Ontem chegamos de carro de uma viagem que me fez muito bem. À convite de minha mãe, fomos eu, ela e as crianças visitar sua comadre Bela, que mora em um vilarejo chamado Lavandeira, em Tocantins (bem perto da divisa com Goiás). E foi uma viagem que nos lavou! Literalmente: banho de suor, de carinho, muito banho em casa e banho de rio!
Beth e Bela têm uma relação de cumplicidade muito forte. Uma foi a patroa, a matriarca forte e decidida, com seus cinco filhos; a outra foi a doméstica, a que cuidou dessas mesmas crianças enquanto a mãe delas trabalhava. Uma fora e outra dentro. Foi um casamento que durou vários anos e só terminou porque Bela seguiu o seu coração e realizou seu desejo de casar-se e ter sua própria família.
Mas o compromisso das duas não terminou naquele ano em que Bela saiu da casa de Beth, compromisso este selado inclusive pelas estrelas, uma vez que as duas nasceram no mesmo dia, 12 de outubro. Com apenas um ano de diferença, essas duas mulheres, de cores diferentes, com histórias de vida e escolhas divergentes, se encontram na cumplicidade e no afeto que sentem uma pela outra. É como se uma fosse eternamente grata à outra. E são. Gratidão é a palavra que as une.
Foi uma viagem de volta à minha própria infância, permeada do senso de humor crú e inteligência bruta de Bela, instintiva, autêntica. Ela anda descalça em sua casa, cozinha no fogão à lenha, do lado de fora, no terreiro, rodeado por seus dois cãezinhos pincher (seus netinhos!) e suas tartarugas enormes! Sua o dia inteiro e conta histórias e ri da gente, das nossas bobagens. E nós rimos sem parar das dela. E chama sua filha, de 15 anos já, e dá "chêro" nos meus, do mesmo jeito que cheirava meus irmãos quando pequenos.
E nos apresenta a comida da roça, o arroz estocado em sacas de 30 quilos (!) em sua copa, de lá mesmo; sua farinha de mandioca, que ela mesma fez; a rapadura que a vizinha faz; o queijo delicioso; o feijão, o mamão, a banana, o gergelim, do qual ela faz farofa doce... Tudo plantado e colhido em Lavandeira. Sua casa é simples, mas generosa, com 4 quartos - donde 2 de hóspedes, com varandão na frente e atrás. É verdade que a telha de amianto esquenta ainda mais a casa, pois faz muito calor nos campos baixos do antigo Goiás. Mas nada que um banho de rio e uma boa manga à sombra de uma mangueira não resolva.
E foi festa para todos nós! Nina brincando com as crianças simples do lugar. De início ficou acuada e não entendia como as pessoas, e principalemtne as crianças, simplesmente entravam na casa e lá ficavam, o tempo que queriam. Mas depois foi uma chupação de manga, pique-esconde no terreiro, com o sol baixo, estripulias mil na varanda e a amizade simples e boa se fez! E as crianças ouviram atentas quando Nina tocou seu violino refinado, coisa chique mesmo!
E Gabriel, aquele galeguinho que não parava de suar, foi o sucesso da garotada, conquistando todos com seu jeitinho, seu sorriso e sua gargalhada. Uma conversa que não tinha fim, com todos.
E teve bolo confeitado por mim e brigadeiro e parabéns para as duas senhoras que nasceram no mesmo dia, cujos nomes começam com a letra B, de beleza, de belezura, de coisa Boa da vida mesmo. Dessas viagens que ficarão guardadas na memória e no coração!
ADOREI ler esse relato maravilhoso de uma viagem de dar inveja a qualquer um que aprecia as coisas simples da vida... e mais ainda tendo a oportunidade de relembrar dessa bela figura chamada Bela...
ResponderExcluirQue gosto ler o que vc escreve Maíra querida... continue, continue; essa é mesmo uma das suas praias!!!
bjs da Maria.
maíra, não tem pra ninguém, vc é tudo. amei isso. beijo. josi.
ResponderExcluirQue lindo texto! Deu vontade de pegar o carro e sair viajando por aí, à procura de aventuras. :)
ResponderExcluirQuem são Nina e Gabriel?
Beijos!
(...e seu bolo foi de que, hein? Me deu uma fomezinha lendo esse post!)
Maria, que bom ver vc por aqui de novo! Estou com saudades de vc e do seu blog...
ResponderExcluirJosi querida, imagina... Que bom que gostou!
Sílvio, foi bolo de chocolate com creme de brigaderimo mole e um toque de côco! Ficou bem bom! Ainda bem que a Bela sabe bater clara em neve no garfo, senão não teria dado certo!
Nina e Gabriel são os meus filhotes, ela com 8 anos e ele com 1 ano e 3 meses. Gostei da visita!