ou alegre. Mas essas emoções são passageiras, elas não afetam realmente o que eu sou.

Estou descobrindo aos poucos que a felicidade está no prazer das coisas que fazemos, ou não fazemos! Por exemplo: escrever para este blog me dá prazer de várias formas. Uma, óbvia, enquanto escrevo. Sinto um imenso prazer em redigir simplesmente o que quero. Segundo, ser lida é outro prazer. Terceiro, a possibilidade de encontrar outras pessoas que escrevem sobre o que lhes interessa, ou seja, o que gostam, gera mais prazer ainda! E a lista continua...

Outro exemplo: estou em operação organizacional de minha casa em ritmo de tartaruga. E alguns resultados já podem ser vistos, sentidos e até usufruidos! Tenho tido prazer não somente ao ver o resultado, mas durante o processo, durante o que faço. Estou gostando desses momentos, aproveitando! Porém, como ainda estou em aprendizado, às vezes caio na cobrança, ou na baixa auto-estima. E aí é que mora o perigo: a tal da cobrança.

Cobrança e prazer não combinam. Quando uma começa, o outro termina. O meu mundo e meu tempo não são os do mundo externo, das datas-limite, dos prazos, das metas, das recompensas e dos castigos! Muito pelo contrário, meu tempo é interno e diferente do ritmo frenético do mundo consumista, onde os objetos se tornam obsoletos rápirdo demais e pessoas da minha idade falam e se vestem como velhas, preocupadas agora com suas aposentadorias! Mas isso é outra história...

A questão é: estamos fazendo as coisas com prazer, porque queremos? Ou porque somos obrigados ou nos sentimos obrigados? E se assim for o caso, seremos sempre vítimas fáceis do "elixir da felicidade", que nada tem a ver com o seu espírito, com a sua alma. Para Frei Beto, ninguém mais feliz do que o mísitico, que procura em si mesmo as respostas para as suas próprias questões. E eu estou com ele e não abro!

sábado, 14 de novembro de 2009

Quiche de alho poró

Embalada pelo lindo blog de receitas da minha amiga Renata (Strawberry crumble) e como gosto mesmo de cozinhar e aprender e tentar coisas novas na cozinha, decici dividir com vocês esta receita, que é uma mistura de receitas de quiche (que eu adoro fazer e comer)! Fiz ontem, como contribuição para o almoço na casa da minha sogra.

Massa:
2 xícaras de farinha de trigo (pode misturar com a integral, se quiser)
125 g de manteiga gelada ou recém tirada da geladeira
1 ovo inteiro
50 ml de água filtrada
sal a gosto

Recheio:
8 talos de alho poró fatiados em rodelas finas (descarte ou reserve para outra receita a parte mais escura e dura)
3 ovos inteiros
1 lata de creme de leite com soro
sal, pimenta do reino e mostarda a gosto
alguma erva

Comece pela massa. No seu plano de trabalho, que pode ser dentro do tabuleiro mesmo, coloque a farinha e trabalhe a manteiga com ela até obter uma farofa amarelada. Junte o sal. Em uma tigela, bata o ovo com a água e junte esta mistura à farinha. Trabalhe a massa até que fique lisa e sem grudar nas mãos. Você não deve levar muito tempo para fazer isto. A massa deve ser de fácil manuseio (por causa da quantidade de gordura!). Faça uma bola e coloque na geladeira enquanto faz o recheio.

Fatie o alho poró como indicado. Prefira o legume orgâncico, ele tem mais sabor, é mais saudável para você e para o planeta! Reserve. Em uma tigela, bata os três ovos com o creme de leite e os temperos - prefira uma mostarda de qualidade, de sabor forte. Dessa vez, eu usei nirá (um tipo de alho verde que tenho na horta. Foi o meu sogro, que cozinha pra C. que me ensinou!), mas você pode usar a erva fresca ou ressecada de sua preferência. Pronto, está na hora de montar!

Tire a massa da geladeira, abra-a em uma fôrma média, circular ou retangular e suba as bordas. Faça alguns furos no fundo com um garfo. Coloque o alho poró em rodelinhas e despeje o creme por cima. Asse em forno médio/baixo por aproximadamente 35 a 40 minutos, ou até o creme estar cozido e a massa ter soltado da travessa, coradinha. Sirva morno ou frio. A quiche é um excelente prato para passeios, tipo piquenique, ou para levar para a casa de alguém. Ou para um almoço ou jantar. Vai bem com salada verde, chips, arroz, o que quiser!

Obs.: a quiche francesa é sempre feita com creme de leite fresco (100 ml ou um pouquinho mais), mas eu descobri fazendo que o nosso creme de leite de lata com soro dá praticamente o mesmo efeito. Acredito que ela fique mais leve e com certeza mais saudável com o creme fresco, mas não é sempre que este produto está disponível para nós, não é mesmo?

Bom apetite!

sábado, 7 de novembro de 2009

Kântele

Você já ouviu falar em um instrumento musical chamado kântele? Não? Nem eu, até ontem à noite. Ontem fui a uma palestra dos círculos de palestras do Ventre Livre. O tema era maternidade, mas au não sabia quem iria falar, nem exatamente sobre o quê. Cheguei lá e me deparei com maletinhas no chão, formando uma pequena mandala, dentro da grande mandala de tapetes de yoga.

Muito bem, a palestrante era uma mulher magra, morena, estilo mignone, de vestido amarelo e voz muito doce. Ela se apresentou e perguntou qual havia sido o chamado de cada um que se encontrava naquela sala naquela noite. Chamado?- pensei... Bom, eu vim pelo tema: maternidade. Ela tirou seu instrumento da caixa e perguntou como cada um de nós gostaria de sermos tocados. Com respeito, delicadeza, suavidade, carinho. Com amor, eu disse.

Pois bem, pois tocaremos este instrumento como gostaríamos de sermos tocados, disse a moça da voz doce. Este instrumento só tem 7 cordas: ré, mi, sol, lá, si, ré e mi uma oitava acima. Ela nos ensinou o primeiro movimento, que é a bola de luz. Segura-se o kântele com a mão esquerda, como se fosse uma neném sentado no colo, a mão direita sobe na diagonal e volta em direção ao instrumento, como que trazendo esta bola de luz e aí o dedo indicar desliza sobre as cordas e a mão pára no coração (eu comigo mesma). O segundo movimento parte do coração e faz o caminho inverso em direção ao outro (eu com o outro).

E lá fomos nós, embalados pelo som onírico deste instrumento simples e incrível e por essa fada que apareceu no nosso caminho ontem. Ela explicou a origem do kântele, suas funções terapêuticas e sua experiência de vida; como este pequeno instrumento mudou completamente sua vida. Ela se chama Adriana Pirola e eu encontrei o site que ela mantém. Vai aí o endereço para quem se interessar:

www.almaviva.com.br

O mais interessante pra mim é como as coisas vão chegando até mim de acordo com os meus próprios interesses. Estou em busca de mim mesma, de auto-conhecimento. Então tem a terapia, a minha própria terapeuta, os meus filhos, a minha casa, meu marido, minha família, livros, música, blogs, filmes que caem na minha mão como uma luva! As mandalas, a dançaterapia, que eu ainda não experimentei, mas com certeza o farei em breve, e agora este kântele, que me encantou por completo, pois ele é justamente a síntese de tudo o que eu tenho buscado! Ele é um resgate da feminilidade, da maternidade, do lúdico, do encontro consigo mesmo, do tempo precioso, da natureza, do sonho, da doçura, do amor...

Estou completamente apaixonada e espero poder me encontrar muito em breve com o kântele. Namastê!

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Mais uma do gato

Noite passada foi tranquila que só! Gabriel não acordou; dormiu a noite toda feito príncipe e só acordou de manhã bem cedinho! O gato branco que mia chatíssimamente não apareceu, ou se apareceu, ficou miando aquele miado dele insuportável de longe. E Hello Kitto (nosso gato lindo) também foi um príncipe. Não atrapalhou em nada!

Mas o que notamos é que ele saiu de noite e não voltou pra casa hora nenhuma. Nunca mais ele tinha feito isso desde aquela noite fatídiga em que ele sumiu e só voltou 48horas depois, salvo por João, incansável na busca desse gatinho, que tinha ficado louco pelos pintinhos da vizinha, mas se escondeu no mato dela, encurralado por dois cachorros enormes, até que João apareceu para salvá-lo, depois de distribuir papéis pela chácaras com sua foto e receber uma ligação.

Bom, passado esse trauma inicial de adaptação à roça, nosso gato nunca mais havia dado susto nenhum na gente. Ele se adaptou completamente à vida selvagem: sobe em árvores, caça calangos e ratinhos do cerrado e beija-flores.. Enfim, encontrou-se com sua natureza! Porém, as noites não são muito tranquilas pra nós, pois ou ele quer sair, ou ele quer entrar, e aí nós temos que nos levantar pra abrir e fechar a porta pra ele... Imaginem o stress! Não podemos deixar a porta aberta porque há outros gatos aqui e eles entram pra roubar a comida do nosso (podem crer, eu já vi!)

Muito bem. De manhã cedo, todos prontos pra sair pra fazer seus afazeres e entrando no carro - menos eu, claro, que ainda estava no banheiro, depois de ter ajudado todo mundo! Eis que João posicionava Gabriel em sua cadeirinha quando escuta miados de gato... Pensou que o gato estivesse dentro do carro, mas não estava. Saiu, foi até o porta-malas e thcan thcan tchan tchan, lá estava nosso lindo gatinho! Preso há 24 horas, em um porta-malas que não tem acesso com o carro. Sem comer, beber ou sequer fazer pipi! Mas havia marcas de que ele havia tentado escapar, sem sucesso...

Pois é! Mais uma do nosso gato-ninja, que já passou por cada uma e sempre acaba nos proporcionando algum momento de tensão, seguido de umas boas risadas!

domingo, 1 de novembro de 2009

Chá em casa de mamãe

Estou em casa de minha mãe. Já é quase noite e só há pouco consegui fazer Gabriel dormir, tirar uma soneca antes de jantar para dormir de novo... TPM em alta, claro, marido viajando à trabalho. Enfim, fim de semana bem diferente. Sexta dormimos eu e as crianças em casa de uma amiga que tem três filhas, a mais velha bem amiga da Nina. Ontem, visita da sogra e sogro em casa mesmo. E hoje por aqui. Acho que vamos pernoitar também se eu der conta do meu bebê (risos)...

O sol acabou de se por e da janela aqui à minha direita, eu vejo São Sebastião, com suas luzes acesas. Acima, a Papuda e o monte todo verde. Acima, o céu iluminado cor de laranja e nuvens azuis com toques de violeta se movendo sem parar. É lindo aqui, um banho para os olhos.

O chá está servido e eu preciso ir. Nina me chama. Como sempre!

domingo, 25 de outubro de 2009

Um tesouro no fundo da bolsa

Achei meu estojinho vermelho no qual guardo minha caneta-tinteiro! Gosto de papel e cartão e escrever para as pessoas. Tive que escrever uma carta para a minha irmã parida com uma BIC qualquer e me fez pena. Queria mesmo era a minha velha compaheira de tinta azul, cujo cartucho deve ser periodicamente substituído.

Hábito um pouco diferente em nosso país, adquirido no meu ano de estudo em uma Fac francesa, onde todos, sem excessão, escrevem longas páginas com suas canetas-tinteiro. Uma paixão. As palavras deslizam no papel com mais facilidade e rapidez, quase tão rápidas quanto as palavras que vêm à minha cabeça, e muitas vezes diretamente do coração.

Meu estojo estava esquecido no fundo de uma bolsa, ironicamente também vermelha, que estava pendurada no meu quarto e esquecida há alguns meses. É como um resgaste de um segredo precioso, há muito guardado e esquecido, só esperando o dia de ser (re)descoberto. Uma alegria e uma vontade de escrever cartões de aniversário, de natal, de ano novo, cartas carinhosas "à la slow mail". Em breve!...

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Bom dia, bom dia!

Estou aqui, com muita saudade de escrever mas pouco tempo para me dedicar... Mas não posso reclamar, afinal estou até conectada! haha. Muitas tarefas para hoje:

Já cumpridas: chão varrido e pano passado, sala arrumada com a ajuda de Nina. A cumprir: louça mega, almoço, vacina do Gabriel, triagem e transporte do lixo para a reciclagem, aula de violino da Nina, início do "Projeto cinco Marias" (Nina quer aprender a costurar, então sugeri de fabricar-mos uns saquinhos tipo cinco marias) e do "projeto semear na lua nova" na companhia dos meus filhotes.

Nina está de férias, aqueles breaks que ela tem de vez em quando - este é La Toussaint - e está em casa desde ontem. Folga da escola, mas não do violino, nem da ginástica. Mas já é alguma coisa não ter que acordar muito cedo na primeira semana do horário de verão, certo? Muito fofa, me ajudou a voltar ao meu centro já cedo. É claro que me descontrolei quando ela me pediu para ver TV.

Foi assim: eu no sofá, ensaiando a arrumação da sala, nós duas de camisola. Ela disse: "posso você sabe o quê?" E eu, desentendidamente: "o quê?" "Você sabe, ver TV". E o sangue me subiu e eu quis dizer pra ela dos nossos projetos para as férias e a costura e as sementes e disse: "ai, que saco!" E ela retrucou serenamente: "Mãe, respira fundo e responde à minha pergunta." Tonhonhonhonhóin.... Toma! "Sim, filha, pode. Mas primeiro, ajuda a mamãe com a arrumação, tá?" "Tá bom". E me ajudou, recolheu brinquedos e cadeiras, trocou de roupa e escovou os dentes. Voltou: "Fiquei com preguiça de arrumar a cama agora, pode ser daqui a pouco?" "Pode". E pra terminar a negociação eu perguntei qual era a proposta dela pro tempo de TV. Ela olhou o relógio, viu que eram 9:55, refletiu e disse "até às 10:55. Tá bom?" E eu: "então arredonda até às 11." Pronto, tem criança mais sensata?

Muitas vezes fico assim, saída do sério com a história da TV. Eu mesma adoro um filminho, uma seriezinha, mas não tenho tempo e à noite já estou com muito sono e tenho tantas coisas pra ler e escrever, enfim! E penso quando eu era pequena, a TV era ultra regulada. Quando eu ficava em casa à tarde, não podia nem pensar em ver sessão da tarde! O bom era chegar da escola na hora do almoço e pegar "He-man" com aquela fominha e eu lambia os beiços de satisfação. E domingo de manhã cedo, na casa do papai, antes de todo mundo acordar, eu ligava a TV só pra ter o gostinho de assistir a qualquer coisa sozinha... Adorava o Globo Rural!

E agora vejo minha filha, que me ensina que com equilíbrio e sabedoria, dá pra fazer de tudo um pouco. Mas é como João diz: a base dela somos nós, ela sabe discernir o que é legal do que não é. Quando ela vê as coisas esquisitas da TV, as bundas e peitos, os comerciais apelativos e enganosos e os afins, ela sabe que aquilo não é real. Porque ela sabe que a vida dela não é só isso. Ela tem tantas possibilidades e tantas outras vontades... É viliono, é estrelinha e bananeira, é boneca, é rede, é piscina, são os primos, os desenhos que ela faz, as músicas que escuta e canta, o prazer de estar na cozinha, de arrumar sua própria cama e ver como o quarto fica aconchegante, são os amigos, as histórias, a escola, as vovós e os vovôs, titias, titios, o irmão que ela brinca, mamãe e papai... Enfim toda essa rede de amor que ela pode confiar. E eu também.

É isso! Hoje deu uma vontade louca de viajar de novo, mas dessa vez com o João e as crianças. E ir para Olinda, ver Tatá e Lineu e conhcer e pegar Elisa no colo, e ir ao Rio ficar com papai e ver meus tios, tias, vovós, primos, e ir à Pirenópolis e à Alto Paraíso de novo e tomar banho de cahoeira e deitar na rede e dormir e voltar pra cachoeira e ir pra praia e tomar água de coco e mate e cerveja e pegar o avião e ir visitar minha irmã na Nova Zelândia e meus amigoe queridos do peito que estão em Dublin, e quem sabe dar um pulinho na França pra passear e conhecer a Bélgica também? Enfim, vontade é o que não falta...

Pensemos então na abundância, nesse mundo de possibilidades e vontades e desejos, de sonhos e de realizações. Quem sabe não será esse afinal o mundo real?
Bom dia para nós!

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Banho de rio, banho para a alma

Ontem chegamos de carro de uma viagem que me fez muito bem. À convite de minha mãe, fomos eu, ela e as crianças visitar sua comadre Bela, que mora em um vilarejo chamado Lavandeira, em Tocantins (bem perto da divisa com Goiás). E foi uma viagem que nos lavou! Literalmente: banho de suor, de carinho, muito banho em casa e banho de rio!

Beth e Bela têm uma relação de cumplicidade muito forte. Uma foi a patroa, a matriarca forte e decidida, com seus cinco filhos; a outra foi a doméstica, a que cuidou dessas mesmas crianças enquanto a mãe delas trabalhava. Uma fora e outra dentro. Foi um casamento que durou vários anos e só terminou porque Bela seguiu o seu coração e realizou seu desejo de casar-se e ter sua própria família.

Mas o compromisso das duas não terminou naquele ano em que Bela saiu da casa de Beth, compromisso este selado inclusive pelas estrelas, uma vez que as duas nasceram no mesmo dia, 12 de outubro. Com apenas um ano de diferença, essas duas mulheres, de cores diferentes, com histórias de vida e escolhas divergentes, se encontram na cumplicidade e no afeto que sentem uma pela outra. É como se uma fosse eternamente grata à outra. E são. Gratidão é a palavra que as une.

Foi uma viagem de volta à minha própria infância, permeada do senso de humor crú e inteligência bruta de Bela, instintiva, autêntica. Ela anda descalça em sua casa, cozinha no fogão à lenha, do lado de fora, no terreiro, rodeado por seus dois cãezinhos pincher (seus netinhos!) e suas tartarugas enormes! Sua o dia inteiro e conta histórias e ri da gente, das nossas bobagens. E nós rimos sem parar das dela. E chama sua filha, de 15 anos já, e dá "chêro" nos meus, do mesmo jeito que cheirava meus irmãos quando pequenos.

E nos apresenta a comida da roça, o arroz estocado em sacas de 30 quilos (!) em sua copa, de lá mesmo; sua farinha de mandioca, que ela mesma fez; a rapadura que a vizinha faz; o queijo delicioso; o feijão, o mamão, a banana, o gergelim, do qual ela faz farofa doce... Tudo plantado e colhido em Lavandeira. Sua casa é simples, mas generosa, com 4 quartos - donde 2 de hóspedes, com varandão na frente e atrás. É verdade que a telha de amianto esquenta ainda mais a casa, pois faz muito calor nos campos baixos do antigo Goiás. Mas nada que um banho de rio e uma boa manga à sombra de uma mangueira não resolva.

E foi festa para todos nós! Nina brincando com as crianças simples do lugar. De início ficou acuada e não entendia como as pessoas, e principalemtne as crianças, simplesmente entravam na casa e lá ficavam, o tempo que queriam. Mas depois foi uma chupação de manga, pique-esconde no terreiro, com o sol baixo, estripulias mil na varanda e a amizade simples e boa se fez! E as crianças ouviram atentas quando Nina tocou seu violino refinado, coisa chique mesmo!

E Gabriel, aquele galeguinho que não parava de suar, foi o sucesso da garotada, conquistando todos com seu jeitinho, seu sorriso e sua gargalhada. Uma conversa que não tinha fim, com todos.

E teve bolo confeitado por mim e brigadeiro e parabéns para as duas senhoras que nasceram no mesmo dia, cujos nomes começam com a letra B, de beleza, de belezura, de coisa Boa da vida mesmo. Dessas viagens que ficarão guardadas na memória e no coração!

domingo, 4 de outubro de 2009

Para quem está na TPM



Esta tira é de um garoto de apenas 13 anos, que é um verdadeiro artista! Ele se chama João e tem um senso de humor apuradíssimo. Vai aí o link - ou quase, vai o endereço mesmo! - para o blog que ele mantém; vale a pena conferir!

www.porjoao.blogspot.com



terça-feira, 29 de setembro de 2009

Pensando em um milhão de coisas ao mesmo tempo

São tantos assuntos, tantas idéias em minha cabeça e, na verdade, tão pouco tempo para realizar tudo isso em palavras! Principalmente com o meu acesso restrito à internet, já que nosso plano aqui na roça é 3G e nós só temos um modem, o que significa que fico desconectada a maior parte do tempo, pois o João carrega o modem quando viaja e quando trabalha. E quando ele está em casa, ele também trabalha online, então, já viu, né? É fogo...

Sem contar, é claro, com o meu expediente 24 horas no ar... Quem foi que disse mesmo que eu sou "só" mãe? É dureza, principalmente por causa do bom e velho e inacabável trabalho doméstico. Você não imagina como eu dei uma relaxada boa esses dias só porque combinei que terei Divina duas vezes nesta semana pra ela poder passar a roupa. Nossa, que alívio! Aquela montanha de roupa limpa me olhando o tempo todo. E esse calor infernal. E olha que eu não passo tudo não. Seleciono bem as peças que devem ser passadas. Mas quem cuida da própria roupa sabe o trabalho que dá: separar, às vezes esfregar, lavar, estender, dobrar, passar, guardar. "E o salário oh..." (Pra quem se lembra do professor Raimundo... hehehe)

Bem, é claro que não preciso da internet pra escrever, produzir. Eu tenho um desktop que faço de typewriter mesmo. Muitas vezes vou guardando textos lá e só carrego pro blog o que é interessante ou não-censurado. É claro que escrevo altas coisas que não desejo que ninguém leia, sobre mim mesma, meus processos, minha família, enfim... Mas gosto de saber que sempre tem alguém por aqui que vai acabar lendo alguma coisa, então dá vontade de expor certas coisas. E assim a gente anda, não é?

Ela nasceu!

Sim, Elisa nasceu na semana passada! Agora sou oficialmente titia e madrinha, pois minha irmã me deu mais esse presente... E Elisa é linda! Grande, bochechuda, cabeluda, boquinha de coração. Quem conhece a Tainá sabe como ela é petite e nem imagina que sua primeira filha não é um "musquitin" como foi sua mamãe quando neném.

Ficha técnica: nasceu às 6:53 da manhã de 22 de setembro, medindo 49cm e pesando 3,395 kg. É portanto virginiana, com ascendente em libra e lua e escorpião! A parteira que estava acompanhando Tatá durante a madrugada achou melhor não fazer o parto em casa, afinal. Ainda não tenho todos os detalhes, mas minha irmã teve que seguir para o hospital, onde foi feita uma cesariana. Mas ficaram as duas muito bem, no final!

Já vi a nova princesinha da família em algumas fotos e até no skype... absolutamente adorável! Ah, como eu queria estar com minha irmã agora e vê-la amamentar sua filha. Minha mãe chegou ontem de Olinda e tem todas as novidades quentíssimas e delícias de Elisa pra me contar... não vejo a hora!

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Minha sobrinha está chegando!

Estou muito ansiosa para a chegada da minha sobrinha e primeira afilhada.... a Elisa! Minha irmãzinha (kaham... disfarça que ela tem 28 anos!) está só esperando a hora que sua bebezinha decidir vir para o mundo da luz!

Elas estão em Olinda, muito bem acompanhadas do meu digníssimo cunhado "lelé da caxola", como diz minha Nina e da vovó Beth (nossa mãe). É verdade que essa vovó que será vovó pela terceira vez está um tanto assustada, pois sua "filhotinha" vai parir em casa. É isso mesmo, parto domiciliar super moderno, natural e aconchegante para ela e seu bebê. Nada mais gostoso de poder ter o trabalho de parto em casa e, o que é melhor, parir ali mesmo, no aconchego e carinho do seu próprio lar.

Eu, que pari em dois hospitais diferentes, em dois países diferentes, em dois momentos completamente diferentes de minha vida, hoje sei dar a importância a um parto o mais tranquilo possível, sem aquela frieza, brancura e "faz assim e faz assado" de hospital! Minha irmã está é muito certa de ter tido a coragem de dizer: é em casa que minha filha vai nascer!

E ainda mais que será um parto gratuito, visto que ela participa de um programa de partos domiciliares do governo de Pernambuco, com um parteira com 5000 partos de experiência. Vc não leu errado (CINCO MIL PARTOS mesmo)... Tá bom pra vc? Pra mim tá ótimo! E a equipe ainda conta com três doulas, sendo que uma delas é obstetra. E, é claro, se alguma coisa sair do controle, ela segue rapidamente para o hospital...
(Vc não sabe o que é uma doula? dá uma googlada e uma estudadinha que dá pra entender rapidinho - infelizmente ainda não sei usar aqueles recursos bonitinhos qm que vc escreve "aqui" e a pessoa cai no link que vc sugere... Sorry, vou melhorar!)

Bom, devo ir. Meu bebê está acordando de sua soneca matinal e... com fome! Mas fica registrado aqui toda a minha boa energia que mando pra minha irmã do outro lado do Brasil para o momento que se aproxima. Que todas as deusas estejam com vc nessa hora mais dolorosa, mas mais gratificante de nossas vidas. Te amo, minha irmã!

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Elogio e crítica

Hoje recebi um elogio sobre meus escritos. Confesso que fiquei envaidecida, considerando daonde ele veio...

Ontem recebi uma chamada de minha psicóloga sobre como tenho a tendência a me depreciar ao final das sessões. É difícil para mim ver o meu progresso em áreas diferentes de minha vida. É difícil lidar com auto-estima baixa.

Alguns de vcs devem estar se perguntanto, mas como? mas por quê? Olhe só pra vc, vc está bem e faz o que quer e o que gosta! O que pode estar errado? Não há nada errado. Mas são trinta anos de auto-depreciação em alguns momentos. Não o tempo todo, é claro, pois efetivamente eu ponho a mão na massa quando é preciso e realizo o que for preciso também. Não tenho medo do desconhecido, do dia de amanhã. Mas carrego sim alguns fantasmas, algumas culpas...

E é preciso me despir destes fantasmas, destas culpas, deste sentimento ruim de "self-pitty" que às vezes me artomenta. Não sou perfeita, tenho noção dos meus defeitos, mas esse aí é o pior de todos. Ele traz energia ruim, energia que não deixa as outras coisas fluirem. Ele vai contra a minha natureza, que é forte, criadora e poderosa. O que fazer para que esse sentimento não se manifeste mais? Ou o que fazer para que ele não roube minha energia?

Acho que posso começar com as palavras. A partir de hoje, estão proibidas de sair de minha boca qualquer palavra que me auto-deprecie, de desamor comigo mesma... Quem sabe assim eu conseguirei me amar plenamente um dia?

Escrevo para mim. Mas também posto em um blog, coisa pública. Estou à mercê dos pensamentos e comentários dos outros, de aprovação ou não. E daí? Bom, é muito bom ouvir elogios! Dá um gás danado! E como é difícil ser criticada, ainda mais quando a gente mesmo é maior crítico de si mesmo. Redundante, né? Vai ficar assim mesmo... Estão vendo? Olha a auto-crítica aí, presente na linha anterior. Bom, fazer o quê? Bola pra frente, que atrás vem gente, minha gente!

Sobre o caso Timponi

Estou indignada com o resultado do caso Timponi. Na capa do Correio Braziliense de hoje, a chamada diz claramente que por dois votos a um, este playboy de mais de 50 anos acaba de escapar de júri popular. Os juízes consideraram que o acidente que ele provocou em um racha na ponte JK há dois anos atrás, onde trtês mulheres foram mortas foi culposo e não doloso, o que significa que elebasicamente "não teve culpa"...

Bom, divulgarei aqui o blog de meu marido porque ele escreveu um texto muito bom sobre o assunto.

www.joaoreino.blogspot.com

Espero que o Ministério Público, ou sei lá quem, possa recorrer desta decisão imjusta e infantil sobre um caso tão grave. Não sei como fazer uma petição, nem saberia a quem encaminhá-la, mas fica aqui a pergunta para quem souber como fazer para que nós, cidadãos comuns, possamos mostrar nossa indignação e nossa repúdia a mais um caso indecente de impunidadee da justiça brasileira.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

No mundo da Lua

Ontem me disseram que estou no mundo da Lua. Diferentemente do esperado, tomei este comentário como um elogio. Penso que estou no mundo da Lua sim, no bom sentido. No mundo da feminilidade, no mundo cíclico, e às vezes imprevisível, da Lua.

Aqui em casa estamos passando por provas de fogo neste período. Como prestador de serviços, meu marido muitas vezes é obrigado a cobrar pagamentos atrasados de seus empregadores. No momento, estamos cobrando por trabalhos feitos há três meses atrás. Não é fácil viver nesta pindaíba! Tem sido estressante, angustiante e desestimulante.

E o que eu tenho feito? Ao invés de "ir pra rua" e batalhar por dinheiro, eu continuo em casa, firme e forte no meu propósito. É preciso que eu me mantenha no meu caminho para que o meu marido encontre o dele. É preciso que eu seja mais forte ainda, para que eu tenha confiança, fé e serenidade para que possamos atravessar esta tempestade juntos.

E eu estou aqui. Presente. Com os pés na terra, tirando meu sustento da água invisível, do vento, da luz do sol e com a cabeça na Lua sim! Estou olhando para meus filhos, vivendo junto com eles. Estou lado a lado do meu marido, apoiando-o, pois ele precisa de mim. Mas minha cabeça está na Lua! Na Lua dos contos de fada, das histórias cheias de ensinamentos e mensagens...

Como tenho saído mais de casa para passear nos últimos tempos, tenho reparado como minhas sensibilidade e percepção das coisas e das pessoas estão mais aguçadas. É de longe que percebo certas coisas, no geral coisas que não vão bem. Pois acho, infelizmente, que, no geral, as pessoas não vão muito bem. Malham para ter uma aparência de saúde forçada, não-natural. Vestem-se umas como as outras. Compram o que não precisam e raramente se questionam sobre como as coisas estão em nosso planeta. Preocupação com o planeta azul? Quase nula! Bom, enfim... A lista é muito longa e não escrevo estas coisas aqui porque me acho superior às outras pessoas. Mas acho que a maioria delas está equivocada em suas escolhas sim.

Apesar de estar com a cabeça na Lua, sou real. Sou criativa, espontânea e tenho muitos defeitos. Sinto raiva, explodo, mas também amo, acaricio e abraço. Sou concreta e busco uma vida com mais poesia e mais amor. E esta vida só existe na Lua.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Noite chuvosa

Cá estou pensando em todas as coisas que gostaria de registrar hoje. Chove há quatro dias aqui. É estranho, não estou mais acostumada à água que cai principalmente à noite e vem regar a grama, a horta e fazer crescer bem depressa o mato que havia sido cortado... Durante a seca, nós do cerrado esquecemos como é a vida úmida da terra molhada, da lama. Quando a chuva vem assim, fora de época, nos pega de surpresa e ficamos todos meio abestalhados e extasiados ao vê-la e, principalmente, escutá-la cair. Pois que caia, que chova! tanto melhor! Só não sabemos o dia de amanhã... é possível que a seca volte com tudo depois deste período... vamos ver.

Li muitas coisas hoje neste mundo parelelo da virtualidade (essa palavra existe???)... Coisas ótimas, boas idéias, boas notícias. Mas também recebi um email muito triste sobre um certo cidadão que destruiu com as próprias mãos parte da horta comunitária que Sandra Fayad mantém em seu jardim na 713 norte. Fiquei chocada e "sick"...

Gostaria de escrever mais, mas agora minhas energias acabaram. É melhor deitar e escrever melhor em um outro momento. Boa noite!

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Au revoir.. mais à bientôt!

Aproveitando um daquele raros momentos (e não é propaganda de cigarro dos anos 80, viu?) em que estou sozinha em frente ao computador, dá aquela vontadinha de escrever aqui. No começo, nem sei direito sobre o quê. Mas aí os dedos vão dedilhando no teclado (meio lentos, é verdade, pois não sei digitar muito bem). A cabeça vai muito mais depressa do que eles. Mas as palavras vão saindo e o texto vai se formando. Essa é a magia de criar algo.

Esta semana despedi-me de uma grande amiga que voltou para seu país, a França. Ela á mãe da melhor amiga que minha filha jamais conheceu,uma linda amizade que durou três anos. Uma cumplicidade não somente entre duas crianças, mas entre duas mães. O interessante é que se nem eu mesma, nem minha família falasse francês tão bem, essa amizade poderia nunca ter se dado. Nós fomos os unicos amigos brasileiros que eles tiveram aqui. E a nossa língua era o francês.

Era? De jeito nenhum! Estou aprendendo que a gente escolhe de quem ou do quê a gente quer se afastar. E eu desejo estar perto da família dela, mesmo longe. Eu já morei em muito lugares e já conheci muita gente diferente. E quem ficou? Alguns poucos que eu mesma fiz questão de escolher e cultivar uma amizade à distância. Pouca gente. Mesmo aqui, na cidade onde morei a maior parte da minha vida é complicado. Apesar de já ter sido bem popular e sair muito e "conhecer" muita gente, as pessoas com as quais me relaciono hoje e considero amigas são muito poucas. E eu as vejo raramente.

E aí, sou anti-social? Antipática? Metida? talvez um pouoo... Mas com certeza sou egoísta e estou vivendo talvez o momento mais egoísta de minha vida! E quero devorá-lo com uma ferocidade de loba selvagem. Meu momento, minha casa, meu marido, minha cria, minhas plantas, minha comida, minhas coisas!!!! UUUáaaaa! Cuidado se não eu mordo!... É. e sincera também, mais até do que sempre fui. Se tenho vontade de sair e ver gente? De vez em quando. Mas tenho gostado mais de receber pessoas queridas e convidadas (às vezes não) em minha casa mesmo... Quem me conheceu há uns cinco anos atrás provavelmente não vai entender, mas é a verdade...

Acho que são escolhas mesmo. quando será que reencontrarei esses queridos franceses? Não sei. Onde será que nos encontraremos da próxima vez? Só espero que nós possamos viajar para vê-los antes que eles venham aqui de férias qualquer dia desses (o que é bem provável...). Mas enfim, se eu escolher mantê-los vivos em meu coração e minha memória (nem estou contando com a internet, que vai com certeza ajudar a manter alguns fatos importantes em dia), quando a oportunidade para um reencontro chegar, tenho certeza que vai ser ótimo! E é isso que quero mostrar pra Nina também. Não tenha medo de dizer adeus. Nós escolhemos quem não queremos ver nunca mais. E escolhemos também aqueles que merecem nosso apreço e companhia.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Rabanete e formiga

Hoje de manhã eu descobri o que comeu as folhas do meu rabanete. Já desconfiava que poderiam ser formigas, mas eu nunca as havia visto em ação. Junto com a primeira leva de sementes que eu havia semeado há duas luas atrás estavam rabanetes. Eles cresceram e ficaram vistosos, com folhas de até 30 centímetros de altura, acredito. Um belo dia, essas folhas começaram a diminuir de tamanho até virarem toquinhos, como se tivesse passado a tesoura por cima.

De imediato, eu culpei o pintinho que estava conosco (a Pipa), que sempre me acompanhava até a horta e ficava ciscando por ali. Ele adorava o manjericão. Porém, ele sumiu há umas três semanas – nós nos esquecemos de guardá-lo um belo dia, pois não estávamos aqui no cair do sol e quando chegamos de noitinha, ele havia sumido e nunca mais apareceu... Ele se foi, mas as folhas de rabanete continuaram a desaparecer também. Cheguei a me sentir mal por ter sido injusta com a Pipa.

Na lua crescente que passou, eu semeei outro canteiro, visto que considero-me vitoriosa em relação ao meu primeiro, apesar do fiasco do rabanete, e semeei as últimas sementes de rabanete também. Hoje de manhã cedo fui molhar a horta e pela primeira vez vi as formigas da cor da terra, cortando o broto de rabanete e carregando aqueles pedacinhos de folhinhas verdes para fora do canteiro e para fora da horta. Bem ali, debaixo do meu nariz, e eu sem poder fazer nada! Principalmente porque estou de óculos hoje e não enxergo bem. Precisaria das minhas lentes para poder segui-las e descobrir da onde elas vêm.

Já expliquei para todo mundo que o intuito desta hora é que ela seja orgânica. Mesmo assim, as pessoas continuam me dizendo que devo colocar remédio de formiga em seu formigueiro para matá-las. Mas aí minha horta deixaria de ser orgânica, certo? Conversei com elas hoje, como me ensinou uma amiga agrônoma, mas não sei se esta conversa vai surtir efeito. As formigas parecem gostar demais do rabanete para cair meu papo! Vou tentar métodos alternativos, como cinza de plantas e fumo. Quer dizer, não hoje... se bem que a lua minguante poderia me ajudar a fazer com que as formigas parem de vir à horta, pelo menos por um tempo... quem sabe?

Ontem descobri também o que vem comendo minhas impatients. É lagarta. Até achei uns ovinhos brancos em um caule. Joguei fora. Vou ter que tirar alguns pés da manilha porque ela está lotada e reparei que as plantas que não têm muito espaço lá não dão muitas flores. Tem uma que ficou em um cantinho só para ela e deu mais de 20 flores vermelhas ao mesmo tempo! Incrível, não? A azaléia, que fica no centro, acabou de florir de novo. O teatro das flores... Agora, além de presenteada com bela e deliciosa rúcula da horta, também tenho o prazer de ver flores que eu mesma plantei desabrocharem. Não tem preço.

domingo, 9 de agosto de 2009

Dia dos Pais

Neste dia comercialmente escolhido para homenagear os papais, quero mostrar aos meus filhos que não só de presentes comprados se faz uma festa. Bom, Gabriel ainda é muito pequeno para entender, mas já faz algum tempo que essa mensagem é passada para Nina. É claro que todos precisamos de coisas e eventualmente nós as queremos, mas a pergunta que fica é: precisamos de TANTAS coisas?

Já que estamos meio duros mesmo e que eu não tenho tempo nem paciência para bater perna em shopping center para procurar essas coisas que ele provavelmente não precisa, o nosso Dia do Pais está sendo assim: um belo e delicioso café da manhã feito por nós (já que João ama esta refeição), um cartão gigante que fabricamos (meio às pressas, digo com um quê de embaraço) com muito amor, fotos que tiramos e palavras de amor e coisa e tal. Ele hoje vai trabalhar e não teremos mais tempo de ficar com ele.

Vamos almoçar na casa de sua mãe, festejar este dia junto a seu padastro, que é talvez uma figura paterna mais marcante que a de seu próprio pai. Visto que o meu pai também está longe - e digo, esses dias a saudade dele tem batido forte, forte -, é lá que passaremos a tarde sem a companhia do nosso João, que estará trabalhando em um evento de índios e indígenas do mundo todo. Ele é free-lancer mesmo, tem que trabalhar quando o trabalho aparece! E estou feliz por isso.

Ele não é só pai hoje e nos outros domingos. Ele é pai todos os dias, todas as horas. Mesmo que não esteja em casa, ele está sempre presente por aqui, principalmente porque eu mesma estou tão próxima de nossas crianças. Desta forma, ele participa em primeira mão das novidades, fica sabendo das brincadeiras e descansos de cada dia.

Quero deixar um alô público para o meu cunhado Lineu, que será papai em breve de minha primeira sobrinha. Eu me emociono quando penso que minha "irmãzinha" está se preparando para parir e nutrir sua primeira filha. Ela está linda com seu barrigão, seus belos olhos azuis, seus cabelos e seios fartos. Minha primeira sobrinha (e afilhada também!) será provavelmente como seus pais: mignone, galeguinha ds olhos azuis, a pequena princesa Elisa (ou Élisa, como a gente tem brincado, já que vai ser pÉrnambucana da miÓ qualidade!). Parabéns, querido cunhado que está longe. Estou encantada com a forma que você está aguardando sua filha.

E que todos nós tenhamos um excelente dia pela frente. Por aqui no Planalto Central, muita secura. Mas não está seco o suficiente para secar nossos corações. Que continuemos a ter muita água e muita vida dentro de nós!

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Mandalas

Comprei papel A2 grosso, para arte e novos gizes de cera. (Detalhe: não sei se o plural de “giz” é “gizes” mesmo, mas como o corretor de texto não me corrigiu, deixo assim!) Fiz minha primeira mandala e pretendo fazer mais a cada dia. Minha psicóloga sabe analisá-las. Parece que elas dizem muito sobre quem as faz. O momento de vida da pessoa. Louco, não? Como a mente da gente trabalha sem que a gente se dê conta disso. É o nosso inconsciente mesmo, nossa intuição, nosso coração, falando mais alto do que a razão, através do desenho colorido dentro de um círculo.

Aliás, tenho tido insights sobre a linearidade do mundo, em detrimento de minha natureza cíclica e circular. Meu ventre é redondo e gira em torno de um ciclo de fertilidade que se repete a cada mês. Meus seios são redondos e continuam a alimentar (mesmo que mais espiritualmente do que fisiologicamente) o meu bebê que cresce sem parar. Nas belas íris redondas de minha minha filha, vejo a alegria e a inocência de uma criança que descobre o mundo a cada dia que passa... Então eu me pergunto: por que minha casa tem linhas duras e é retangular? Por que minha horta está disposta em canteiros, leras? Já existe gente por aí afirmando que as hortas devem ser circulares e partir do centro de uma árvore grande e frutífera, como uma bananeira por exemplo.

Até a dança, que fez parte da minha vida por tanto tempo. O balé clássico é formal, rígido, com “linhas” rígidas que vão contra meu corpo cheio de voltas e contornos. Anos de treinamento, para se ter “linha”, justamente, um equilíbrio e uma técnica em que prevalece a precisão. Não que a dança clássica seja só isso, acho que ela pode ser muito mais. Muito mais artística e “redonda”. Estou apenas devaneando sobre mim mesma e minha trajetória em dança (clássica, em sua maioria). Hoje estou interessada em dança-terapia e tenho pesquisado e conversado com as pessoas sobre este tipo de dança, que me parece muito mais natural e femininamente redonda e circular.

Sisos

Há cinco dias atrás, João passou por uma cirurgia. Foi a um cirurgião dentista cuja especialidade é retirar sisos. Era preciso que fosse o melhor profissional possível, visto que os dois sisos de baixo estavam inclusos e em posição horizontal. Foi uma cirurgia rápida, deu tudo certo. Cada dente foi cortado em quatro pedaços por uma máquina e depois pinçados pelo dentista. Os pedacinhos estão aqui na mesa na minha frente...

Há anos que João e eu sabemos que era preciso retirar esses dentes, mas só agora nós conseguimos nos organizar para fazê-lo. O risco de infecção era tamanho que não se podia mais esperar. Quando ele chegou em casa depois da cirurgia, foi um choque para mim. Meu marido, sempre tão forte e enérgico, com a boca mole, sangrando sem parar. No dia seguinte, quando o sangue finalmente estancou depois de muita compressa de gelo, ele ficou com aquela cara enorme, como quando se tem caxumba. No terceiro dia, ele já estava faminto e farto de iogurte e sorvete! Agora, ele tem comido mingau de farinha láctea com leite de soja, papinha estilo Gabriel com macarrãozinho e caldinho de feijão! É quase um segundo bebê para mim... Mas por pouco tempo.

O rosto dele está desinchando, mas é preciso repousar de verdade. É difícil para ele, às vezes, ficar quieto. Mas acho que o mais difícil é a dor mesmo. Ele tem acordado de madrugada quando o efeito do paracetamol passa. Aí ele precisa de outro comprimido. Fazer o quê? Só alopatia na veia mesmo para diminuir essa dor que foi provocada. E repouso e tranquilidade. Muito repouso. Nesse ínterim, ele completou 33 anos. Uma idade linda, não? E pensar que nós começamos a trilhar nosso caminho juntos há 10 anos atrás... Minha vida tem 1/3 da presença e companhia do meu João. Bom, muito bom mesmo.

terça-feira, 28 de julho de 2009

I'm back!

Eu confesso que andei desanimada com a alimentação deste blog. Mas estou com saudades e, além de tempo, hoje eu tenho o modem disponível para mim! Então, vou "publicar". Os últimos textos que escrevi aqui saíram diretamente do meu diário que eu mantenho no computador. São, digamos assim, os textos não censurados, menos densos e neutros...

Mas hoje não. Este texto é original e está sendo produzido online! Já faz algun tempo que não faço isso... Os motivos? São vários. Mas principalmente mesmo é a falta de tempo para me dedicar à minha produção de textos pessoais. Minha vida de dona-de-casa me toma muito tempo e há dois meses que venho me dedicando seriamente ao sono do Gabriel. Hoje posso dizer que os frutos estão sendo bem colhidos. Ele agora não precisa mais ser ninado para dormir e tem ido pro berço mais cedo, o que me deu uma folguinha à noite, antes que eu mesma não aguente mais de tanto sono e caia na cama...

Nina está de férias e nós não vamos viajar. Ou melhor, não vamos para o mundo de fora, mas a gente tá que tá no mundo de dentro. Ela está bem entretida, fazendo vários programas dentro e fora de casa. Hoje mesmo ela não está aqui. Como João está na aula e Biel dorme há uns 45 inutos, cá estou eu livre de obrigações! E o que é melhor: terceiro dia do ciclo, lua crescente... Ufa! Nada de TPM, de irritações e cansaço... Plena forma para produzir!

É engraçado como algumas pessoas muito queridas e amadas (e justamente por isso, acho), vira e mexe querem saber se eu estou realmente feliz na minha decisão de ficar em casa em tempo integral. E eu, serenamente e sinceramente, respondo que sim! Não sei se para o alívio ou para o desespero dos outros... mas é claro que isso não tem importância. Estou sendo sincera comigo mesma. Agradeço e compreendo a preocupação daqueles que me querem muito bem.

Outra coisa que não tinha me atentado é que tem gente que tem acompanhado o blog sem eu saber. É óbvio que isso acontece. Eu mesma leio coisas em blogs e não fico apontando tudo o que eu li. Mas acho engraçado, porque de repente, mais de uma pessoa amiga e querida me pergunta do blog ou comenta por e-mail e tal. E eu fico surpresa com isso, pois não espero ser lida por outras pessoas que nunca deixam comentário ou coisas assim... É maluco isso. Coisas da minha cabeça... Mas você, que nunca se identifica, não se acanhe! Continue lendo mesmo assim sempre que desejar.

Estou devendo uma foto da horta pra este blog. João tirou uma ótima esses dias. Imaginem só... Eu passei grande parte da minha vida julgando-me uma pessoa ultra-urbana, que não sabia cuidar nem de planta, nem de bicho. Agora eu estou plantando, colhendo, regando, conversando e admirando esse mundo novo pra mim... será que são os trinta anos? A influência maior do meu ascendente? haha.. Vai saber! E o que importa? O importante é viver este momento lindo, por mais piegas, cafona e caipira que soe... Estou feliz na roça e não quero voltar à vida louca da cidade tão cedo!

E tenho dito!

segunda-feira, 15 de junho de 2009

A dança da água

Fim de tarde. O sol já baixou. Acabei de voltar lá de fora. Estava molhando os canteiros da horta e também a grama e as plantas. O terreno atrás da casa já está limpo novamente (ufa!). É duro não ter caseiro na chácara... Tem o S. Romeu, pai da dona da chácara. Mas ele não conta. Sabe fazer de tudo, mas é um senhor velho. Faz o que der na telha. Mas nós somos responsáveis pelo terreno que fica atrás da nossa casa (nós escolhemos isso, não tínhamos essa obrigação). É lá que fica a horta, o gramado, o pomar, um bananal e um mato enorme, que tem que ser desbastado de vez em quando, senão fica tudo muito difícil!

Devia estar um pouco engraçado a minha cena: leggings cinza chumbo, bata bege e listrada em cima com ombros de fora, rabo-de-cavalo, meias cor de vinho até embaixo dos joelhos, um par de tênis velhos do João (bem folgadão). A mangueira é, na verdade, um aglomerado de talvez três mangueiras velhas e eu tenho que tomar muito cuidado ao manuseá-la, senão ela desfaz os canteiros! Sem contar que não tem muita pressão na água, então eu tenho que ficar esguichando e apontando na direção que o jato deve ir... Digamos assim, um certo balé...

Ainda não plantei nada na horta propriamente dita, ainda falta colocar esterco de galinha e estou esperando o moço pra fazer isso pra mim. Também estamos na lua minguante, prefiro esperar mais alguns dias até a chegada da lua nova. Acredito que será melhor para começar a plantar. Uhu! Acho que vai ser divertido. Já tenho um pequeno estoque de sementes orgânicas, mas ainda preciso de mais legumes, preciso ir atrás dessas sementes também. Plantar, colher e se alimentar do próprio quintal: tá aí uma sensação totalmente nova pra mim. Só com o manjericão que plantei eu mesma há umas seis semanas atrás já fico super feliz! Eu já o consumi duas vezes, em pizza que gosto de fazer em casa... Imaginem uma sopinha de legumes só meus.. nossa, acho que vai ser massa!

Quando estava molhando a grama, a água parecia realmente dançar. Que saudade de mexer esse meu esqueleto... Bom, enquanto ainda não tenho planos para voltar a dançar mesmo, eu canto e invento brincadeira... Toco flauta doce, algumas músicas do repertório da Nina. Tenho tido vontade de tocar violoncelo e piano! E o comentário da Nina ontem foi o seguinte: “vocês não tocam nada e eu tenho que tocar!”. Estava na hora do estudo dela e eu disse que toquei um monte de instrumentos quando era pequena e que agora adoraria aprender outros, mas que quem tem a prioridade para tocar agora é ela. Também tive que lembrá-la que o papai toca sim, faz o maior esforço para se manter no naipe de pais da orquestra para crianças, tocando violino com cordas de viola. E que Gabriel também freqüenta as aulas de musicalização comigo... Às vezes é difícil fazê-la estudar, mas nem sempre. Ela gosta de se ouvir e eu também!

terça-feira, 9 de junho de 2009

Notícias do Gabriel

São nove da manhã, o ar está frio, mas o sol está brilhando lá fora. Há algumas nuvens. Notícias matinais do Gabriel. Estava eu lá dentro, fui trocar de roupa para levá-lo para o passeio da manhã com solzinho. Deixei um CD da Palavra Cantada rolando e ele na sala, brincando. Fui ao banheiro, troquei de calça e ele muito, muito quieto. Achei melhor verificar. Às vezes ele ataca a comida do gato, que fica no chão. Mas eu tinha certeza que eu a havia guardado. Fui olhar mesmo assim. Sim, eu tinha guardado a comida, mas não o pote de água. Lá estava o principezinho brincando com a água, com aquele sorriso de orelha a orelha, todo feliz! Todo molhado!

Há também um quinto dente saindo (do lado direito dos dois centrais, ue são separadinhos iguais as meus). Ele tem ficado bem irritado na hora do sono... Mas esta noie ele conseguiu dormir a noite toda de novo! Parabéns para ele!

Ele gosta de fazer muitas coisas, mas dá pra eu contar algumas. Olhar livrinhos, colocar o dedinho bem esticadinho nas narinas, boca e olhos da gente. Segurar o pé, tirar a meia e gritar: pã! (é pé mesmo). Hoje de manhã, quando acordou, acho que chamou a Nina, disse: nah! nah! Ah, claro, sua comida favorita: banana. Ele olha a banana e diz: nâ nah! nâ nah! Tem coisa mais fofa nesse mundo?

Encontro de mulheres

Na sexta-feira, participei de outro encontro promovido pelo Espaço Ventre-Livre, onde o tema da palestra foi mais uma vez maternidade e profissão. Quem apresentou da última vez esse mesmo tema fui eu mesma e o encontro foi conduzido pela minha terapeuta. Desta vez, o encontro foi conduzido por uma mulher de 39 anos, mãe, administradora e psicóloga. Quando cheguei, logo percebi que era ela quem daria a palestra. Alta, magra, cabelos compridos e castanhos. Pele morena, uma beleza parecida com a de Daniela Mercury. Mas muito calada a princípio, só observando as mulheres faladeiras que iam chegando e se acomodando (dentre elas, eu!).

Quando Rita (a doula, que na verdade é a idealizadora do Espaço) deu a palestra como iniciada, éramos 10 mulheres. Cinco grávidas, das quais três de primeira viagem e as outras todas já mães. O objetivo do encontro era ouvir a experiência de A . e, ao mesmo tempo, trocar nossas próprias experiências, desejos, angústias, vontades, enfim: dividir esse processo de ser mãe e ser profissional de novo, recomeçar e se reencontrar como mulher após (e durante) a maternidade.

A história de vida de A . me sensibilizou bastante e fiquei emocionada com a guinada que ela conseguiu dar em sua vida muito em grande parte graças à sua maternidade (sua neném só tem 1 ano e 1 mês de idade). Imaginem uma mulher que cresceu no interior e aprendeu a administrar finanças e grupos de peões desde muito cedo, ou seja, já era “chefa” aos 15 anos. Depois disso, muito determinada a ser totalmente independente, veio para Brasília estudar aos 17 anos. Trabalhou na iniciativa privada, até passar em um concurso do Banco Central, onde continuou sua vida de “workaholic”, quando por acaso caiu em um grupo que estudaria as personalidades. A partir daí, interessou-se por esse outro lado da vida, um lado “mais feminino”, como ela mesma definiu e tornou-se quase que dependente de terapias ocasionais em grupo, onde ela extravasava esse seu outro lado (“era 8 ou 80, não tinha meio termo”, foram suas palavras).

Imaginem que em uma dessas terapias ela desejou amar. E amou. E sofreu muito, pois não havia sido correspondida. Em uma de suas tentativas de entender por que isso havia acontecido com ela, seu guru sugeriu que poderia ter sido porque ela precisava aprender a amar incondicionalmente. Nesse meio tempo, ela havia começado a estudar psicologia. Ela voltou à sua vida e algum tempo depois, também durante um desses “retiros psicológicos”, conheceu seu futuro marido. Um homem que havia largado a profissão e a segurança financeira de sua vida européia e tinha vindo para o Brasil trabalhar em projetos sociais. Eles se apaixonaram e ela amou novamente. Depois de finalmente decidirem se casar, ela engravidou, sendo este último, um desejo muito íntimo e profundo seu. Ela sabia que não daria para conciliar a vida caótica e competitiva do banco com as exigências de um bebê. E, mesmo precisando do dinheiro, ela ainda não voltou da sua licença sem vencimento.

Mas o universo conspira a favor daquilo que mais desejamos, enfim. E quando seu bebê tinha três meses, após assinar um papel no banco dizendo que ela não iria voltar, a neném deu um choro muito sentido no meio da rua. Ela estava tão desolada que uma mulher veio ajudá-la e. No meio da conversa, perguntou se ela não faria orientação vocacional para a sua filha. E, de imediato, mesmo não tendo mais seu consultório de atendimento e nada arrumado em casa para tal, disse que sim, que atendia em casa. E pronto! Estava feita a sua opção. Com o marido, arrumou a garagem para receber clientes e é o que tem feito desde então. Assim, fica a maior parte do tempo em casa, com sua filha e trabalha também. Seu marido presta consultoria, é free-lancer, então também pode estar em casa com elas durante algumas temporadas. E foi essa a sua solução. Melhor pra ela e para a sua família.

Que bela história, não? Há mais detalhes, que não tive tempo de colocar aqui, mas o cerne da questão foi respondido: ela encontrou a melhor solução para ela. Saiu de um mundo extremamente masculinizado, onde o ego muitas vezes ultrapassa as legítimas barreiras do trabalho duro, da dedicação e do merecimento, para um mundo mais feminino, do cuidar. Não ganha tanto dinheiro, mas está em casa com sua neném e é isso que ela precisava fazer agora.

Gostei muito de ter participado deste encontro e ter conhecido tantas mulheres diferente, mas que estão buscando algo parecido com o que eu tenho buscado: encontrar a melhor solução para dedicar-se aos filhos pequenos e aproveitá-los, ouvindo uma voz íntima e profunda que vem de dentro de mim. E, ao mesmo tempo, encontrar seu lugar no mundo não somente como mulher, mas como uma mulher modificada e amadurecida pela maternidade.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Segunda-feira de manhã, primeiro de junho

Bom dia, flor do dia! São 8:55 da manhã, Gabriel dorme há uns 15 minutos e estamos tendo um belo dia de sol, parcialmente nublado. Choveu nos dois últimos dias! Pasmém! Já estamos em junho e eu jurava que as chuvas já haviam se esgotado. Mas não estou reclamando de jeito nenhum. Tenho bons motivos para achar a chuva bem-vinda: a grama que plantamos no quintal chama-se esmeralda e ela é muito fina, requer muita água e atenção; o que significa que mesmo que a reguemos todos os dias, ela já estava começando a amarelar, o que talvez possa ser contornado por essa chuva. Espero! Outra coisa boa é que já não está mais tão quente. Ontem até pegamos um sol na nossa piscina, estava ótima, com a água bem gelada, o sol forte mas nem tanto. Eu até fiz top-less para relembrar os bons tempos de piscina pública no verão de Nancy!

Estou bem animada hoje, apesar de já estar no vigésimo quinto dia do meu ciclo (TPM na certa - eu já a senti desde ontem: aquela irritação meio sem explicação...). É que Gabriel finalmente dormiu a noite inteira! Após uma semana de conversas com ele de madrugada e acalmá-lo com carinho e minha voz, ao invés de oferecer-lhe o peito, ele respondeu dessa forma inesperada (porém desejada) de dormir a noite toda! E só acordou às 7:00! Deu umas reclamadinhas lá pelas 5:00, ,junto com os galos, mas adormeceu novamente. Então hoje vou observá-lo para ver como fica esse sono durante o dia, mas continuo disposta a ajudá-lo a compreender que a madrugada foi feita para dormir e que ele está seguro: não há motivo para despertar no meio da noite.

Ontem tive uma visita muito especial em minha casa: vovó Odette veio aqui com minha mãe. Elas tinham um concerto ontem à noite, e é por isso que vovó estava na cidade. Mas por um período muito curto, só até hoje. Então elas se organizaram e conseguiram vir aqui no fim da manhã. Assim que ela chegou, já pegou minha flauta contralto e começou a tocar. Nina se empolgou e pegou a soprano (ambas doces), aí as duas fizeram uma porção de duetinhos... Vovó é muito engraçada, ela entra muito rapidamente em seu próprio mundo, mas é interessante como a Nina consegue se comunicar com ela. Passado este primeiro momento, Nina foi jogar video-game com papai e eu fui mostrar o quintal. Gabriel fazendo bagunça na grama e vovó logo achou a presa do Hello Kitto daquela manhã: um beija-flor que ele havia mutilado. Ele estava sem uma asa e sangrando muito. Ao meu ver, já estava agonizando, mas vovó encasquetou que poderia salvá-lo!

Então eu lhe dei uma caixinha de papelão que estava sendo usada para guardar velas e pequenos objetos da área - numa tentativa desesperada de organizar-me - e ela o colocou lá dentro. Tentou dar-lhe água pelo bico fininho e acabou por molhá-lo por completo! Agora o bichinho estava, além de mutilado e assustado, molhado e provavelmente com frio. Foi preciso então carregar a caixinha para cima e para baixo com a gente, deixando-a no sol (vovó havia feito uns buraquinhos pro ar entrar) pro Hello Kitto não pegá-lo de novo. Fomos para a piscina e a caixinha lá, com o bichinho tentando escapar voando e sujando toda a caixinha de sanguinho... Logo depois elas se foram e mamãe saiu daqui muito satisfeita, levando acerolas e mexericas! Imagine quando ela sair daqui com legumes de minha futura horta orgânica!

Vovó gostou muito daqui e disse que foi um achado (e foi mesmo!). Esqueceu-se do passarinho e foi embora. Mais tarde, depois da piscina, Nina disse que o passarinho deveria morrer em paz e soltou-o aqui no mato. Deu-me a caixinha, mas eu não poderei reutilizá-la, pois está toda suja de sangue de beija-flor delicado, miúdo e agora morto.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Tarefas domésticas e eu

Bom dia! Hoje finalmente vou me dedicar ao meu trabalho. Acho que vai chegar uma hora em que terei que aprender a produzir textos com Gabriel do meu lado, ou perambulando por aí. Mas no momento, prefiro escrever tranquilamente enquanto ele tira uma soneca e depois, à medida que o dia for passando, eu fico com ele e vou fazendo minhas tarefas domésticas.

Estou desde ontem um pouco ansiosa com o novo estilo de vida que está para se impor em minha casa. Apesar de sempre ter desejado que João tivesse um emprego fixo, com hora para acabar e hora para terminar, agora que isso está prestes a se tornar realidade, eu confesso que estou ansiosa. Principalmente pelo fato de não estar acostumada a vê-lo longe todos os dias, sem ao menos voltar para o almoço. Talvez tenha a ver com o fato de que moro na roça agora, afastado da cidade e de que não disponho ainda de um carro para sair quando quiser... Outra coisa é que Nina acabou de viajar com a escola hoje de manhãe e só volta na quinta à tarde; ou seja, seremos eu e Gabriel somente hoje, amanhã e depois... Ah!

Ainda bem que estou em tratamento terapêutico, senão seria bem mais difícil e eu provavelmente não teria forças para continuar minha feliz empreitada caseira. Mas é como Fernada me disse na última sessão: eu preciso criar, realizar tarefas criativas, que prencham o vazio que o João vai deixar. Ser mãe não deixa nenhum vazio, mas tarefas domésticas sim. No livro das mulheres selvagens, a autora diz mais ou menos a mesma coisa. Ela diz que é preciso ter cuidado com os trabalhos domésticos porque eles têm uma característica marcante: eles nunca acabam. As tarefas domésticas tomam muito do meu tempo e minha energia e é preciso que eu mesma saiba repor esta energia. Uma das providências que tomaremos assim que João assumir o cargo é voltar a Divina pra duas vezes por semana, ao invés de uma, pra me ajudar. Porque do jeito que está agora, é assim mesmo, tenho que ir levando, um dia após o outro, sem me estressar muito, mas tentando arrumar ao máximo o que aquele dia me permite. Mas sem deixar que estas tarefas tomem conta de minha vida, está aí o perigo.

Maria Mariana

Quem se lembra da Maria Mariana? Aquela que escreveu "Confissões de adolescente". Pois é. Acabei de ler uma entrevista com ela na Revista do Correio muito reveladora. Sabem o que ela esteve fazendo nos últimos dez anos? Sendo mãe em tempo integral... Alguma surpresa? Nenhuma! Só uma alegria imensa ao ver sua bela foto com sua prole em volta. E saber que lançou outro livro: "Confissões de mãe". Ha! Achei o máximo! Vou tentar localizar seu blog para lhe mandar uma mensagem.

Que bom uma mulher assim, assumindo sua maternidade publicamente. Ela teve quatro filhos. É, minha gente, estamos falando de quatro crianças muito sortudas que tiveram mamãe o tempo todo para elas e que, com certeza, irão colher mais frutos desta experiência mais tarde. Sem contar a felicidade desta mãe, que fez o que o seu coração pediu. Essa mulher que foi contra a maré vigente e teve a coragem de se retirar do mundo externo e entrar de cabeça no mundo interno, feminino, maternal. Parabéns para ela!

Esta reportagem me deu mais vontade ainda de continuar a fazer o que eu já estou fazendo mesmo. Tenho certeza de que estou no caminho certo para mim. Como ela, a maternidade veio para mim, forte desse jeito, gritando no meu ouvido de que o meu interior, minha feminilidade precisava desse tempo. Meus filhos precisam de mim. É muito óbvia a necessidade do meu bebê - ele só tem 10 meses... Mas a Nina também. Nos seus oito anos de vida, agora, sei como está sendo super importante essa retomada do que é importante, ou seja, nós, não o mundo exterior, mas nosso dia-a-dia dentro de casa. A construção dessa vida. Esse momentos que não voltam nunca mais.

Para completar minha alegria nesta manhã de domingo, a crônica de Maria Paula de hoje é sobre o tempo. E o texto é tão real, pois ela está falando de seu bebê, que como o meu, tem 10 meses. Já tem dentes, já balbucia palavras e dentro em breve começará a andar. E todo o resto já se foi para nunca mais voltar: Aquela boquinha banguela, aquele neném quietinho e caladinho... É, minha gente, a infância dos nossos filhos não volta nunca mais. É preciso estar atenta a ela e vivenciá-la, participando dela ao máximo possível. Porque depois, cada um seguirá o seu caminho no mundo, mais fortes com certeza. Mas sempre sabendo de onde vieram. As sementes ficam debaixo da terra. As raízes também. A tarefa maternal é um trabalho que ninguém vê, mas que está lá, proporcionando o crescimento e o florescer das árvores.

Para Lolê e os Três

Sexta à noite fomos assistir ao concerto do Lolê e seu trio (Três) na Casa Thomas Jefferson. Lourenço na bateria e no vibrafone, Franciso ao piano e Lize no contrabaixo acústico. Que trabalho bonito! Foram interpretadas músicas de repertório brasileiro, com releitura deles próprios, duas composições do Lolê e mais outras tantas do Francisco. Fiquei realmente emocionada não somente pela qualidade dessas composições originais, mas pela forma que eles encontraram de interpretar todas as músicas.

Francisco é um super pianista. Ele também toca acordeon, mas nesse concerto não tocou. Lize toca muito bonito, é baixinha, o contrabaixo é muito maior do que ela. Quando toca com os dedos, tem um gingado parecido com o do papai. E que técnica! Quando pega o arco, sai um lindo som de vibrato... E os arranjos para o arco são muito bonitos. Eu chorei de emoção na penúltima música (do Chico Buarque e Cristóvam Bastos, que não me lembro do nome agora, mas que foi solada pela Lize com o arco). Bom, Lourençao, show à parte. Virtuose de sua bateria, com suas caras e bocas, seu molejo, o ritmo que parece que sai de dentro do seu próprio corpo. E quando ele pega as baquetas e sai tocando o vibrafone então? Que sensibilidade, que musicalidade... Ela sabe que poderia ter sido bailarinio se quisesse. Na verdadee, ele dança tão bem que é meio bailarino mesmo.

Lourenço com sua determinação natural, disse aos nove anos de idade que queira ser baterista. A profissão de músico soava tão natural dentro da minha casa, mas acho que houve uma ligeira preocupação em relação ao dinheiro que os músicos fazem ou não fazem. Lourençao sempre foi incentivado a ser bom aluno, coisa que ele sempre foi, inclusive ganhando prêmios de ciência e tudo. Mas o seu coraçãos sempre esteve certo do que ele queria: música, música, música. E tem mais: ele nunca vai ter problemas de dinheiro. Ele é organizado, não faz estripulias, não é nem um pouco doidão. Às vezes tenho vontade de dizer pra ele deixar de ser tão caxias e curtir mais os seus 21 anos. Ai, ai, meu mateudinho...

terça-feira, 12 de maio de 2009

Curso de Horta Orgânica

Sábado passado participei de um curso de horta orgânica. Foi ótimo! Tenho uma área enorme no meu quintal, que já está cercada e capinada e que em breve será minha horta! ha!

Fui saber um pouco de teoria daquilo que não tenho a menor prática, mas que me interessa muito. O primeiro passo é medir a acidez do solo e se não estiver legal (deve estar entre 5,8 e 6,8), é preciso corrigi-lo com calcário. Depois, adubar. Depois, decidir o que vai ser plantado. Há duas categorias: plantas que necessitam de mudas, para as quais faz-se uma sementeira, e plantas de plantio direto. E aí é plantar e ser feliz! Não vejo a hora dessas coisas realmente acontecerem... Imaginem: a cenoura foi a gente que colheu!!!

Tenho tido muito pouco tempo - e pouco saco, é verdade -, para me dedicar à minha vida virtual como um todo. E-mail, uma vez por semana... Orkut? Uma vez por mês!? Bom, e o blog, sei lá... vou levando. A verdade é que tenho escrito em casa, só para mim mesma. E, como disponho de pouco tempo mesmo, não sobra tempo pra essa vida virtual, que, convenhamos, é praticamente uma vida paralela!

Mas eu já estava com saudades. Estava passando roupa agora à noite ,após ter colocado as crianças pra dormir - este é o momento mais tranquilo do dia (!)-, quando minha mãe me ligou para dizer, dentre outras coisas, que ela havia visitado o meu blog e lido tudo! E eu: tudo? Como assim? Você leu tudo de uma só vez? kakaka de mim mesma... como se esse fosse um blog gigante, com cinco anos de textos publicados. Bom, anyway, fiquei feliz dela ter me visitado por aqui.

Tentarei ser mais assídua por aqui. Até! e Axé!

sábado, 25 de abril de 2009

Cantarolinda

Uma menina de biquini
Saltitante, pega o seu guarda-chuva vermelho
Faz chuva? Faz sol?
Nenhum dos dois

Abre o seu guarda-chuva
E sai a cantarolar
Vai e volta
Deixa o guarda-chuva
E senta-se na rede

Balança, balança
pia e canta
Cala-se.
Fecha os olhos.

Novamente de pé
Pega a bola
joga futebol
chuta, pula, corre
Ofegante, risonha...

A mãe interrompe e diz
Hora do banho!
Ah, manhê... só mais um pouquinho!
Tá bom. Mais um pouquinho


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A avó pergunta se o bico do neném foi por causa do tombo de há três semanas. A mãe ri e diz que não, que o menino é bicudinho mesmo, parecido com seu vovô!


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O neném é pleno
Em seu sono, em suas brincadeiras
Enquanto se alimenta
enquanto chora ou ri
Tudo no neném é por inteiro
Como ele é belo e feliz
Fazendo só uma coisa de cada vez

sexta-feira, 24 de abril de 2009

E-mail que recebi

"O desrespeito a cultura e a educação em Brasília estão sendo levados ao extremo pelo Governo Arruda". Leia o texto e não deixe de repassar....


E a comemoração dos 49 anos, como disse
um amigo é só ensaio, espere pra ver o que eles aprontarão nos 50 anos ..............

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Solicito aos amigos e amigas que repassem.



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À Secretaria de Cultura do DF

Sr. Silvestre Gorgulho - Secretário

Sr. Beto Sales – Subsecretário

Brasília, 12 de abril de 2009.



Senhores,



Aproxima-se o aniversário de Brasília, dos seus 49 anos, e a cidade continua carente de projetos culturais sólidos. As discussões comumente giram em torno apenas do FAC, aquele fundo cuja verba os senhores são responsáveis por atrasar e protelar, deixando boa parte dos artistas brasilienses com suas produções no meio do caminho, onde há sempre “uma pedra”, “uma pedra”, “uma pedra” chamada politicagem de gabinete. Somos sempre informados de que ‘pareceristas’ serão contratados e que haverá maior agilidade na liberação dos recursos, das dificuldades do governo etc. Lamentavelmente, os senhores não falam a verdade.



No entanto, em paralelo a essa postura, aliás, embasada por um discurso salva-almas, como o de determinadas igrejas do mundo midiático moderno, somos surpreendidos com a notícia de que um tal Edu Casanova, célebre desconhecido da “axé music” recebeu R$ 800.000,00 da BrasiliaTur para divulgar o aniversário da cidade no carnaval baiano, e ainda, de quebra, o convite para escrever o hino dos 50 anos, uma letra por sinal medíocre, divulgada pelo Correio Braziliense. Poetas como Cassiano Nunes, Fernando Mendes Viana ou Renato Russo devem estar dando cambalhotas no túmulo... De tanto rir. Agora, na divulgação da programação das festividades de 21 de abril (http://www.youtube.com/watch?v=QkHSM6BkvM8, vídeo feito por Cacai Nunes), levamos um soco na cara, no formato de notícia de que para mostrar a “alma da cidade” (palavras do Sr. vice-governador), teremos como principais atrações Xuxa e Cláudia Leite, sem dúvida, duas das principais referências no que diz respeito ao que de pior a indústria cultural já produziu no Brasil nos últimos anos, com cerca de R$ 950.000, 00 de cachê só para as duas, sem contar o restante da programação. E tudo isso, segundo o Sr. Roney Nemer, demissionário da BrasiliaTur, com a anuência da Secretaria de Cultura do DF. E mais uma vez, os artistas da cidade são desrespeitados. Cabe-lhes apenas o papel de coadjuvantes em sua própria festa, em sua própria casa e de sua própria história.



Tais fatos, senhores, reflete um outro grande mal da política brasileira, ou seja, a velha fórmula do “pão e circo”. Os senhores adotam as mesmas e viciadas estratégias do coronel do cerrado Joaquim Roriz, que teve que renunciar ao cargo de senador, da mesma forma que o vosso governador José Roberto Arruda, diante de denúncias sobre querer se beneficiar de forma particular no uso de um cargo público. É aquela mesma visão política que entende o povo como “povão”, uma espécie de massa disforme sem identidade ou vontade própria; e não como gente que pensa, trabalha e sua na construção do país. Que não vê a arte como instrumento fundamental para a construção de um mundo melhor, e que ao mesmo tempo abre espaço para os oportunistas que se alimentam da miséria cultural para vomitar a alienação pérfida de todos os dias.



Pergunto: Os senhores se sentem bem concordando com tudo isso? Os senhores conseguem olhar para os próprios filhos todas as manhãs, sabendo que lá fora a cidade está ficando cada vez mais violenta, pois entre tantos fatores responsáveis por isso, é órfã de políticas culturais e educacionais que promovam a paz e a construção do pensamento crítico e cidadão? Os senhores se sentem realizados humana e profissionalmente nos cargos que ocupam ou se acomodam diante da transitoriedade de um cargo político abençoado por conchavos de bastidores, que após um “lava-mãos” regado ao cafezinho morno de uma repartição pública, suas consciências repousarão tranqüilas?



A classe artística de nossa cidade se sente cansada, usada, desrespeitada e violentada diante desse governo. Educação e cultura para os senhores são valores meramente imediatistas, e que, definitivamente, não constam de sua plataforma de projetos ou de trabalho.



Nosso alento, no entanto, é saber que vocês passarão (sem nunca terem vindo). Seria mais digno se os senhores colocassem seus cargos a disposição, pois a Secretaria de Cultura atualmente não passa de um simples anexo da BrasíliaTur.



Triste biografia.



Atenciosamente,



Adeilton Lima - Ator

quarta-feira, 22 de abril de 2009

22 de abril: descobrimento do Brasil. (?)

Logo cedo pela manhã na feira de orgânicos, uma senhora chega perto de mim com um celular dizendo estar fazendo uma pesquisa como voluntária para uma rádio de Brasília. A pergunta é uma só, rápida e direta: "A senhora sabe o que se comemora hoje no Brasil?" E eu, preocupada com meus alimentos e os de minha família: "Hoje? 22 de abril? Não, não sei não." E aquela cara de desprezo da senhora que disse: "Ah, não sabe? Mais uma!"

Depois disso, ela interregou uma outra senhora, que sabia a resposta certa e ainda acrescentou para a outra que ontem foi "Dia de Tiradentes"! Pronto! Prato feito para as duas começarem a falar dos jovens de hoje, que não sabem nada, têm preguiça de pensar, pra tudo uma calculadora, meu Deus! E eu, ouvindo, com aquela cara de "eu mereço", mas ao mesmo tempo nem ligando muito. Tenho total conciência que não me enquadro no grupo dos "jovens antipatriotas e ignorantes", no qual elas certamente gostariam de me enquadrar.

Tudo bem, eu confesso que foi um mico. Ainda mais quando chego em casa e faço a mesma pergunta pra minha filha, de OITO anos e que NÃO estuda no sistema brasileiro, e ela de primeira diz: "descobrimento do Brasil, ué!" Ficamos eu e João olhando um pro outro dizendo que a gente achava que tivesse sido ontem. De fato! Ontem me deu aquela vontade de participar de alguma coisa, algo brasileiro, sei lá! E concordei em encontrar nossos amigos franceses na Esplanada pra ver o show do "Mobile Homme".

Chagamos na Esplanada uma hora antes. João, vindo direto da rodoferroviária (estava em Gyn City, bem cansado...) Um calor, um sol de lascar! Gabriel, morrendo de sono e já irritado. Nina querendo ficar SEM boné! No momento em que pisamos na grama, bateu aquele arrependimento: gente pra tudo que é lado, uma banda de punk rock desafinada em um palco. E quando chegamos à sombra milagrosa da Biblioteca Nacional, o pior: gente e lixo para todos os lugares que olhávamos. Que desânimo...

Durante o tempo todo que ficamos lá esperando, várias coisas passaram pela minha cabeça. Por que essas pessoas estão sujando a rua? Por que essa bagunça? Tinha arroz, casca de laranja no chão. E se você se arriscasse a ir aonde tinha sol, na frente do museu, aquele bando de crianças gritando e brincando naqueles laguinhos... Ah! Socorro!!! Pelo menos elas estavam se refrescando e estavam se divertindo muito mais do que eu.

Bom, a questão é que é em momentos como esse que me sinto muito, mas muito distante dos brasileiros. É triste, é bairrista, eu sei. Mas não posso negar. Logo eu, que me interesso tanto e já li e continuo lendo sobre a formação do nosso país. Não tenho formação em antropologia, nem história, mas ADORO tudo que diz respeito ao Brasil nesse sentido. Mas quanto mais a gente estuda e reflete, mais a gente se dá conta da loucura que é esse país, de como gente como eu e João e muito provavelmente você, leitor, está distante da grande massa de brasileiros paupérrimos, aculturados, desaculturados, corrompidos, enganados, analfabetos, injustiçados, mas também às vezes acomodados.

E aí eu me pergunto, como já fazia Renato Russo: "QUE PAÍS É ESSE?" Que descobrimento é esse? O que afinal temos pra comemorar? Para mim, o Brasil ainda não se descobriu. O meu e o seu Brasil ainda é muito pequeno. O remédio? Não sei. Só sei que há que se descobrir cada vez mais formas de aumentar essa ilhota da qual fazemos parte e aí, quem sabe um dia, eu vou poder me reconhecer como brasileira no meio do povo!