domingo, 27 de dezembro de 2009

Meus 13 ciclos de 2009

Finalmente acabei de passar talvez pela pior TPM do ano!... Ufa! Depois de alguns dias com dores nos seios, cólicas, irritações, cansaços e choros, ela -a tão esperada e sangrenta menstruação- desceu esta madrugada!... Que alívio! O que podia ter sido e não foi agora vai embora, levando mais um pedacinho de mim com ela. Iniciou-se então o meu 13o ciclo do ano.

Com ela, o cansaço e o pensamento de que o método contraceptivo natural que venho usando desde o início do ano tem dado resultados. (Você pode ler um pouquinho mais sobre este método neste mesmo blog, no texto sobre a natureza cíclica da mulher). Passei o ano inteiro tendo um contato mais íntimo comigo mesma diariamente. Fui muito rigorosa com minhas anotações e com minha vida conjugal. Não é fácil para o casal não querer mais filhos e, mesmo assim, não sucumbir aos métodos contraceptivos mais aceitos pela sociedade. "Valeu a pena? Tudo vale a pena se alma não é pequena", já disse uam vez aquele Pessoa.

Confesso que sinto que meu marido ainda não percebeu muito bem o andamento do meu ciclo. Eu tenho que ficar avisando aonde mais ou menos eu estou. Inclusive quando sinto que aquela irritação ou apatia sexual (caraterísticas pessoais minhas durante os dias que antecedem o ciclo) vem chegando, eu tenho que avisá-lo. Bom, nada é perfeito e, se eu mesma estou começando a me conhecer melhor, imagina ele! Prestar atenção no meu ciclo, acompanhá-lo e respeitá-lo e ainda dar conta do seu próprio ciclo hormonal, do qual não sabemos praticamente nada! Sim, mulheres! Eles também têm um ciclo e estão sujeitos a alterações corporais e emocionais. Confesso que não sei nada sobre o assunto. Mas isso é outra história, igualmente importante, mas vamos a uma coisa de cada vez!

São 13 ciclos me observando, fazendo anotações sobre mudanças no meu corpo, acompanhando o movimento da lua, escutando mais os meus sentimentos e instintos. São 13 ciclos também ainda amamentando, quantas vezes me forem pedidas ao dia e à noite. São 13 ciclos de vigília em vários aspectos. São 13 ciclos seguidos sem nenhum hormônio sintético para controlar o meu ciclo. Nunca em minha vida eu havia ficado tanto tempo sem tomar alguma coisa ou ter algo que fizesse o controle dentro de mim. Sinto-me empoderada. E digo, sem modéstia: eu consigo me observar e manter a minha decisão conjunta com o meu marido de não engravidar de uma maneira natural, que não me violenta. Sinto-me livre e satisfeita!

Minha sobrinha de 13 anos dormiu aqui em casa hoje e eu quis saber do seu ciclo. Levei um "chega pra lá" dela, claro. Mas talvez eu consiga conversar com ela e com qualquer outra menina-mulher, mulher, que queira dividir seu ciclo comigo. Estou me preparando para poder receber melhor a adolescência da minha filha. Ainda falta, mas ainda falta também muito tempo comigo mesma, mais observação e compreensão do que é ser mulher. O que é o feminino? Para as minhas amigas amadas que se amam entre si, digo que vocês têm muita sorte em poder viver a vida juntas, pois podem ser o espelho uma da outra.

Enfim, o que quero dizer é que o feminino vai muito além da sexualidade das mulheres. Toda mulher precisa se conhecer melhor e se apoderar do conhecimento do próprio corpo, que foi se perdendo pouco a pouco, o conhecimento do qual fomos privadas por diversas razões que não cabe a mim enumerar. Começo a compreender que minha vida é meu corpo e que meu corpo não está sozinho. Se eu não estiver em sintonia com meu corpo, não estarei nunca em sintonia comigo mesma. E sou mulher, tenho a capacidade de fazer coisas que o corpo do homem não pode. Sou diferente! Oh, que descoberta maravilhosa! Estou começando a penetrar na caverna das sacerdotisas, das curandeiras, das parteiras, das bruxas... Quero cada vez mais adentrar este universo que é tão feminino e que me fascina tanto!

E você? Quer fazer comigo esta viagem maravilhosa para dentro de você mesma e de nossa herança e consciência arquetípica?

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Jornada natalina?

meus sapatos são de pano
a chuva molha os meus pés
não sinto frio
meu coração está quente
meus pés me levam
aonde meu coração os leva
estou só
ninguém me acompanha em minha jornada
estou quente
estou segura

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Mulheres na cozinha

Nada como a nossa cozinha para proporcionar um belo e aconchegante local de conversas importantes entre mulheres. A casa é confortável, tem jardim, tem sofá, tem varanda... Mas é na hora que se adentra a cozinha que o assunto mais importante entre duas mulheres, ou mais, vem à tona.

O que há de mágico nesse local quase que sagrado para aqueles que conhecem alguns dos seus segredos? É claro que deve existir até tese de doutorado sobre o aconchego e a tranquilidade que a cozinha da nossa casa traz. Afinal, é onde o alimento é preparado, cozido, mexido, revirado, temperado... é como a nossa própria vida mesmo.

A gente tem que mexer, remexer, rebolar, picar, triar, cortar, juntar, refogar, fritar, salgar, enfim... A cozinha pode ser uma das mais belas metáforas do que é a vida de uma pessoa. Quem cozinha e se sente bem dentro de sua própria cozinha vai entender do que estou falando. E quem não cozinha, tenho certeza, tem boas lembranças de momentos especiais passados geralmente com suas mães, avós, tias, irmãs ou primas dentro de uma cozinha.

Ela pode ser pequena, grande, com copa ou não. Mas eu gosto de estar na minha e sinto-me à vontade nas cozinhas dos outros! Ontem estive na casa de uma tia-avó e adivinhem onde eu tive as conversas mais interessantes daquela tarde? Lá, na cozinha, na beira do fogão, após ter comido aquela comida maravilhosa, preparada com tanto carinho por mãos de uma mulher negra, pequena, doce e encantadora, a empregada da casa.

E hoje, minha felicidade de ter recebido minha mãe para passar a tarde comigo e Gabriel. Almoçamos, descansamos no sofá, brincamos com ele... Mas foi só quando eu resolvi entrar na cozinha para lavar a louça, que nossa conversa se aprofundou e eu a escutei. Minha mãe me acompanhou e começou a preparar um doce de banana com umas bananas muito passadas que eu tinha e não sabia o que fazer com elas.

Ela foi sincera, verdadeira e eu a escutei com toda a paciência e amor.

Que a cozinha continue sendo esse lugar maravilhoso para as mulheres, um lugar onde nós possamos inventar, criar, chorar, berrar, se recolher... e acolher aqueles que mais amamos, a começar por nossos filhos, nossas filhas, nossos amigos e amigas. Sem o peso do esteriótipo, tipo "esquentar a barriga no fogão e esfriar no tanque"; "lugar de mulher é na cozinha"... Não, nada disso! Mas que a cozinhe seja esse lugar ritualístico e mágico, que tem o poder de proporcionar tantos momentos preciosos para a vida de homens e, principalmente, mulheres.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Neném dodói? Vai passar!

Estava conversando com minha irmã, que é mãe de primeira viagem agora... E ela bem melhor do que há dois dias atrás. Imaginem: o marido dela viajou, a neném está com 2meses e meio e era dia de vacina que dá reação (Tetra-viral). Elisa estava da pá virada e minha irmã podre de cansada e dizendo: "hoje estou me sentindo uma mãe de verdade, pois não tem ninguém pra me ajudar e a Elisa não pára de chorar... Eu tô cansada!!!..."

E eu achando aquilo tudo muito engraçado. Só queria dizer a ela que é assim mesmo, pra ela ir amamentando a neném, que o dia seguinte seria melhor, ainda mais porque a moça que trabalha pra ela estaria lá e tal... E que ela é mãe desde o dia em que Elisa nasceu! Só que aquele dia ela estava especialmente cansada.. e que não é assim todo dia, nem para sempre! Pois hoje, faltam dois dias pro marido dela voltar pra casa (ufa!); Elisa está ótima, super atenta, brincando com tudo em cima da cama... E eu disse : "que vontade de conhecer essa fofucha!" ai, suspiro...

E não é só minha irmã que tem passado perrengue com neném, não... Gabriel aqui também não está dos melhores e nós nem sabemos o que pode ser. Começou tendo febrinha na quarta, que aumentou muito à noite. Aquela noite foi terrível: nem eu, nem ele, nem João dormimos! Péssimo... Eu até tentei dar o anti-térmico, mas ele botou tudo pra fora, então ficamos só controlando a febre com banhos. Ontem ele estava melhor e Divina ("A" Divina) estava aqui e segurou ele no colo pra eu descansar meia horinha à tarde.

A noite que passou não foi tão ruim quanto a outra, mas foi difícil também. Resultado: ele tá esquisitinho, muito cansado e irritado, mas sem nenhum outro sintoma. A febre cedeu sozinha e continuo dando o remédio homeopático dele. Desconfiamos que seja dentinho novo para nascer, pois ele tá babando muito. Mas só esperar pra ver. Hoje ele já brincou, já aprontou e está tirando sua segunda soneca do dia! Espero realmente que essa noite seja boa, porque amanhá à tarde, Nina tem apresentação de ginástica ritmica no ginásio (CALOR) e eu quero muito assisti-la.

Então, aqui vai meu recado para as mamães de plantão: não se desesperem! Tudo passa! Uma febrinha, uma noite mal dormida, uma quedinha, um roxinho, um resfriadinho, uma dorzinha de barriga... Enfim, basta que estejamos atentas aos sinais dos nossos filhotes e saibaimos reconhecer ao olhar para eles o que eles necessitam. E geralmente, é aquele peito pra quem mama, e aquele colinho aconchegante para fihos de todas as idades... Ai, ai! Bom fim de semana!

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Vontade e poesia atarantada nas cabeças

Estou com uma vontade enorme não sei exatamente do quê! Vontade de criar algo, de reunir pessoas, conversar, trocar experiências...

Como moro fora da cidade, não tenho convívio direto com outras pessoas. Isso é muito bom por um lado e um pouco difícil por outro. A coisa boa é que sou sempre eu no meu ritmo, no ritmo das crianças, com alguns compromissos fora de casa. As coisas só complicam quando dá uma vontade grande de se socializar mais.

Agora, por exemplo, só estamos eu e Gabriel em casa. João saiu e Nina está passeando com minha mãe. Estou no quarto onde está o computador com a internet, mas de ouvido em pé, pois Gabriel está "solto" e preciso ficar ligada. Levantei-me e o encontrei na sala, com um livrinho na mão... "Coucou Lili". Vira e mexe dou uma andadinha para ver o que ele está fazendo e ele vem me visitar às vezes ...

Os encontros do Ventre Livre têm sido de grande importância para mim - são as sextas livres com temas variados, mas como não estou seguindo nenhum curso por lá, não tenho reais ligações com ninguém. A minha vontade era me reunir com outras mães e seus filhos e compartilhar um pouco o meu universo maternal e ouvir e trocar com outras mulheres. Gostaria de estar mais perto de um maior número de mulheres, conversando, cozinhando, costurando, cantando, dançando, rindo, chorando... Enfim, participar de algum grupo de mulheres com interesses parecidos com os meus.
Há muitas dificuldades para pôr em prática esta ideia (obs.: sinto falta do acento!). E não sei por onde começar...

Ao mesmo tempo, estou lendo e relendo quatro livrinhos: um é o "Atarantada", livro de poesias de Noélia Ribeiro (a Nonô da música do eixão), tia do João; dois livros de Nicolas Behr: "Poesília", poemas antigos e recentes sobre Brasília e "Menino Diamantino", sobre sua infância; o último livro é o livro do "Cabeças", de Néio Lúcio (pai de minha irmã Tainá). Enfim, por que falar desses livros e pessoas agora? Simplesmente porque são livros e pessoas inspiradoras, criativas e que fizeram muito por esta cidade onde eu cresci e moro.

Como sabem, venho de família artística presente e ainda ativa e os livros acima fazem parte da minha história também. O livro do Néio narra os acontecimentos do projeto de sua criação, o Cabeças, que em princípio era uma galeria de arte, depois virou concerto ao ar livre, com um milhão de propostas artísticas, que pretendiam envolver moradores e cidadãos de Brasília no fim dos anos 70 e no início dos 80. Reunir, criar, curtir juntos. Pelo meu entender, esses eram alguns dos objetivos. Foi um movimento inovador, que inspirou e reuniu artistas de vários segmentos desta cidade, fazendo borbulhar arte nas entrequadras e no parque da cidade... Enfim, algo realmente empolgante! Meus pais, meus avós e dois dos meus tios foram fundadores desse negócio; ou seja, cresci naquele meio...

E agora, neste novo momento de vida, com meus filhos pequenos, em casa, batalhando pelo auto-conhecimento, pela qualidade de vida, pelo respeito, quero uma vida mais artística, mais empolgante, onde as pessoas se reunam mesmo e criem! Acho que este blog está bem em sintonia com esses sentimentos. Enfim, devaneios, desabafos, leituras, delírios, desejos... Há que se saber o momento de agir. Ele vai chegar!...

sábado, 5 de dezembro de 2009

Eu disse sim!

Sim, dancei e disse sim o fim de semana passado inteiro! Disse sim para aquelas pessoas que eu não conhecia, disse sim para dois professores maravilhosos, disse sim para o meu corpo experimentar algo novo e fazer dança de forma real e intensa, disse sim pra terra que me acolheu, pro ar que me envolveu, para os olhos que penetrei e me deixei penetrar...

Disse sim para uma crise com minha mãe que precisava chegar. Esperei pacientemente minha menstruação descer e dancei no auge da T.P.M.! Disse sim para as minhas lágrimas que brotaram dos meus olhos e do fundo do meu peito. Chorei, chorei muito. Foi um fim de semana muito intenso. Quando acabou, meus filhos e meu companheiro vieram me buscar. A presença deles é sagrada para mim. Presença. Eu estive lá e estava presente em cada momento.

Estou presente, este é o meu presente. Esta semana descobri que sou minha própria mãe e que a Terra vai me alimentar sempre. Acho que estou conseguindo vislumbrar um caminho que seguirei daqui pra frente. Um caminho que é coerente comigo mesma, com minhas escolhas e com a conciência que estou tomando de mim mesma. Estou aprendendo? Com certeza; e não vou para de aprender nunca. Acho que é por aqui mesmo que eu vou...

Transformações que não páram; mundo girando; ciclos rodando, começando e recomeçando. Minha vida está tomando cada vez mais forma e estou tão segura e forte no que estou fazendo. E tudo porque eu simplente abdiquei do mundo masculinizado e estranho, externo a si mesmo que está por aí. Eu digo não para ele. Mas digo sim para o mundo interno, feminino, fértil, úmido, quente, prazeroso, misterioso e maravilhoso... Esrou fazendo exatamente o que eu quero e tenho que fazer. Sou grata, muito grata!