domingo, 25 de outubro de 2009

Um tesouro no fundo da bolsa

Achei meu estojinho vermelho no qual guardo minha caneta-tinteiro! Gosto de papel e cartão e escrever para as pessoas. Tive que escrever uma carta para a minha irmã parida com uma BIC qualquer e me fez pena. Queria mesmo era a minha velha compaheira de tinta azul, cujo cartucho deve ser periodicamente substituído.

Hábito um pouco diferente em nosso país, adquirido no meu ano de estudo em uma Fac francesa, onde todos, sem excessão, escrevem longas páginas com suas canetas-tinteiro. Uma paixão. As palavras deslizam no papel com mais facilidade e rapidez, quase tão rápidas quanto as palavras que vêm à minha cabeça, e muitas vezes diretamente do coração.

Meu estojo estava esquecido no fundo de uma bolsa, ironicamente também vermelha, que estava pendurada no meu quarto e esquecida há alguns meses. É como um resgaste de um segredo precioso, há muito guardado e esquecido, só esperando o dia de ser (re)descoberto. Uma alegria e uma vontade de escrever cartões de aniversário, de natal, de ano novo, cartas carinhosas "à la slow mail". Em breve!...

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Bom dia, bom dia!

Estou aqui, com muita saudade de escrever mas pouco tempo para me dedicar... Mas não posso reclamar, afinal estou até conectada! haha. Muitas tarefas para hoje:

Já cumpridas: chão varrido e pano passado, sala arrumada com a ajuda de Nina. A cumprir: louça mega, almoço, vacina do Gabriel, triagem e transporte do lixo para a reciclagem, aula de violino da Nina, início do "Projeto cinco Marias" (Nina quer aprender a costurar, então sugeri de fabricar-mos uns saquinhos tipo cinco marias) e do "projeto semear na lua nova" na companhia dos meus filhotes.

Nina está de férias, aqueles breaks que ela tem de vez em quando - este é La Toussaint - e está em casa desde ontem. Folga da escola, mas não do violino, nem da ginástica. Mas já é alguma coisa não ter que acordar muito cedo na primeira semana do horário de verão, certo? Muito fofa, me ajudou a voltar ao meu centro já cedo. É claro que me descontrolei quando ela me pediu para ver TV.

Foi assim: eu no sofá, ensaiando a arrumação da sala, nós duas de camisola. Ela disse: "posso você sabe o quê?" E eu, desentendidamente: "o quê?" "Você sabe, ver TV". E o sangue me subiu e eu quis dizer pra ela dos nossos projetos para as férias e a costura e as sementes e disse: "ai, que saco!" E ela retrucou serenamente: "Mãe, respira fundo e responde à minha pergunta." Tonhonhonhonhóin.... Toma! "Sim, filha, pode. Mas primeiro, ajuda a mamãe com a arrumação, tá?" "Tá bom". E me ajudou, recolheu brinquedos e cadeiras, trocou de roupa e escovou os dentes. Voltou: "Fiquei com preguiça de arrumar a cama agora, pode ser daqui a pouco?" "Pode". E pra terminar a negociação eu perguntei qual era a proposta dela pro tempo de TV. Ela olhou o relógio, viu que eram 9:55, refletiu e disse "até às 10:55. Tá bom?" E eu: "então arredonda até às 11." Pronto, tem criança mais sensata?

Muitas vezes fico assim, saída do sério com a história da TV. Eu mesma adoro um filminho, uma seriezinha, mas não tenho tempo e à noite já estou com muito sono e tenho tantas coisas pra ler e escrever, enfim! E penso quando eu era pequena, a TV era ultra regulada. Quando eu ficava em casa à tarde, não podia nem pensar em ver sessão da tarde! O bom era chegar da escola na hora do almoço e pegar "He-man" com aquela fominha e eu lambia os beiços de satisfação. E domingo de manhã cedo, na casa do papai, antes de todo mundo acordar, eu ligava a TV só pra ter o gostinho de assistir a qualquer coisa sozinha... Adorava o Globo Rural!

E agora vejo minha filha, que me ensina que com equilíbrio e sabedoria, dá pra fazer de tudo um pouco. Mas é como João diz: a base dela somos nós, ela sabe discernir o que é legal do que não é. Quando ela vê as coisas esquisitas da TV, as bundas e peitos, os comerciais apelativos e enganosos e os afins, ela sabe que aquilo não é real. Porque ela sabe que a vida dela não é só isso. Ela tem tantas possibilidades e tantas outras vontades... É viliono, é estrelinha e bananeira, é boneca, é rede, é piscina, são os primos, os desenhos que ela faz, as músicas que escuta e canta, o prazer de estar na cozinha, de arrumar sua própria cama e ver como o quarto fica aconchegante, são os amigos, as histórias, a escola, as vovós e os vovôs, titias, titios, o irmão que ela brinca, mamãe e papai... Enfim toda essa rede de amor que ela pode confiar. E eu também.

É isso! Hoje deu uma vontade louca de viajar de novo, mas dessa vez com o João e as crianças. E ir para Olinda, ver Tatá e Lineu e conhcer e pegar Elisa no colo, e ir ao Rio ficar com papai e ver meus tios, tias, vovós, primos, e ir à Pirenópolis e à Alto Paraíso de novo e tomar banho de cahoeira e deitar na rede e dormir e voltar pra cachoeira e ir pra praia e tomar água de coco e mate e cerveja e pegar o avião e ir visitar minha irmã na Nova Zelândia e meus amigoe queridos do peito que estão em Dublin, e quem sabe dar um pulinho na França pra passear e conhecer a Bélgica também? Enfim, vontade é o que não falta...

Pensemos então na abundância, nesse mundo de possibilidades e vontades e desejos, de sonhos e de realizações. Quem sabe não será esse afinal o mundo real?
Bom dia para nós!

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Banho de rio, banho para a alma

Ontem chegamos de carro de uma viagem que me fez muito bem. À convite de minha mãe, fomos eu, ela e as crianças visitar sua comadre Bela, que mora em um vilarejo chamado Lavandeira, em Tocantins (bem perto da divisa com Goiás). E foi uma viagem que nos lavou! Literalmente: banho de suor, de carinho, muito banho em casa e banho de rio!

Beth e Bela têm uma relação de cumplicidade muito forte. Uma foi a patroa, a matriarca forte e decidida, com seus cinco filhos; a outra foi a doméstica, a que cuidou dessas mesmas crianças enquanto a mãe delas trabalhava. Uma fora e outra dentro. Foi um casamento que durou vários anos e só terminou porque Bela seguiu o seu coração e realizou seu desejo de casar-se e ter sua própria família.

Mas o compromisso das duas não terminou naquele ano em que Bela saiu da casa de Beth, compromisso este selado inclusive pelas estrelas, uma vez que as duas nasceram no mesmo dia, 12 de outubro. Com apenas um ano de diferença, essas duas mulheres, de cores diferentes, com histórias de vida e escolhas divergentes, se encontram na cumplicidade e no afeto que sentem uma pela outra. É como se uma fosse eternamente grata à outra. E são. Gratidão é a palavra que as une.

Foi uma viagem de volta à minha própria infância, permeada do senso de humor crú e inteligência bruta de Bela, instintiva, autêntica. Ela anda descalça em sua casa, cozinha no fogão à lenha, do lado de fora, no terreiro, rodeado por seus dois cãezinhos pincher (seus netinhos!) e suas tartarugas enormes! Sua o dia inteiro e conta histórias e ri da gente, das nossas bobagens. E nós rimos sem parar das dela. E chama sua filha, de 15 anos já, e dá "chêro" nos meus, do mesmo jeito que cheirava meus irmãos quando pequenos.

E nos apresenta a comida da roça, o arroz estocado em sacas de 30 quilos (!) em sua copa, de lá mesmo; sua farinha de mandioca, que ela mesma fez; a rapadura que a vizinha faz; o queijo delicioso; o feijão, o mamão, a banana, o gergelim, do qual ela faz farofa doce... Tudo plantado e colhido em Lavandeira. Sua casa é simples, mas generosa, com 4 quartos - donde 2 de hóspedes, com varandão na frente e atrás. É verdade que a telha de amianto esquenta ainda mais a casa, pois faz muito calor nos campos baixos do antigo Goiás. Mas nada que um banho de rio e uma boa manga à sombra de uma mangueira não resolva.

E foi festa para todos nós! Nina brincando com as crianças simples do lugar. De início ficou acuada e não entendia como as pessoas, e principalemtne as crianças, simplesmente entravam na casa e lá ficavam, o tempo que queriam. Mas depois foi uma chupação de manga, pique-esconde no terreiro, com o sol baixo, estripulias mil na varanda e a amizade simples e boa se fez! E as crianças ouviram atentas quando Nina tocou seu violino refinado, coisa chique mesmo!

E Gabriel, aquele galeguinho que não parava de suar, foi o sucesso da garotada, conquistando todos com seu jeitinho, seu sorriso e sua gargalhada. Uma conversa que não tinha fim, com todos.

E teve bolo confeitado por mim e brigadeiro e parabéns para as duas senhoras que nasceram no mesmo dia, cujos nomes começam com a letra B, de beleza, de belezura, de coisa Boa da vida mesmo. Dessas viagens que ficarão guardadas na memória e no coração!

domingo, 4 de outubro de 2009

Para quem está na TPM



Esta tira é de um garoto de apenas 13 anos, que é um verdadeiro artista! Ele se chama João e tem um senso de humor apuradíssimo. Vai aí o link - ou quase, vai o endereço mesmo! - para o blog que ele mantém; vale a pena conferir!

www.porjoao.blogspot.com