tag:blogger.com,1999:blog-25080683014146021502024-03-13T05:37:08.925-07:00Minha casa, minha alma - Kuala LumpurEste blog é dedicado a todas as mulheres que, como eu, desejam se conhecer melhor e a todos os homens que se interessam por nósMaíra Bezzihttp://www.blogger.com/profile/02093016868305077389noreply@blogger.comBlogger118125tag:blogger.com,1999:blog-2508068301414602150.post-33564410278625501032015-10-21T20:42:00.000-07:002015-10-30T07:26:14.850-07:00Nossa rotina e o haze de KLMinha vida na Malásia já tomou forma. Após um ano e dois meses morando em Kuala Lumpur, a rotina está bem instalada e - acredito que possa falar por nós seis, estamos todos adaptados à nossa nova vida.<br />
<div>
<br /></div>
<div>
Sim, é um país muito diferente do Brasil. Tirando o clima, que é tropical - leia-se quente pra chuchu e úmido, e algumas trapalhadas culturais, a Malásia se diferencia do Brasil em aspectos quase óbvios: religião (no pulral, claro), língua (que deveriam ser quatro as oficias, como em Cingapura - Inglês, Bahasa Malaio, Mandarim ou Cantonês e Tamil), comida, modo de se vestir... </div>
<div>
<br /></div>
<div>
Como não publico há muito tempo, há muitos assuntos atrasados. Mas vou tentar me concentrar no que interessa: o que vivemos no momento! As crianças estão em duas escolas diferentes: os dois mais velhos continuam no sistema francês e estão falando inglês bem. Vão e voltam de ônibus escolar, o que tem sido uma bênção, já que eu não preciso enfrentar o trânsito para levá-los ou buscá-los. Os dois menores vão a uma escola menor, montessoriana, pertinho de casa. O caçula começou a frequentá-la há um mês e meio e se adaptou muito bem. E sim, falam inglês na escola, e aprendem um pouquinho de bahasa malaio e mandarim!</div>
<div>
<br /></div>
<div>
"Mas Maíra, todas as crianças agora vão à escola! E o que é que você faz o dia inteiro?" Esta é uma boa pergunta e eu gostaria de dizer que nas 4 horas e meia que não cuido de crianças durante o dia, eu tenho feito muitas coisas, na verdade. Nas últimas semanas, tivemos a felicidade de receber nossa primeira visita ilustríssima do Brasil: a vovó Fátima, minha sogrinha querida. Pois bem, enquanto os picurruchos iam à escola, eu e ela batemos muita perna por aí! Ela vai embora domingo que vem, e estamos tentando aproveitar um pouquinho ainda desse aconchego amoroso que estamos tendo com ela aqui.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Como os calendários escolares não batem, estamos aqui com os dois mais velhos de férias (pois no sistema francês elas são muitas), e os dois menores indo à escola. Mas tudo bem, fazer o quê? Não se pode ter tudo! E eu? Bem, eu tenho várias novidades... Estava em uma rotina de estudo massa à qual retornarei em breve. Ao mesmo tempo, botei um projeto querido em prática e estou dando aula de yoga pré-natal, seguida de roda de conversa com as lindas gravidinhas em uma estúdio de yoga e pilates de uma professora amiga do lado da minha casa! Além de me trazer um pouco de renda, esse trabalho me preenche e torço pra que ele continue a dar certo!</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Trabalhos domésticos? Claro! Não param nunca! No momento, estamos sem ajuda. Tivemos de despedir nossa empregada por uma série de motivos. Enfim, não estava dando certo e ela dançou! A fadinha de uma amiga ficou aqui um mês quebrando um galho. Ela é ótima e talvez venha trabalhar aqui. Ainda não sabemos. A questão das domésticas na Malásia dá um post por si só e é provável que eu o faça, pois me interesso muito pelo assunto e acho que vale a reflexão - principalmente para nós, da classe média brasileira, que sempre "teve empregada" e hoje, pelo menos eu sou assim, as apoiamos e queremos mais é que elas sejam respeitadas, sem abusos, enfim...</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Outra coisa que está rolando no momento é o tal do <i>haze</i>. já escrevi no facebook sobre isso e é algo que não passa em branco. No ano passado, à mesma época, também houve <i>haze</i>. Todo ano tem nessa época do ano. Mas este ano, o negócio está quente, pegando fogo mesmo, literalmente. <i>Haze </i>é uma fumaça espessa, proveniente de queimadas ilegais de florestas indonésias, onde indústrias de papel e, principalmente, de óleo de palma, queimam florestas para fazer seus plantios. Eles queimam lá, a fumaça sobe pra cá, mas acontece que as empresas são, geralmente, malásias e cingaporenses, quando não multinacionais (claro). Infelizmente, a situação deste ano está se agravando por conta das secas provocadas pelo El Niño. Caramba, que nó, não?</div>
<div>
<br /></div>
<div>
O <i>haze </i>acaba afetando a vida do cidadão comum. O céu fica sempre acinzentado. Nos dias piores, dá pra sentir o cheiro da fumaça, de coisa queimada mesmo. Quando está mau mesmo, como esteve nos últimos dias, dá pra ver a fumaça a dez metros de distância. Isto significa que não dá pra ver os prédios e a visibilidade é péssima! Pode saber: escolas públicas canceladas e atividades fora altamente não recomendadas. Hoje ao sair mais cedo, havia uma pontinha de céu cinza-azul e senti o calor do sol na minha pele. Pensei: bom sinal! Se continuar assim, de tarde, vou levar os meninos ao KLCC Park, o maior parquinho pra crianças que já vi na vida: são um milhão de brinquedos fera, com passagens, escorregas, sobe-e-desce, várias complexos diferentes. Benjamin o apelidou de parquinho das cores! Tem uma área verde linda e uma piscina pública que me lembra a antiga piscina de ondas de Brasília. Aliás, esse parque foi projetado pelo Burle Marx, gente! Adoro ir lá, mas o ar tem de estar minimamente respirável.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
É realmente uma loucura! Algo que nunca achei que tivesse de enfrentar na vida: poluição na cara! Sem dúvidas, é o que eu menos aprecio daqui. Espero que todos se conscientizem da grande burrada que estão fazendo! Sem contar com o preço da nossa saúde mental e física hoje (pois passamos muito mais tempo presos no ar-condicionado) e quiçá a do futuro! Claro, a questão é bem maior, tem toda a indústria envolvida, grana que não acaba mais. E ainda por cima, os donos das empresesas de óleo de palma querem nos convencer que ele faz bem à saúde! Tenha santa paciência!</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Vou terminando por aqui e quero voltar a escrever regularmente. Essa foto foi a Fátima quem tirou! Passeio em Merdeka Square em um dia bem <i>hazy</i>!... Mamãe e papai curtindo a ninhada...<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-ggQxQ_uv82A/VihYe_jdwUI/AAAAAAAAAa4/RBfQZuDdeXo/s1600/IMG-20151018-WA0009.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="180" src="http://1.bp.blogspot.com/-ggQxQ_uv82A/VihYe_jdwUI/AAAAAAAAAa4/RBfQZuDdeXo/s320/IMG-20151018-WA0009.jpg" width="320" /></a></div>
</div>
Maíra Bezzihttp://www.blogger.com/profile/02093016868305077389noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-2508068301414602150.post-84982501243171612362014-12-22T23:14:00.001-08:002015-11-02T19:26:54.044-08:00E a vida vai seguindo o seu rumo...<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-A3aay84p2vI/VJkTkB5VMkI/AAAAAAAAANw/24XhW2AqLnU/s1600/DSC_0030.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-A3aay84p2vI/VJkTkB5VMkI/AAAAAAAAANw/24XhW2AqLnU/s400/DSC_0030.JPG" /></a></div>
Hoje tive de pegar o carro e dirigir pra longe pela primeira vez. Bem, na verdade, meu destino não era tão distante assim da minha casa, principalmente pra quem é de Brasília. Tenho dirigido sepre que tenho oportunidade, mas geralmente pequenas distâncias. Mas em Kuala Lumpur, cheia de freeways e entradas e saídas mirabolantes, chegar a escola das crianças mais velhas pode se tornar uma tarefa deveras difícil. Principalmente se o seu Waze/GPS teima em não funcionar no seu celular.
É o meu caso. Não tinha escolha: era preciso resolver a questão esta manhã. Como João estava trabalhando, o jeito foi eu combinar com Nina que ela ficaria em casa com os 3 pequenos enquanto eu me aventuraria pela cidade para chegar à sua escola. Até sugeri de virem todos comigo no carro, pra ela poder ser minha co-pilota, mas ela preferiu ficar em casa. Eles estão de férias natalinas e, durante as aulas, vão e voltam da escola de transporte escolar, o que é uma mão na roda, já que em KL, o trânsito pode ficar caótico em certos horários. Outra vantagem é que com o horário escolar deles, eles não pegam trânsito.
O trajeto que deveria levar em torno de 20 minutos me custou 1 hora! Me perdi duas vezes até conseguir chegar na avenida principal a partir da qual sei seguir sem problemas até a escola. E a cada vez que me dava conta que estava perdida, ficava lá respirando fundo e tentando me achar com as placas. Sem contar que ainda não estou 100% acostumada à mão inglesa, não é? E, portanto, dirigir sem ter certeza absoluta por onde ir me toma muita energia!
Mas, no final, deu tudo certo! Cheguei à escola, resolvi o que precisava e no caminho de volta, após ter enchido o tanque pela primeira vez sozinha, me perdi de novo! Acabei no centro da cidade tentando voltar pra casa. Mais umas voltinhas e já estava estacionada em uma barraquinha de comida malaia pra complementar meu almoço e o das crianças na esquina do condomínio. Como tinha feijão cozido, trouxe arroz, frango frito (as crianças adoram!), saladinha de broto de feijão e camarão ao molho apimentado. É incrível como o negócio da pimenta é questão de se aconstumar mesmo. Como como pouco na rua, e como minha comida é leve, porém não insossa, eu fico com vontade e como assim: comida apimentada e depois encho a boca de arroz pra aguentar! hahaha É uma delícia!
Nossa vida aqui em KL vai seguindo e as coisas vão se ajeitando. Como não temos empregada, só uma faxineira filipina que vem uma vez por semana e fica por 5 horas, a questão das tarefas domésticas tem sido um tópico constante. Vivo dizendo que vou fazer um quadrinho e colocar o dia certinho de quem vai fazer o quê, mas nunca faço isso. Acabo me desgastando, gastando minha saliva, tendo que convencer a Nina, principalmente, da importância de todos trabalharmos pela casa. Acredito profundamente que ensinar meus filhos a participar das atividades domésticas e se sentir responsável pela casa onde vive é muito importante. Por um lado até gosto de não ter ajuda constante em casa, por causa disso. Mas é claro que às vezes bate aquela saudade da Betinha, minha fada-ajudante que foi tão importante pra mim e meus filhos nos quase últimos dois anos da minha vida.
A maioria dos estrangeiros em KL tem empregada doméstica, inclusive morando em casa. Imaginem: europeus e americanos comuns, que em seus países de origem nunca poderiam ter acesso a isso, como no Brasil, se esbaldando com as possibilidades de ter empregadas, babás, tudo o que se imaginar por um preço que, para eles, é baixo. Não quero julgar ninguém, até porque tem mesmo essa mão de obra disponíve, de maioria filipina. Mas no nosso orçamento atual, pagando por 3 crianças na escola, em vias de pagar por mais 1, sendo duas em uma escola internaciontal caríssima, contando com o salário do João apenas, não cabe. E as pessoas daqui falam o tempo todo: como assim, não tem empregada? fazem tudo? mas é tão barato!!!...
Das famílias que conheço e tenho um pouquinho mais de convicência, só uma não tem ajuda diária: minha vizinha de Singapura, mãe de 4 crianças também. É ótimo pra mim. Não me sinto tanto como um peixe fora d'água!...
Os desafios tem sido constantes até porque agora trabalho em casa. Quero dizer, estou fazendo trabalho pra fora, em casa. Isso mesmo! Decidi me lançar na carreira de tradutora freelancer, com meus dois pares de língua: português<>inglês e francês>português. E que coisa incrível! Foi só eu me decidir, tomar algumas providências e...
Já estou fazendo meu primeiro trabalho profissional! Não tem sido nada fácil, pois há prazos a cumprir e a vida dentro de casa não pára: vai no computador, trabalha um pouco; pára e vai trocar uma fralda de cocô; volta pro computador; vai saber qual é a gritaria no quarto; volta; levanta e vai cuidar da roupa; volta e trabalha mais um pouquinho; levanta e vai fazer comida; dá um peitinho; descansa, volta pro computador... E assim vai!... É loucura! Mas estou gostando bastante! Quando Nina e João podem me dão aquela mãozinha cuidando da galera pra eu trabalhar em silêncio: luxo, minha gente!
Melhor ainda vai ser quando for paga... ui, nem quero imaginar! Vou fazendo e vou vivendo.
A foto que vocês estão vendo foi tirado em uma noite, quando estava saindo da aula de yoga e o dono desse calhambeque lindo me viu tirando uma foto do carro dele e quis saber se eu queria entrar pra ele tirar uma foto e... Voilã! Até a próxima! Maíra Bezzihttp://www.blogger.com/profile/02093016868305077389noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2508068301414602150.post-82782258865393044402014-10-25T22:04:00.002-07:002014-10-30T03:40:18.177-07:00Depois da tempestade, vem a bonança! <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-jES9EiH3oEk/VEyATa1MeyI/AAAAAAAAAM4/lSqhMsJvOgo/s1600/DSC_0194.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-jES9EiH3oEk/VEyATa1MeyI/AAAAAAAAAM4/lSqhMsJvOgo/s320/DSC_0194.jpg" /></a></div>
(agora estou feliz como essas arraias do aquário!)
Há quanto tempo não escrevo para o blog! Estou com muitas saudades desse espaço. O último mês tem sido intenso, com fortes experiências malasianas!
Desde que Iuri começou a escola – acabamos optando pela montessoriana a poucos metros de casa, outro ritmo se instalou. Após a primeira semana de adaptação – foi um pouco difícil pra ele, ele começou a se sentir mais a vontade, corajoso e curioso. Tem sido ótimo, então, o fato de ele estar se relacionando com outras crianças e outros adultos na escola. São três professoras, todas indianas-malasianas, umas fofas! E eu estou tranquila; a diretora, também indiana daqui, é muito atenciosa, e elas são todas bem amorosas. Tenho lá minhas reservas em relação a “ficar ensinando coisas pras crianças”, mas como isso é parte das atividades e não toma todo o tempo, tolero.
O fim do mês de setembro foi um pouco conturbado para mim. Eu estava muito ansiosa para que Iuri ficasse logo na escola. Comecei a me sentir isolada, sem amigos, sei lá... A minha cabeça começou a me atrapalhar. Eu entrei numas de que tinha que trabalhar fora a qualquer custo. E logo. Mas nós só tínhamos um mês de Malásia, e esses pensamentos me custaram muito caro.
Mudamo-nos no fim do mês para um apartamento na mesma área (do outro lado da rua, na verdade) do anterior: maior, mais arejado e iluminado, em condomínio pequeno, um estilo bem privado, muito gostoso... Mas eu não estava tranquila. Em poucos dias, Nina começou a ter uma febre muito alta e ficou de cama por três dias. No segundo dia em que ela estava doente, eu e Benjamin caímos ao sair de um táxi depois das compras. Eu estava tentando sair, mas achei que poderia colocá-lo no chão antes. Não deu outra. O carro era alto e caí por cima da perninha dele. Ele não conseguiu mais ficar no chão naquele dia, para a minha culpa e desespero.
Naquela noite, fui à minha segunda aula de yoga. A aula foi mais tranquila que a primeira, que tinha sido com o dono do estúdio, uma aula bem forte de Ashtanga. Voltei pra casa de noitinha e estava garoando. No dia seguinte, acordei completamente dolorida. Achei que tinha pegado um resfriado e que aquela dor, que foi piorando à medida que o dia foi passando, a ponto de eu caminhar devagarinho e ter que me esforçar muito para dar conta das tarefas da casa, era resultado da aula da noite anterior. Qual nada! Nesse dia, chamei Benjamin pra brincar de gatinho e ele tomou coragem e se locomoveu engatinhando. Minha culpa e preocupação diminuíram um pouco...
Mas acontece que eu não melhorava nada e comecei a ter febre também. Como Nina não conseguia sair da cama no quarto dia, e Benjamin continuava não andando, João tomou a decisão de levá-los ao hospital. Eu, mesmo muito mole, quis ir também. Chegando lá, Nina fez o teste de dengue e, como estava com as plaquetas baixas, foi internada. Benjamin foi examinado na emergência e o médico não achou nada, mas como médico é sempre médico, pediu raio-x. Esse exame nós levamos a um ortopedista, que me explicou que há lesões que não aparecem no raio-x. Além disso, enquanto conversávamos, Benjamin levantou-se e saiu andando! Meus olhos se encheram de lágrimas! Pra mim, foi o fim do assunto. Ele me pediu pra ficar de olho, caso a perna ficasse roxa ou ele continuasse reclamando de dor. Ele mancou por alguns dias e depois... ficou ótimo!
Joao dormiu no hospital com a Nina naquela noite e eu voltei pra casa – não tinha nem uma semana que havíamos nos mudado – pra ficar com os meninos. Busquei Iuri, que tinha ficado na escola por mais tempo a nosso pedido e esperei Gabriel chegar. Conversei rapidamente com minha mãe no Skype. Eu estava com febre e muito cansada. Ela deu uma chamada nos meninos pra mim, o que me ajudou, de fato. Assim que escureceu, eu disse a eles que iria apagar as luzes e que ficaríamos todos quietos. Durante a madrugada, além das dores pelo corpo, eu senti as famosas dores nas juntas e pensei: “Lasqueira! É dengue!... o que vou fazer?”
No dia seguinte, quando João voltou pra casa, pois o combinado era que eu iria passar o dia no hospital com a Nina, ele me deu uma dura. Disse que eu poderia estar muito doente e que eu tinha que me consultar na emergência. Fiquei com a Nina um pouco e, como ainda estava com febre, mesmo baixa, e muitas dores, convenci-me de que tinha que descer e conversar com um médico. De cara, ele me disse que eu teria que fazer o teste, uma vez que minha filha já estava contaminada. Fiz, e minhas plaquetas já estavam baixas. Ele me explicou que elas iriam abaixar mais ainda e que para eu ir embora, teria que assinar um termo de compromisso!
Conversei com João ao telefone, na verdade, chorei muito e fiquei. Soro na mãozinha, amigo vizinho trazendo cartão de crédito pra eu pagar o depósito e consegui ficar em um quarto no mesmo corredor da Nina. Ele era grande e confortável. Tinha vista pras Petronas e, ao anoitecer, era bonito de se ver: aquelas luzes se acendendo pouco a pouco e depois, no escuro: aquela maravilha! Nina ficou quatro noites. Eu tive que ficar sete. Eu procurei não ficar sentindo pena de mim mesma. Mas, na verdade, foi um período importantíssimo para o meu crescimento. Eu entendi que estava ansiosa demais, atropelando as coisas com a minha cabeça. Entendi que a minha vontade de trabalhar, produzir e criar outras coisas que não fossem os filhos é legítima, mas que as coisas tem o seu próprio tempo, que não é o meu!
Entendi que chegar a um país estrangeiro, reatando um casamento, com 4 crianças é tarefa não-simples. Mesmo sendo a quarta vez morando fora do país, esta certamente é a mais desafiadora de todas. Percebi a grande importância que tem a minha saúde física e mental no seio desta família numerosa. No quinto dia de hospital, João estava pirando em casa, sem poder ir trabalhar, tomando conta de tudo e todos, e eu conversei com o médico pra poder ir pra casa. Ele disse que eu poderia ir, se voltasse no dia seguinte, pois minhas plaquetas ainda não estavam altas o suficiente. Muito ansiosa e culpada (pra variar), fui embora. Fiquei um pouco com os meninos, amamentei o Benjamin e comecei a ter uma dor de cabeça pesada! Ela não parou de aumentar e aí eu comecei a vomitar. A dor não passava de jeito nenhum e, como já estava muito fraca, João e eu concordamos que seria melhor eu voltar para o hospital imediatamente.
Foi o que eu fiz! De volta ao soro, remédio na veia pra conseguir descansar. Salvou minha vida! Em menos de 48 horas, eu estava me sentindo forte o suficiente pra voltar pra minha casa e pras pessoas que eu mais amo: eu mesma, meu companheiro e nossos filhos! Meus exames apontaram que eu melhoraria sem dúvida e pude ter alta! Mandei flores pro meu corredor, afinal como agradecer àquela equipe de enfermeiras tão cuidadosas e pacientes?
Quando cheguei em casa e me dei conta de que tinha passado mais tempo no hospital do que na minha casa nova, me deu uma vontade enorme de viver! E curtir e me divertir! Pouco a pouco, fui-me sentindo mais forte, conseguindo fazer cada dia um pouquinhomais. Gradualmente, fui curando meu corpo e minha alma. Desde então, já fizemos passeios maravilhosos e eu e João até saímos em uma “date”! Contratamos uma das professoras do Iuri como baby-sitter. Ela deu super conta do recado e nós nos divertimos na noite venezuelana!
É isso! Estou certa de que as coisas acontecem quando tem que acontecer. Estou confiante que essa vivência nesse país tão intrigante será (já está sendo!) de grande valia para todos nós.Maíra Bezzihttp://www.blogger.com/profile/02093016868305077389noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2508068301414602150.post-64114468117179129672014-09-18T02:35:00.000-07:002014-09-18T02:37:50.432-07:00Procurando pré-escola <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-uMenSszAZjs/VBqmVdGiOnI/AAAAAAAAAJc/-AhNfrtfWFA/s1600/DSC_0075.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-uMenSszAZjs/VBqmVdGiOnI/AAAAAAAAAJc/-AhNfrtfWFA/s400/DSC_0075.jpg" /></a></div>
(foto do jasmin vermelho de dentro do condomínio - perfumado!)
A rotina escolar de Gabriel e Nina começa a se instalar e, agora, estamos procurando uma escola pro Iuri. Antes de saber que nos mudaríamos para cá, Iuri estava com sua vaga garantida na escola dos irmãos no Brasil, o Liceu franco-brasileiro de Brasília.
Há varias razões pras crianças estarem no sistema francês, mas o mais relevante, certamente, é o fato de eu ser cidadã francesa e, como tal, ter direito a participar, anualmente, do processo de bolsas escolares do governo francês para os franceses expatriados. Isto significa que aqui na Malásia, eu também posso fazer parte do mesmo processo e é o que estou fazendo. Acontece que a escola francesa daqui não tinha mais vaga pra idade dele – ele iria iniciar o maternal, na petite section aos 3 anos e 8 meses. Só poderei tentar lá no próximo ano letivo (setembro de 2015!...).
Portanto, é imperativo que encontremos uma escola pra ele e que essa despesa caiba no nosso bolso! Neste exato momento, estou do lado de fora escrevendo na varanda, enquanto Benjamin, que está com 1 ano e 8 meses, se diverte na bica com um balde, peladinho, e Iuri está vendo TV... É complicado. Ele brinca, mas fica mais entediado que o irmão menor e ou quer ficar na piscina, ou quer ver TV com frequência!
Bom, pelo menos ele está aprendendo inglês! Hahaha.... E foi a primeira vez que assisti `a Dra Brinquedos (Doc) e gostei do que ela cantou pra um brinquedo: “First things first – take care of yourself”! Traduzindo: primeiro as primeiras coisas – cuide-se! Adorei! Esses são, de fato, alguns dos lemas que aprendi nos últimos tempos e que repito pra mim mesma com frequência.
Já encontrei duas possíveis escolas, ambas a 100m de casa. Vou visitar uma hoje pra ver do que se trata e depois terei uma ideia. Sei que é uma escola internacional grande, de ensino inglês. A outra é montessoriana, em uma casa com jardim, só pra crianças menores, muito linda, mas um pouco cara para as nossas condições atuais. Estou cruzando os dedos pra que tudo dê certo logo!
Hoje estou me beneficiando de ter a Vina (faxineira) de novo em casa e é por isso que escrevo durante o dia. Vim pagar o aluguel enquanto Benjamin dorme e trouxe Iuri pra brincar em uma espécie de mini-brinquedoteca que tem aqui no condomínio mesmo. Na verdade, trata-se de uma sala com chão emborrachado, com ar condicionado, cheia de brinquedos. Pelo menos, não tem TV e as crianças brincam pra valer! É também ponto de encontro entre as babás e algumas mães, como eu. Mas pela manhã, ninguém vem...
É isso! A vida vai tomando forma e as coisas vão entrando nos eixos. Eu descobri um estúdio de yoga e pilates aqui do lado e vou começar a frequentá-lo semana que vem. Mal posso esperar pra voltar a me movimentar e fazer novas amizades, quem sabe!... Em breve, nos mudaremos pra casa nova e aí será de novo uma adaptação. É aqui do lado e é lá que receberemos o container que está trazendo nossas coisas (alguns móveis, livros, brinquedos, nossos utensílios de cozinha). O condomínio é mais austero do que esse, mas não adianta tentar imaginar como será. Apenas quando estivermos lá é que saberemos, não é mesmo?
(Acabou de chegar aqui na brinquedoteca uma babá, que ainda não identifiquei a nacionalidade (ela não fala inglês!), com duas crianças que me parecem chinesas. Iuri ficou todo feliz, mesmo não sabendo ainda falar inglês com seu amiguinho da mesma idade. Mas eles estão brincando do mesmo jeito: montando blocos gigantes e falando cada um `a sua maneira... bem legal de se ver! São de Mianmar, acabei de saber!)
Como este post foi escrito ao longo do dia, já tenho a resposta sobre a escola que fui visitar: não dá!... O jardim de infância é muito esquisito, parece um labirinto improvisado, com pouquíssima ventilação, salas bem feiosas com pinturas que não me agradaram... Enfim, nem é uma escola baratinha, mas investindo um pouco mais, acredito que Iuri terá recepção melhor. Não visitei a outra ainda, mas tenho certeza de que ficarei bem mais satisfeita e tranquila. Mais no próximo episódio!
Maíra Bezzihttp://www.blogger.com/profile/02093016868305077389noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2508068301414602150.post-86186129339753520052014-09-11T22:19:00.000-07:002014-09-11T22:26:47.384-07:00Passeio e novas perspectivas<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-sp80ypYNM4o/VBKCSJ4wWZI/AAAAAAAAAJE/JnYof3Of0Fo/s1600/DSC_0026.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-sp80ypYNM4o/VBKCSJ4wWZI/AAAAAAAAAJE/JnYof3Of0Fo/s400/DSC_0026.jpg" /></a></div>
Quarta-feira passada, tive o prazer de passear sozinha pela primeira vez pela cidade. Era fim de tarde e já não estava mais tão quente. Certamente, a temperatura continuava alta, mas como não há mais sol direto, é bem mais agradável andar pela rua.
Peguei um ônibus aqui perto e fui `a estação de metrô mais próxima (eles falam que é um trem, mas é um metrô mesmo). O engraçado é que fui diretamente ao guichê, mas os tokens só podem ser comprados na máquina. O preço da passagem varia de acordo com o lugar onde se desce.
Comprei meu token e lá fui eu. Passei pela máquina e alguém me disse para depositar o token e assim fiz. Ao descer na estação desejada (KL Sentral – eu estava indo até Little India), fui pega de surpresa, pois o tal token que eu havia deixado no meu ponto de partida seria necessário para sair da estação (é assim que eles controlam se se pagou corretamente pela destinação!). Ri de mim mesma e pedi pra guardinha abrir a saída pra mim... Ela deu uma risadinha e disse: “next time”...
A estação é enorme e se conecta com um shopping mall – aliás, aqui em KL, uma das coisas que mais se vê construídas são os malls, pra tudo que é lugar! Pedindo informação, e sendo sempre bem acolhida, cheguei ao meu destino, mas não encontrei o que fui procurar... Um tanto desapontada, fiquei um pouco meio sem saber o que fazer.
Enquanto isso, ao meu lado, havia um pequeno templo de alguma religião indiana - desculpem a minha ignorância, onde dois homens com os dorsos nus entoavam um canto enquanto defumavam a sala. De lá de dentro exalava um perfume delicioso de incenso e a estátua de um deus estava coberta de flores. E ooops! Quase tomo um susto, pois bem do ladinho da entrada do templo havia uma jaula bem grande com dois macacos! Deu vontade de entrar e ficar por lá mesmo (no templo, gente!).
Porém, a fome tava grande e decidi voltar pra cidade, já que eu queria muito ver KL de noite iluminada. Era por volta das 7 e não tardaria para anoitecer. Fiquei com muita vontade de comer algo na rua - quando se caminha pela cidade, nas calçadas, geralmente tem uma barraquinha de comida. Mas confesso que fiquei receosa por estar sozinha e pelo fato de talvez ser difícil conseguir algo pouco apimentado...
Então, entrei no mall e voltei para a estação. Lá, entrei em um restaurante pequenininho, que servia acho que pratos simples para agradar todas as etnias daqui. Comi uns pasteizinhos de curry deliciosos e tomei iced tea. Depois voltei ao mall e entrei na Godiva (ninguém é de ferro, ne?). Passeei um pouco comendo chocolate amargo de excelente qualidade – ueba! Aqui, tem todas as lojas legais das quais temos noticia. Acho que os preços são, no geral, melhores do que no Brasil, mas ainda não fui a nenhum lugar budget que tem por aqui pra comprar roupa pra criança, tênis, essas coisas.
Decidi experimentar uma bebida gelada (aqui tem um monte de tipos) que é uma espécie de suco ruinzinho, tipo tang, talvez, que vem com umas bolinhas gelatinosas deliciosas dentro. Pedi um de maracujá e adorei! Só não sei o nome do negócio; aprenderei! E assim, refrescadíssima, fui para KLCC, que estava cheio de gente: turistas, locais, casais com crianças pequenas... Uma delicia! E foi lá que tirei essa belíssima foto das Petronas Towers.
Esse passeio tão simples foi de extrema importância pra minha sanidade. No dia seguinte, passei um super estresse pra cumprir a tarefa, aparentemente simples, de deixar Nina e Gabriel na escola e retornar pra casa. Tivemos que pegar um táxi mais caro, já que os budget que passavam ou não paravam, ou estavam lotados. Taxímetro rolando e o motorista decidiu, por duas vezes, pegar um caminho mais longo e estranho pra mim. Mas conseguimos chegar a tempo. Ufa!
Fui conversar com a secretária responsável pelo transporte e ela me disse que me compreendia, que já havia vivido isso e que estava fazendo o possível para nos atender. A situação só é problemática porque não fizemos a reserva do transporte escolar com antecedência. De fato, escolhemos não morar nas proximidades da escola, que fica a uns 10 km daqui, porque esta área onde estamos é mais interessante pra nós: aqui, os condomínios são todos baixinhos e estamos a uma caminhada da cidade, bem como da embaixada brasileira. Lá, os condomínios são bem altos e há morros, o que dificulta a locomoção a pé com criança, além do trânsito que João teria que pegar diariamente. E o horário escolar permite a circulação ainda sem trânsito!
Pra voltar pra casa, fui descendo o morro no qual fica a escola e consegui um taxi qualquer que, primeiramente, não queria me trazer de volta - sim, aqui tem muito disso: os taxistas não têm papas na língua, eles rejeitam mesmo o cliente se não for conveniente pra eles. Entrei e ele me perguntou se eu sabia onde era e eu respondi que sim. Então, ele começou a dirigir super rápido e entrou em uma highway desconhecida pra mim e começou a ir na direção errada! Foi a primeira vez que liguei o GPS no celular e foi o que me salvou, porque comecei a ficar com muito medo do cara, que era jovem, não falava inglês direito e não sabia onde estava indo. Ele fez de tudo: abriu a janela pra fumar e tinha aquela atitude de garoto que dá cavalo de pau no carro! Rezei e conseguimos chegar, nem sei como!...
Finalmente, hoje estou tendo meu primeiro dia relativamente tranquilo na Malásia. Ontem tive o prazer de receber uma faxineira aqui em casa e ela limpou a minha casa, que estava imunda! Grata, Vina! Ontem de noite, tivemos a noticia maravilhosa de que a partir de hoje, sexta, as crianças teriam o tão esperado transporte! Fiquei tão feliz e aliviada que até minha menstruarão, que tava atrasada, desceu! Hahahaha E pra completar a minha alegria, João teve um encontro com o proprietário de um apartamento maravilhoso, que eu fui ver do outro lado da rua e... O cara é um super empresário chinês, tranquilo, e topou a nossa proposta! Ufa, que maravilha! Isto significa que estamos com nossa moradia em KL garantida e devemos nos mudar no inicio de outubro.
Por ora, fecho o meu texto e abro meu coração para a minha nova vida. Em breve, mais!
P.S.: não entendo porque não consigo mais fazer parágrafos aqui no blogger. Se alguém puder me ajudar com isso, agradeço!Maíra Bezzihttp://www.blogger.com/profile/02093016868305077389noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2508068301414602150.post-72064602461882260482014-09-07T08:48:00.001-07:002014-09-07T08:49:55.180-07:00Kuala Lumpur: primeiras impressões Finalmente consegui um tempinho e uma dose de coragem para escrever!...
Minha vida mudou (de novo!) e dessa vez mudou tanto que tive que dar meia volta no globo terrestre... Estou novamente casada com o João (o mesmo - escreverei mais sobre esse processo em momento oportuno) e, como ele trabalha servindo a pátria com serviço exterior, ele acaba de ser removido para trabalhar na Embaixada do Brasil na Malásia, em Kuala Lumpur.
Chegamos aqui há menos de 10 dias, exaustos da longuíssima viagem, carregados de malas e todos os nossos quatro filhos: Nina, 13, Gabriel, 6, Iuri, 3 e meio e Benjamin, 1 e meio. Estamos muito bem instalados, em um apartamento em condomínio com serviços, mas provavelmente teremos que nos mudar, visto que precisamos de um quarto extra e aqui não ha esta possibilidade.
Quem me conhece e se lembra dos meus textos anteriores sabe que a minha praia não é fazer textos informativos, apesar dos dados serem importantes - principalmente quando se está em um lugar tão diferente de onde se vem! Gosto de usar este espaço e esta ferramenta fantástica de publicar meus escritos para dissertar sobre minhas impressões, minha experiência, meus sentimentos... A regra é não me prender a nenhum tipo de padrão. Eu faço isso justamente para me sentir livre, leve, para que eu possa divagar sobre qualquer assunto. O uso da primeira pessoa é proposital e marca também essa proposta.
Agora, mais do que nunca, quero ter um espaço só meu, onde eu possa convidar as pessoas a entrar no meu mundo, abrindo as portas da minha casa e oferecendo algo interessante (ou não) para conversarmos ao tomarmos um chá, um café, um suco, um sorvete, fumar um cigarro... sei lá!...
Então vamos ao que interessa: Kuala!
Hoje fizemos nosso primeiro tour pela cidade. Pegamos o "hop-on, hop-off bus" e saímos ao vento primeiro e depois praticamente dentro da cabine com ar condicionado a ver a cidade. Até então, eu só tinha conhecido o caminho do táxi até a escola das crianças, que fica longe de onde estamos uns 10 km. Pudemos ver de perto todos os pontos turísticos principais da cidade e só realmente descemos em dois: no Central Market e em Merdeka Square. Ambos valem a pena enfrentar o calor...
Tive também o meu primeiro contato com a comida chinesa-malasiana, se posso colocar assim. Fomos a um restaurante chinês (bem diferente dos nossos chineses-brasileiros). Eu pedi tofu frito e ele veio em um molho mega apimentado, que mal deu pra eu curtir!... Nunca fui chegada a pimenta, mas adoro experimentar comidas diferentes. Fui com fé, mas minha tolerância, aparentemente, não foi suficiente pra curtir o meu prato. Comi um pouco do frango do João, que estava muito bom, mesmo com a quantidade enorme de pimenta! As crianças acabaram não comendo direito, só os rolinhos primavera da entrada e uma espécie de lula a milanesa. Por fim, todos tomamos muito suco de laranja e abacaxi!
Eu adorei ir a Merdeka. Quem curte arquitetura vai curtir muito uma viagem a KL. Os prédios são lindos, diferentes, cada um de um jeito. E a arquitetura de um século de idade é igualmente bela e interessante. Nós assistimos a uma apresentação impressionante dentro de uma galeria nessa praça. É um centro onde eles contam a história da cidade e onde há também uma lojinha incrível com um tipo de arte local feita em madeira, com detalhes minuciosos e chocantes! Tem uma sala onde há essa apresentação de 4 minutos com um vídeo simples sobre a cidade, bem informativo. Mas a mágica acontece na nossa frente, na super maquete de toda a cidade, que fica toda iluminada e acontece um espetáculo de luzes e música junto... Foi um negócio tão incrível e impressionante que nos deixou todos de queixos caídos!...
A diversidade do povo é talvez o que mais impressione aqui. O país é laico-muçulmano, o que significa que eles são muçulmanos abertos a outras religiões. A etnia malaia é a maioria e toda muçulmana. Aí tem os chineses, que ou não tem religião, ou são budistas, acho, e os indianos, que são de religiões variadas. É no mínimo curioso cruzar com mulheres inteiramente cobertas e com véu, ou mesmo burca, e na mesma calçada ver as chinesas vestidas com roupas ocidentais, shorts, braços nus... Há indianas que caminham com seus belos sáris nas ruas e, claro, há toda uma comunidade internacional, com seus gringos diversos, fazendo desta cidade sua casa do momento.
Depois de uma primeira semana bem cansativa e um pouco estressante por causa da dificuldade de acertar a diferença de 11 horas no sono de todos - não é brincadeira: criancinhas acordadíssimas às 2 da manhã, indo dormir às 5, depois outra acordando às 6, indo dormir à tarde para acordar às 11 da noite e por aí vai -, parece que a vida vai tomando o seu ritmo. Estamos passando por algumas dificuldades em relação a transporte, principalmente, já que não havíamos reservado o ônibus escolar da escola francesa com antecedência, nem possuímos carro ainda. Mas eu acredito que tudo vai se ajeitar no seu tempo.
Estou muito feliz e satisfeita comigo mesma de ter produzido este texto e faço aqui um compromisso que, em breve, haverá mais! E com fotos, espero!
Maíra Bezzihttp://www.blogger.com/profile/02093016868305077389noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-2508068301414602150.post-83315125702799672402013-10-23T18:44:00.001-07:002013-10-23T18:44:07.692-07:00Tirando a poeiraCaros leitores e leitoras,
estou aqui diante de vocês para convidá-los a voltar a ler este blog, que esteve parado durante tanto tempo (mais de dois anos, dá pra acreditar?). De lá pra cá muita coisa mudou, mas uma coisa mudou mais do que as outras: EU MESMA!
Falo de dentro: sinto-me revirada, repaginada, de dentro pra fora! E mais: sinto-me pronta para retomar o compromisso de publicar aqui textos meus, da minha cabeça, do meu coração, da minha casa e da minha alma!... Palavras que eu queira botar no papel virtual e, com elas, tornar públicas coisas minhas, mas que também possam ajudar a trazer a luz a outras pessoas.
É verdade, eu continuo sendo mãe em tempo integral e dona-de-casa, porém agora, além de ser uma mulher divorciada, que tem mantido uma relação amigável e civilizada com o pai dos meus quatro filhos (sim, sou mãe de quatro crianças lindas!), venho me conhecendo melhor, me cuidando melhor, e entendendo que a prioridade em minha vida sou eu mesma. Isto pode soar um tanto banal, cafona, ou egoísta para algumas pessoas. Mas para mim é algo realmente novo.
Hoje eu compreendo o que é me amar de verdade: me enxergar, me valorizar, me conhecer e me reconhecer! Estou exatamente como cantava o Roger do Ultraje a Rigor: "eu me amo, eu me amo, não posso mais viver sem mim!"<blockquote></blockquote>
Neste meu universo cabem muitas coisas: coisas de mulher, de mãe de adolescente, criança pequena e bebê, que busca um olhar atento, presente, sincero e afetuoso com suas crianças, coisas de gente que busca crescimento espiritual, redescoberta profissional, seu lugar no mundo, enfim! Vale tudo, minha gente! Quero mais é me levantar, sacudir essa poeira e dar a volta por cima! Quem me acompanha nessa dança?
Maíra Bezzihttp://www.blogger.com/profile/02093016868305077389noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-2508068301414602150.post-53344028937589728772011-08-23T06:12:00.000-07:002011-08-23T07:01:51.077-07:00Mamãe, estou no mundo!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-4-nxgPbEa3I/TlOl5Pf1OQI/AAAAAAAAAFE/kmeVxHpiuHg/s1600/Imagem%2B216.jpg" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="240" width="320" src="http://3.bp.blogspot.com/-4-nxgPbEa3I/TlOl5Pf1OQI/AAAAAAAAAFE/kmeVxHpiuHg/s320/Imagem%2B216.jpg" /></a></div><br />
Gabriel e Nina começaram o novo ano escolar hoje, na escola francesa daqui. Ela, pelo sexto ano consecutivo, voltando às aulas na mesma escola, reencontrando os amigos. Ele, indo pela segunda vez a uma escola (havia frequentado uma creche por alguns meses antes, lembram?), mas pela primeira vez na escola francesa, que, com certeza é bem diferente!...<br />
<br />
Chegamos na mesma sala que Nina estudou lá no seu primeiro ano, a <i>Petite séction</i> e a <i>Moyenne séction</i> ficam juntas, apresentamo-nos à professora brasileira, Nara, e ao professor francês, Frank. Gabriel disse o seu nome e rapidamente sentou-se para brincar com alguns brinquedos no chão. Papai conseguiu ainda lhe dar um beijo. Eu não, pois fui mais lenta, com Iuri no colo e meu Biel nem sequer olhou pra trás! <br />
<br />
A sala é pequena e muito simples. Há dois professores e uma auxiliar para cada turma. Eu e João apreciamos muito esse jeito simples e "francês" de lidar com as crianças. Não é preciso deixar nada na escola: nem bolsas, nem lanche, nem mudas de roupa. Se acontecer "algum acidente" tipo xixi e tal, eles trocam tudo. Os pequenos têm um horário de 45 minutos para descansar e eles saem da escola apenas 15 minutos antes do horário de todo o primário, 12h45.<br />
<br />
Há seis anos atrás, quando chegávamos na França e deixamos a Nina na escola "francesa" (óbvio, né?), estranhamos muito o jeito "pouco carinhoso" da <i>maîtresse</i>: nada de beijinhos, nem abraços o tempo todo com as crianças. Nina ainda não falava francês e no primeiro mês pegou catapora! Acho que foi a maneira dela lidar com as primeiras dificuldades. Mas rapidamente fez amigos e uma amiga muito especial e já na época do Natal, além de compreender tudo, já se arriscava a falar a língua. Deixar todas estas conquistas para trás, na hora de voltar, foi outro desafio também.<br />
<br />
Quando ela começou na escola francesa daqui, já com 5 anos, não houve um período de transição muito forte, já que ela já falava francês e o que aconteceu na época é que a melhor amiga dela, que a acompanhou durante três anos seguidos e cujos pais tornaram-se nossos amigos íntimos também, é francesa. Valentine deixou o Brasil há dois anos para viver outros anos em Dublin, na Irlanda.<br />
<br />
Bem, não sei bem como Gabriel vai voltar da escola, nem o que ele vai contar, nem como se sentiu. Ele ainda não fala francês e não sabemos como será a aquisição da língua para ele. Mas de uma coisa eu tenho certeza: ele está fortalecido para ir para o mundo! Ele pode ser magrinho e sensível, mas não é nem um pouco frágil! Que satisfação é ver meu filho tão forte fora de casa. Há dez dias, ele começou uma aula de judô de tarde, em uma turma com crianças de 3 a 7 anos e ele só me surpreende com o seu comportamento quando está com outras crianças.<br />
<br />
Modéstia à parte, sinto que essa segurança e essa força que ele tem vêm justamente do fato dele saber que mamãe e papai estão disponíveis para ele. É fruto do nosso trabalho e dedicação. Estou emocionada... Há pouco tempo, ele era como Iuri, totalmente dependente de mim! E agora tá aí, no mundo, desmamado, desfraldado, criando, aprontando muitas peripécias, tirando a mamãe do sério antes de dormir... hahaha... com certeza, não é mais um bebê! <br />
<br />
Tudo isso só me fortalece e me mostra que quando exercemos a paternidade e a maternidade com responsabilidade e consciência, respeitando, amando e cuidando dos pequenos indivíduos que colocamos no mundo (por opção!), eles se tornam crianças e pessoas saudáveis, capazes de exercerem sua individualidade na sociedade, sabem relacionar-se com os outros e enfrentam os desafios e frustrações da vida com mais segurança e serenidade. <br />
<br />
Para mim, essa relação de parceria entre casa e escola, cada uma com o seu papel, respeitando o espaço e os limites de cada uma, é fundamental para o crescimento do indivíduo. Não que exista escola perfeita (muito menos pais e mães perfeitos!), mas deposito minha confiança na escola dos meus filhos, pois sei que eles têm todo o carinho que merecem e necessitam dentro de casa e que terão outras oportunidades de crescimento, conhecimento, relacionamento, fora dela. Hoje estou feliz e satisfeita!Maíra Bezzihttp://www.blogger.com/profile/02093016868305077389noreply@blogger.com12tag:blogger.com,1999:blog-2508068301414602150.post-85712585732575862552011-08-21T08:27:00.000-07:002011-08-21T08:27:38.744-07:00Limpa Brasília!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-lQjs-T0nTgY/TlEi-oS0X1I/AAAAAAAAAE8/xOSxpYbE_7I/s1600/fotos%2Bdo%2Bap%25C3%25AA%2B057.jpg" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="240" width="320" src="http://2.bp.blogspot.com/-lQjs-T0nTgY/TlEi-oS0X1I/AAAAAAAAAE8/xOSxpYbE_7I/s320/fotos%2Bdo%2Bap%25C3%25AA%2B057.jpg" /></a></div><br />
Agora de manhã fiz uma coisa que gostaria de ter feito há muito tempo. Catei todo o lixo que havia na frente da minha casa. Explico. Hoje, 21 de agosto, é do dia do <a href="http://www.limpabrasil.com/site/">Limpa Brasil</a> aqui em Brasília. Impulsionada pelo projeto, que instiga as pessoas a saírem de suas casas hoje e catar o lixo de suas comunidades e entregá-lo em um posto de entrega, dediquei uma hora do meu domingo de manhã a esta tarefa.<br />
<br />
Eu cheguei a me inscrever no site, como voluntária, para depositar o lixo recolhido e tal. Mas talvez a minha contribuição seja silenciosa mesmo. Bem, não para vocês! Não me afastei quase nada do meu apartamento. Moramos em uma quadra das quatrocentos, quem conhece sabe como é. Os prédios são baixinhos, de no máximo, 3 andares, em sua maioria com pilotis. Moramos no primeiro andar e temos uma vista bem agradável, do jardim do prédio, com um bougainville gigante e jasmim. Tem uma cerca viva que separa o jardim "da rua", por assim dizer, já que do outro lado é a calçada pública.<br />
<br />
A uns quarentas metros da minha janela, tem uma árvore do cerrado bem grande, com um banco debaixo e uma lixeirinha logo em frente. Seria um lugar agradável, não fosse o constante lixo, fruto do que se consome lá. Gente de todo tipo se reúne para fofocar, jogar conversa fora, beber e fumar! Imaginem a quantidade de garrafas de cerveja (inclusive quebradas) que recolhi. Carteiras de cigarros, sacos plásticos , papéis e papelicos, copos de plástico e embalagens do McDonald's também encheram meus três sacos de lixo de 50 litros cada.<br />
<br />
Uma avenida de grande movimento fica aqui perto, com um ponto de ônibus, o que faz com que um grande volume de pessoas passe aqui na frente e, consequentemente, jogue o seu lixinho pessoal aqui. A iniciativa do projeto é a conscientização para o fato de que os brasileiros, em sua maioria, continuam jogando lixo (e muito) nas ruas. Com certeza, Brasília não é a cidade mais suja do país, principalmente porque no Plano Piloto, pelo menos, há garis nas ruas diariamente recolhendo a sujeira da galera! Mesmo assim, é incrível a quantidade de lixo que se joga na rua...<br />
<br />
Agora mesmo estou olhando pela minha janela e notei que já tem uma galerinha naquele ponto que acabei de mencionar e me pergunto se eles vão notar que está limpo! Também queria saber se outras pessoas notarão e quanto tempo vai levar para ficar como estava... Mas afinal de contas, o que importa?<br />
<br />
Eu fui catando e pensando com os meus botões como sou dada a trabalhos aos quais as pessoas geralmente não querem fazer, não notam que são feitos e muito menos os valorizam. Que trabalheira esse de catar os lixos dos outros! Viva os catadores de lixo! <br />
Maíra Bezzihttp://www.blogger.com/profile/02093016868305077389noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2508068301414602150.post-56527724534826358382011-08-19T20:40:00.000-07:002011-08-19T20:40:21.454-07:00Meninas CastradasOntem fui levar o Iuri, que está com 7 meses e 12 dias, para tomar suas vacinas dos 6 meses (atrasadas). Estava eu aguardando no corredor do posto, com meu bebezinho no colo e observando a mãe ao meu lado.<br />
<br />
Sua filha parecia do tamanho do meu Biel, devia ter uns três aninho e pouco... Eram 8h30 da manhã e a menina estava com um vestidinho todo arrumado, um bolerinho de crochê, meias e um sapatinho de boneca. Os cabelos estavam arrumados em diversas marias-chiquinhas e a mãe, babando. Até aí tudo bem, pensei eu. O que é que tem a menina sair tão arrumadinha de casa pra tomar vacina? Deixa de ser preconceituosa e coisa e tal, Maíra...<br />
<br />
Até que a mãe me pergunta sobre a vacina de sarampo. Eu disse que o meu bebê não iria tomá-la, mas iria tomar outras. Ela disse então que não podia dizer pra filhinha sobre esta vacina, senão ela não ficaria lá de jeito nenhum. Então me lembrei que poucos dias antes, em um shopping daqui, antes de entrarmos no cinema, era dia de campanha de vacina. Eu não sabia desta vacina aí e disse pro Biel que ele iria tomar as gotinhas do Zé Gotinha e coisa e tal. Então a enfermeira me falou da injeção na coxa, era a tal contra o sarampo.<br />
<br />
Respirei fundo, olhei para o meu filho e disse que, além das gotinhas na boca, ele iria tomar uma injeção na coxa, que iria doer, mas que eu estaria lá com ele e que depois, a dor passaria. Eu o coloquei no colo, como recomendado pela moça e ela aplicou a injeção. Ele chorou, claro e gritou. Deixei ele chorar o tanto que quis. Após alguns minutos, ele se recuperou (totalmente - será?).<br />
<br />
Eu não contei a história do Gabriel pra moça, mas de alguma forma ela introduziu o assunto da injeção para sua filha. A menininha, então, expressando o seu medo, perguntou se poderia chorar na hora. A mãe disse que não, que ela não era um bebezinho. Ela perguntou se poderia ficar no colo e a mãe respondeu que não, que ela já era "moça" e que não precisaria de nada disso. Fiquei prostrada. Como assim, dizer a uma criança de três anos que ela não poderá chorar e se sentir indefesa diante de uma agulha gigantesca perfurando o seu corpinho?<br />
<br />
Enfim elas entraram e foram atendidas. No meio tempo, chega outra mãe, mais corpulenta, com outra garotinha do mesmo tamanho da outra. A menina está com uma blusa de malha rosada, uma sainha tipo de brim e uma calça legging azul marinho. Aparentemente, está mais ou menos sabendo que será vacinada. Aí aparecem a primeira mãe com a menininha do vestidinho, chorando muito. E a mãe diz: fulana, já passou, pára de chorar pra não assustar a cicrana, que acabara de chegar. As duas se conheciam da escola.<br />
<br />
A pequena da legging azul cochicha algo pra mãe, que diz em voz alta que ela está com medo e que não há razão para isso, que a vacina é rápida, quase não dói, parece um mosquitinho! Esta mãe então pergunta se a "Maria" lavou o rosto da pequena e depois fala em tom de bronca que ela tem que lavar o rosto! Depois, comenta com a outra mãe, quase debochando da filha, sobre sua roupa, que roupa era aquela que ela havia escolhido: rosa, com lilás, com azul marinho? Isso era roupa de "doidinha"! que ela teria que trocar de roupa assim que chegasse em casa. "Roupa de doidinha"? Qual o problema mesmo em combinar essas cores, sendo uma criança tão pequena, aprendendo e curtindo escolher as próprias roupas? A menina estava uma gracinha!...<br />
<br />
Minha pergunta é: estamos falando de castração de meninas ou não? Os "não-podes" começam muito, mas muito cedo para as mulheres... Não que os homens não sejam "castrados" pela sociedade também. Mas essas duas mães com suas filhinhas, aparentemente não fizeram nada de "grave", estavam apenas dizendo às suas filhas que elas têm que ser fortes aconteça o que acontecer, que elas não podem chorar, demonstrar fraqueza, medo ou dor, que elas devem prender o choro mesmo que esteja doendo. Eu considero isto muito grave!!! É o mesmo que dizer a elas que se alguém algum dia as violentarem, elas devem ficar caladinhas, aguentar a dor e guardarem o sofrimento para elas mesmas...<br />
<br />
E sobre as roupas, então? Desconfio que o conjuntinho da primeira menina tenha sido cuidadosamente escolhido por sua mãe, ela estava vestida "adequadamente" para uma menininha da sua idade; arrumada demais para o Posto de Saúde, é verdade, parecia uma bonequinha, mas "combinando". E a outra, com sua roupa de "doidinha" que deveria ser trocada? Isso pode, isso não pode, isso é certo, isso é errado, isso é de menina, isso é de menino, menina de rosa, menino de azul e a criança vai sendo podada e mais podada até não sobrar mais nada da sua autenticidade infantil e sua autonomia criativa... Socorro!<br />
<br />
Quando vamos parar de ditar o que nossos filhos devem fazer? Quando vamos parar de querer controlar tudo, de ver defeito em tudo, de ensinar nossas meninas a serem preconceituosas e submissas às vontades alheias? Até quando vamos dizer aos nossos filhos que eles não podem expressar seus sentimentos, que eles não devem sentir raiva ou medo? Que isso é feio e isso é bonito? Quando estaremos finalmente prontos para aceitá-los como são e dar a eles o espaço que necessitam para aprender a viver respeitando a si mesmos e os outros?Maíra Bezzihttp://www.blogger.com/profile/02093016868305077389noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2508068301414602150.post-18543189062912345152011-08-10T19:30:00.000-07:002011-08-10T19:30:19.203-07:00O Rio de Janeiro continua lindo!...Fizemos uma viagem de doze dias para o Rio de Janeiro e chegamos há uns cinco dias. Foram nossas férias em família! Fomos todos: João, as crianças e eu! Foi uma viagem muito legal. Com o perdão da falta de concordância, atrevo-me a escrever um pouco sobre ela...<br />
<br />
Teve praia maravilhosa com crianças "à milanesa", "bixcoito grobo" e mate com limão. teve praia com frio e vento estilo "programa de índio". teve encontros, risos e choros com tios, tias, primos, primas, bisavós e, claro, vovô Toni. teve até o casamento dele com a nossa Pri! teve Lapa da mamãe com o papai pra ver o tio Lolê tocar. teve bolo e guaraná pra comemorar o aniversário do papai (35, já, meu amor?). teve pizza, cachorro quente na rua. teve passeio pelo calçadão e pelo centro da cidade em obras. teve Confeitaria Colombo e Teatro Municipal. teve caminhada pelo Aterro. teve metrô e muito táxi amarelo. teve aula de acrobacia para a Nina. teve almoços e lanches deliciosos. teve um clima ótimo, dias de céu claro e até um friozinho gostoso. teve Jardim Botânico e belíssimas orquídeas. teve tráfego. teve passeio de pedalinho na Lagoa, seguido de chuva! teve Biel e Iuri que dormiram no carrinho. teve criança com sono e adulto cansado. Teve filminho na casa do vovô. teve tombo do bebê e nariz "quebrado". teve muita história essa viagem, teve bom demais esse Rio, minha terra natal!...Maíra Bezzihttp://www.blogger.com/profile/02093016868305077389noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2508068301414602150.post-7781713564604417402011-07-19T07:14:00.000-07:002011-07-19T07:14:19.469-07:00Mãe uma, duas, três vezes... sempre de primeira viagem!Muito se enganam aqueles que pensam que quem tem mais de um filho sabe tudo sobre os cuidados com os bebês e as crianças. As "mães de primeira viagem" somos todas nós: mães de um filho só, de dois, de três, de cinco, de dez! Independentemente do número de crianças que se cuida, mães e pais estão constantemente aprendendo e errando ao cuidar de cada uma de suas crianças. Isso porque cada criança é realmente única e exige cuidados diferenciados, ainda que seja filho ou filha do mesmo pai e da mesma mãe que os irmãos.<br />
<br />
Digo isso porque estou cuidando do meu terceiro bebê e percebo o seu jeitinho diferente dos outros dois. Arrisco até a dizer que já é possível ver traços de "personalidade", mas na verdade são características pessoais mesmo de cada um, já em bebês pequenos. <br />
<br />
Iuri, meu terceiro filho, está com 6 meses. Ele começou a engatinhar um pouco antes de completar esta primeira metade de ano de vida. Há uns 5 dias atrás, começou a sentar-se sozinho também. Divido isto porque nenhum dos meus outros filhos foi tão rápido ou forte para se locomover com tanta independência. Tanto Nina quanto Gabriel se arrastaram bastante, depois engatinharam bastante até finalmente caminharem sozinhos com 1 aninho e alguns dias.<br />
<br />
Sim, eu sou a "mesma" mãe e procuro dar as mesmas oportunidades para os meus filhos, então coloquei todos os meus bebês no chão praticamente na mesma idade - acho que todos eles com três meses já estavam no chão tentando se virar, brincando e coisa e tal. Mas com certeza, Iuri foi o primeiro a se virar sozinho e a se arrastar. Antes dos 5 meses, já estava de quatro, se equilibrando e testando sua resistência. Pode ser que esta independência seja fruto da necessidade real dele de se locomover e interagir com todos da casa, já que ele é o terceiro e o tempo que eu e papai temos para todos é dividido mesmo.<br />
<br />
Outra coisa interessante é como ele acorda de madrugada. Já há uns três meses, ele tem acordado quase que de hora em hora! Sei que ele ainda é pequeno e percebo que quando ele acorda, geralmente está incomodado: ou é um arroto, ou gases, ou um cocô que ainda não saiu... às vezes ele quer é ficar no colinho mesmo, dormindo. Eu estou aqui para isso mesmo, ofereço sempre o peito e ele mama se quiser. Mas acontece que estou bem cansada destas madrugadas "pauleiras". Papai também está cansado!<br />
<br />
Iuri dorme em um bercinho no nosso quarto e eu acordo ao menor sinal de movimento ou barulhinho dele e vou atendê-lo rápido, claro. Cheguei a pensar que ele estivesse com fome e estivesse acordando por causa disso. Comecei a oferecer-lhe alguns alimentos durante o dia, tipo bananinha, batatinha... Mas ele demorou a se interessar! Ou seja, acho que não é fome não. Como está muito seco aqui em Brasília, estou pensando na possibilidade dele estar com sede e então estou oferendo golinhos d'água de vez em quando. Vamos ver se vai ajudar!...<br />
<br />
Mas, na real, acho que tenho que olhar pra mim e me perguntar o que há em mim que não deixa que ele relaxe de verdade e pra valer durante a noite. Sem culpa nem nada, não é isso. Mas não posso esquecer que estamos em quase que uma simbiose e se eu não estiver bem e tranquila, ele também não vai estar. E eu sei que estou em um momento frágil, com questões pessoais e conjugais também. Pode ser que ele esteja captando tudo isso e muito mais!<br />
<br />
Sei que existe uma tranquilidade natural em mim para lidar com as coisas das crianças e que esta tranquilidade fica mais latente a cada filho, mas é muita presunção achar que tenho as respostas para todos os problemas e que eles se resolverão da mesma forma para todos! Com cada um deles, os desafios são diferentes. Então é isso, um dia de cada vez, os filhos ao mesmo tempo, mas cada um com seus momentos e a vida vai seguindo e eu tentando dar o que há de melhor em mim, né não?Maíra Bezzihttp://www.blogger.com/profile/02093016868305077389noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2508068301414602150.post-91474803634011063842011-07-11T17:16:00.000-07:002011-07-11T17:16:21.179-07:00Da minha missão e do meu propósitoHoje foi um dia estranho para mim. Dormi muito pouco, acordada várias vezes tanto pelo Iuri, que está de nariz entupido e tossindo, quanto pelo Gabriel, que acordou chorando duas vezes. <br />
<br />
Eu tinha ido dormir relativamente cedo, mas com a madrugada super agitada e tendo que me levantar hiper cedo, comecei o dia "com o pé esquerdo": irritada, soltando grosserias para todo o lado. Felizmente, meu humor foi melhorando ao longo do dia e agora posso dizer que estou tranquila. Bom, não 100% tranquila, já que meus sentimentos também estão mexidos.<br />
<br />
Digo isso porque estou um pouco confusa em relação a um propósito de vida que eu não consegui identificar ainda. Profundo, né? Alguns podem até pensar e me questionar: mas você não brigou e lutou tanto pelo seu desejo e direito de ficar em casa "maternando" em tempo integral? E eu vou dizer: sim, com certeza. E continuo "maternando" com vontade e amor em tempo integral. Porém, há algo que me inquieta e que meus filhos não podem suprir. Há algo que falta e que não tem muito a ver com eles, tem a ver comigo mesma.<br />
<br />
Ser mãe para mim é uma missão, a mais importante deste momento. Um dos momentos mais gostosos de hoje foi quando saí só com o Gabriel para comprar pão. Ele se machucou logo na porta da saída do prédio e eu peguei ele no colo como se ainda fosse um bebezinho... E então eu percebi como era importante eu estar com ele naquele exato instante, abraçá-lo, poder consolá-lo e confortá-lo. Saímos e eu coloquei ele nas costas, "de cavalinho", e nós dois desfrutamos de alguns minutos de total alegria com a presença de um e do outro.<br />
<br />
Talvez eu esteja simplesmente cansada do "batidão". Iuri é um bebê extraordinário, grande, forte e relativamente precoce. Mal completou 6 meses e já está engatinhando por toda a casa. É pesado e fica bastante no colo também. Na verdade, quando não está no chão ou dormindo no bercinho (que fica no nosso quarto), ele está comigo no sling. Acorda inúmeras vezes de madrugada; parei de contar e de olhar no relógio, já que não tenho hora marcada para acordar porque os outros estão de férias e acho que assim fico menos angustiada. Acho que ficou complicado para mim acordar quantas vezes for necessário de madrugada, já que a demanda por mim durante o dia é também incessante.<br />
<br />
Como vocês sabem, sou assídua do blog Mamíferas, que hoje está lançando o site delas (venha ver que maravilha <a href="http://www.mamiferas.com/">aqui</a>), como se fosse uma revista. E eu fico sempre me perguntando: como elas conseguem??? Principalmente a Tata, que tem três filhos (duas gêmeas de 6 anoe e uma menorzinha de 2 anos e alguma coisa). Eu sei que ela é blogueira profissional, mas eu me questiono sempre como isso é possível? Ser a mãe que ela é, presente, ativa, consciente, de três crianças e ainda produzir textos como faz? Puxa, acho que sou uma desorganizada mesmo, mal consigo ver e responder e-mails; quanto mais dar conta de produzir textos em casa assim... sniff sniff<br />
<br />
Sim, estou em crise; acho... Crise profissional? Talvez. Vejam bem, não é que eu tenha dado um tempo ou tirado uma licença da "carreira da minha vida". Tampouco não estou cuspindo no prato que comi. Fui professora de inglês por 10 anos e sou grata! Tenho certeza que tenho jeito para coisa, mas não sei se quero voltar para a sala de aula. Na real, estou é perdida em relação ao que quero fazer da minha vida. Ser mãe é intrínseco e natural para mim, é a minha missão. Mas ainda não é o meu propósito de vida; perceberam?<br />
<br />
Não sei de nada, não sei para onde ir. Digo que vou fazer concurso no ano que vem (SERÁ?), queria me profissionalizar como blogueira (mas COMO?), mas também tem a formação em dançaterapia que eu fiz quase 1/3 e parei e quero voltar, enfim... "Só sei que nada sei", não é mesmo? Eu não estou dando um tempo de alguma coisa para voltar depois destes anos em casa. Eu simplesmente não tenho para onde voltar. Tenho que reconstruir, na verdade, construir um novo caminho para mim. E não sei por onde começar.Maíra Bezzihttp://www.blogger.com/profile/02093016868305077389noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2508068301414602150.post-86045339017020868812011-06-19T19:13:00.000-07:002011-06-19T19:13:10.177-07:00Organizar para CriarDurante esta minha "quarentena" sem João, meu companheirão, decidi tomar algumas atitudes. Não digo nem decisões porque o que quero mesmo é sair da inércia em relação a várias coisas.<br />
<br />
A coisa mais importante que tenho aprendido neste período é que eu quero me organizar melhor. Quero me organizar. quero uma casa mais organizada. Quero uma rotina mais organizada com as crianças, não algo necessariamente imposto, mas mais organizado e com mais regras, com certeza. Regras? Sim, aquelas da boa convivência, aquelas do cuidado consigo próprio e com os outros.<br />
<br />
Já fazemos coisas desse tipo: tomar banho diariamente, escovar e passar fio dental nos dentes, comer na hora certa, comer coisas frescas... Então agora só faltam coisinhas básicas, como por exemplo: deitar para dormir só depois do quarto organizado. Entrar no facebook, só depois da escrivaninha organizada. Enfim, quero aprender a fazer um pouquinho todo dia pra não ter que fazer um muitão de vez em quando. <br />
<br />
Isto pode parecer bobagem para pessoas que têm facilidade em se organizar, mas para mim não é. Tenho uma disciplina natural para seguir regras e me manter "na linha", mas me perco muitas vezes na falta de organização e na bagunça. Em todos os aspectos. Desde o armário da cozinha, a louça do dia anterior, até as roupas limpas para guardar, os brinquedos das crianças e este blog mesmo! Tenho uma tendência a deixar as coisas se acumularem. Porém, não me sinto bem com as coisas por fazer.<br />
<br />
E durante a ausência do João ficou muito claro que eu mesma não dou mais conta desse meu jeito. Quero mudar. Quero aprender como ser mais organizada. Sei que com mais organização e mais disciplina, terei tempo e energia para outras coisas mais interessantes. Tempo para relaxar e produzir. Tenho feito a seguinte comparação: para um músico poder improvisar, ele precisa saber da "organização" da música, como o tom (mi menor, sol maior ou o que for) e a harmonia (a ordem e natureza dos acordes do acompanhamento), além da melodia, claro. Só assim ele estará organizado o suficiente para criar algo novo, sua improvisação.<br />
<br />
E assim pretendo fazer. Para poder fazer a minha "música", preciso de mais tranquilidade. E para fazer isso, começo com esta mudança. Que as deusas me iluminem!Maíra Bezzihttp://www.blogger.com/profile/02093016868305077389noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-2508068301414602150.post-7877505294272873022011-06-09T18:45:00.000-07:002011-06-09T18:45:23.691-07:00Joelho e inquietações<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-b7roVn5CeV0/TfF2cBZdC6I/AAAAAAAAAEc/OVJ9UJ9y1As/s1600/cascacvov%25C3%25B3%2Be%2Biuri%2B026.jpg" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="240" width="320" src="http://1.bp.blogspot.com/-b7roVn5CeV0/TfF2cBZdC6I/AAAAAAAAAEc/OVJ9UJ9y1As/s320/cascacvov%25C3%25B3%2Be%2Biuri%2B026.jpg" /></a></div>"esponjinha" da casa de mamãe, foto da minha Nina<br />
<br />
Sim, tem sido difícil me organizar para produzir em meus blogs. No geral, estou cansada demais para escrever, ou com o tempinho que sobra, entro no facebook para me divertir... hehehe<br />
<br />
Durante esta viagem do João, que ainda vai durar 2 semanas e meia, muitas coisas acontecera. Todo mundo ficou doente, inclusive eu! Na verdade, meu joelho direito bichou. Há dez dias, ele deu um "crec" mega e "parou" de funcionar: ficou muito dolorido. Fui ao médico e chegamos à conclusão que machuquei o menisco durante minha louca aventura (<a href="http://minhacasaminhaalma.blogspot.com/2011/05/uma-aventura-no-mato-de-como-me-perdi-e.html">aqui</a>) e que ele foi se deteriorando com o tempo.<br />
<br />
Amanhã pegarei o resultado da ressonância magnética (aliás, achei o exame o máximo, com aqueles sons todos..) e com ele terei a opinião do médico que me atendeu no pronto-socorro. Tudo isso pra dizer que nos últimos dias tenho estado debilitada, andando com um imobilizador no joelho, fazendo compressa gelada e me poupando. Mas a dor quase já não está presente e meu humor já é outro!<br />
<br />
Sim, esses dias tenho ficado mais introspecta e tomei algumas decisões. Cansei de algumas coisas na minha vida serem do jeito que são. Decidi aprender a ser uma pessoa mais organizada; a bagunça da minha casa tem me cansado ao extremo e perceber a minha falha nos meus filhos é horrível!... Enfim, muitas coisas na cabeça, muitos desejos no coração. Muita fome de arte, muita saudade do João, mas ao mesmo tempo, percebendo a importância de me voltar para mim mesma e me dedicar a mim!<br />
<br />
Em breve, mais! <br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-l-T_Mgk6Q-U/TfF2w0A4KaI/AAAAAAAAAEk/5lKtfOywo7c/s1600/cascacvov%25C3%25B3%2Be%2Biuri%2B013.jpg" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="240" width="320" src="http://3.bp.blogspot.com/-l-T_Mgk6Q-U/TfF2w0A4KaI/AAAAAAAAAEk/5lKtfOywo7c/s320/cascacvov%25C3%25B3%2Be%2Biuri%2B013.jpg" /></a></div>Maíra Bezzihttp://www.blogger.com/profile/02093016868305077389noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2508068301414602150.post-40069350775885007182011-05-16T17:16:00.000-07:002011-05-16T17:16:24.824-07:00Ele lá e nóis cáHá exatamente uma semana atrás, João embarcou em sua primeira missão para o Japão.<br />
Desde então, estou sozinha em casa com as crianças. 24h. E será assim até o fim do mês de junho.<br />
<br />
Como estamos? Acho que bem. Agora as zicas começaram a dar trégua. Na semana passada, todos (sem exceção) ficaram doentes. E hoje de manhã, finalmente, descobrimos o que Nina tinha e a fez chorar durante o fim de semana inteiro. Córnea machucada, provavelmente por conta de coceira no olho durante a gripe. Mas agora estou tranquila porque sabemos o que é e ela está medicada e mais calma. <br />
<br />
Gabriel e Iuri também estiveram gripados (sim, até o pequenininho!), mas estão todos melhores agora. <br />
<br />
Sinto que a imunidade geral da casa deu uma baixada com a viagem do papai para tão longe e por tanto tempo... Mas eu não fico pensando no tempo nem na distância. Tenho vivido um dia de cada vez, me concentrando no que devo fazer naquele dia e vou fazendo e o dia vai passando. Nos momentos em que estive mais cansada, nem cheguei a pensar 'puxa, mas se o João estivesse aqui seria diferente'... Bom, ele não está e não adianta, nem ajuda nada pensar assim. <br />
<br />
Ele está feliz, ainda se adaptando ao fuso maluco. Enquanto ponho as crianças para dormir, ele está se arrumando para ir para o trabalho. São doze horas certinhas de diferença. É bem doido pensar por exemplo no que ele está fazendo, vendo agora... tudo tão diferente! Uma ilha mega-desenvolvida, auto-suficiente, super populosa, linda e interessante. É o caos organizado, como ele gosta de falar. Pessoas disciplinadas, que comem tudo o que está em seus pratos, categóricas, simpáticas e amáveis. Enfim, não sou eu quem estou lá, mas João é um ótimo observador, relator, 'descrevedor'... para mim, um escritor!<br />
<br />
Ele me perguntou hoje se sinto saudades dele. Sim, sinto. Mas não quero ficar na melancolia. Até porque na maluquice do nosso mundo atual, ele 'janta' com a gente em cima da mesa, enquanto nos falamos e nos vemos no skype! Trocamos emails diários. Ele posta vídeos no facebook e assim vamos nos mantendo informados, interligados e conectados. Literalmente, eu sou a mulher que 'fica em casa', enquanto ele, homem, corre o mundo e traz notícias de lá para cá, de fora para dentro!<br />
<br />
Estes são dias especiais onde percebo que, mesmo na ausência, ele está presente diariamente em nossas vidas. Nas conversas, nas brincadeiras, nos choros, nos sonhos. Ele está fora, mas sua essência, seus valores estão aqui dentro. E nós estamos aqui, mas estamos com ele o tempo todo. Sei que ele nos leva para passear em todos os lugares legais que ele vai...<br />
<br />
Aprecio também a sua disposição para ficar solitário. Sou grata pelos momentos que tenho comigo mesma e pelos momentos que ele está consigo. Não tem preço! Um dia de cada vez. Vivendo este momento único como deve ser. Separados, mas muito unidos.Maíra Bezzihttp://www.blogger.com/profile/02093016868305077389noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-2508068301414602150.post-3842924792086835402011-05-06T17:59:00.000-07:002011-05-06T18:04:35.113-07:00Manifesto pela amamentação - texto de Lia MirandaQueridos leitores e leitoras, compartilho com vocês estas sábias e belas palavras sobre amamentação. Assino embaixo. Vale a pena!<br /><br />Manifesto pela amamentação<br /> <br />Manifesto pelo direito das mães de não serem separadas de seus filhos logo após o seu nascimento e de permanecerem com eles o tempo todo pelo menos durante a primeira hora após o parto. Um recém-nascido não deve ser afastado de sua mãe, a não ser em períodos muito breves, em caso de extrema necessidade, e não deve ser deixado em berçários.<br /><br />Manifesto pelo repúdio à alimentação artificial em maternidades, sem indicação clínica, quando a criança está apta a mamar e a mãe, disponível para amamentar. Água glicosada ou qualquer outro recurso que prejudique o reflexo de sucção do bebê são inaceitáveis.<br /><br />Manifesto pelo direito das mães com dificuldades para amamentar de receberem apoio e orientação adequados por parte dos profissionais de saúde e da família. Mães com dificuldades de amamentação precisam de encorajamento e solidariedade.<br /><br />Manifesto pelo direito das mães de amamentarem em livre demanda, sem serem desencorajadas por profissionais de saúde ou parentes sob o argumento de que os bebês têm de ter hora para mamar. Os bebês têm direito ao seio sempre que necessitarem, de dia ou de noite.<br /><br />Manifesto pelo direito das lactantes de não serem pressionadas por parentes, profissionais de saúde, amigos ou conhecidos a oferecerem mamadeiras e chupetas. As mães são as principais responsáveis pelos cuidados com os seus filhos e devem ter o direito de alimentá-los de forma natural e instintiva.<br /><br />Manifesto pela urgência de os pediatras serem profissionais e éticos ao interpretarem as curvas de crescimento, sem indicar alimentação complementar precoce a um bebê saudável simplesmente porque ele não se encaixa no padrão médio. Cabe aos médicos avaliarem se alterações nos padrões de engorda ou de crescimento são patológicos ou fisiológicos.<br /><br />Manifesto pelo direito de uma mãe de manter o aleitamento exclusivo durante os seis primeiros meses de vida de seu bebê, sem ser assediada por parentes, profissionais de saúde, amigos ou conhecidos para que ofereça outros alimentos sem necessidade.<br /><br />Manifesto pelo direito das mães que trabalham fora de casa de terem em seu ambiente de trabalho um local adequado, com higiene e condições de armazenamento do leite, para fazer a ordenha, seja para alívio das mamas, para a estocagem de leite a ser oferecido a seu filho na sua ausência ou para doação aos bancos de leite. As empresas devem oferecer condições para que suas funcionárias mantenham o aleitamento após seu retorno ao trabalho, seja flexibilizando seus horários, mantendo creches em seus recintos, instalando salas de ordenha ou permitindo que a criança seja trazida à mãe para receber o seio.<br /><br />Manifesto pelo direito de toda mulher que trabalha fora de casa a gozar de uma licença maternidade de seis meses. Seu retorno ao trabalho também deveria ser facilitado, com possibilidade de redução de jornada com o recebimento proporcional do pagamento ou flexibilização de horários.<br /><br />Manifesto pelo direito dos bebês de serem amamentados enquanto necessitarem, mesmo que esse tempo supere o período considerado aceitável pela nossa sociedade.<br /><br />Manifesto pelo direito de as mães amamentarem seus filhos em público, quando necessário, sem serem condenadas por pudores hipócritas.<br /><br />Manifesto pelo direito de as mães amamentarem durante a gestação, ou amamentarem mais de uma criança simultaneamente, sem serem ameaçadas com dados inverídicos acerca de efeitos nocivos para a criança que mama ou para o feto.<br /><br />Manifesto pelo direito de as mães amamentarem livremente, e de os bebês mamarem livremente, sem serem alvo de preconceito ou ignorância.<br /><br />Lia MirandaMaíra Bezzihttp://www.blogger.com/profile/02093016868305077389noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2508068301414602150.post-56782398101093010862011-05-01T17:28:00.000-07:002011-05-01T18:42:18.926-07:00Uma aventura no mato - de como me perdi e me encontreiiNO domingo passado, há uma semana atrás, tive uma experiência espiritual.<br /><br />Estávamos fazendo um "retiro" familiar e fomos passar o feriado da Páscoa em um Hotel Fazenda próximo à Formosa. O local nos era estranho, mas como algumas pessoas que conhecemos já haviam estado lá (inclusive Nina em duas ocasiões), decidimos ir. Chegamos quarta de noite. Dormimos e foi tudo tranquilo.<br /><br />No dia seguinte, Gabriel deu tanto trabalho com choros e pedidos de voltar para casa e juntamente com o estilo do lugar (música "ambiente" alta, música e atividades na piscina) no feriado, quase voltamos para casa mesmo. Mas já que já estávamos lá, decidimos ficar. E, apesar de definitivamente não ser o nosso ambiente, aproveitamos ao máximo o que tínhamos para fazer: andar a cavalo, ir à piscina, passear de charrete, olhar as estrelas, tirar leite da vaca... Nina se divertiu horrores todos os dias, fez amigos e não queria ir embora... Gabriel acabou se convencendo que ficaríamos lá alguns dias e também aproveitou.<br /><br />Enfim, no último dia, foi oferecido um passeio a uma gruta. Todos os dias eles propunham algum passeio pela manhã e João e Nina foram a alguns. Fiquei com vontade de ir naquele dia. Sairíamos cada um no seu carro às 9h30 e deveríamos estar de volta às 11h30, conforme a informação que recebemos. Muito bem, João concordou. Deixei Iuri mamado e parti com os outros.<br /><br />Então começaram os problemas, demoramos meia hora de carro, entrando e saindo de porteira, para chegar a uma fazenda. De lá, andamos mais uns 20 minutos a pé até outra fazenda, onde pagamos 5 reais e pegamos uma trilha. Na verdade, havia um muro de pedra bem longo, construído por escravos, que devia ter no mínimo uns duzentos anos. Ao longo deste muro, havia uma subida longa e íngreme, também de pedra. Antes de subir, tive um pressentimento e olhando para o relógio, percebi que praticamente metade do meu tempo já havia se esgotado. Disse que iria embora sozinha dali. Mas alguns colegas me encorajaram a ficar e fiquei.<br /><br />Subimos o caminho de pedra. Chegando lá em cima, era uma mata com trilhas fechadas. Demoramos mais uns 10 minutos até chegar no local. Era um paredão de pedra gigantesco, que mais parecia um penhasco. Para "entrar" na gruta, era preciso descer. Eu olhei lá pra baixo e me desanimei completamente. Naquele momento, minha preocupação de mãe falou muito alto e eu disse que iria voltar sozinha mesmo, pois tinha neném para amamentar e não poderia esperar mais. Avisei alguns e fui embora.<br /><br />Em menos de dois minutos, como estava andando rápido, já havia perdido a trilha e estava perdida. Continuei no mesmo ritmo por uns 20 minutos, sem a menor chance de voltar. Gritava em vão. Não havia ninguém para me escutar. Na minha cabeça, eu deveria topar com o muro de pedra a qualquer momento, mas ele nunca chegava. Reparei que estava começando a ficar toda machucada, arranhada e assustada. Seguia alguns caminhozinhos que me pareciam trilhas, mas eles rapidamente sumiam de novo e comecei a ficar bem preocupada.<br /><br />Não sabia o que fazer, não sabia onde estava. Comecei a falar em voz alta para o João ficar muito calmo e tranquilo, cuidar e alimentar as crianças, principalmente o Iuri. Imaginava alguma mãe do Hotel dando-lhe de mamar ou até mesmo uma mamadeira para acalmá-lo. Mas eu já estava há muito tempo perdida, minha água estava acabando e reparei como estava andando rápido demais, como uma louca, quase desesperada. <br /><br />Então achei um clarão, um vão entre algumas árvores. Sem saber o que fazer, fiz xixi. Tentava parar, ficar quieta e meditar, mas não conseguia. Dei uma volta e reparei que havia voltado para o mesmo lugar. Foi nesse momento que desisti de tentar me encontrar. Entreguei os pontos, abri o jogo com o universo. Eu sabia que havia feito uma merda muito grande e não tinha como consertar. Não podia fazer nada, não sabia que caminho tomar.<br /><br />Então tomei aquela situação como uma prova. Uma prova de fé e entrega. Já que eu já havia errado mesmo e não tinha opção, a não ser me desesperar, decidi me acalmar e entregar ao universo o meu destino ali. Comecei a andar mais lentamente, tomando cuidado para não me machucar tanto, nem torcer o pé, já que pisava em falso o tempo todo. Andei mais alguns minutos e aí eu vi uma cerca de arame farpado em um terreno em declive.<br /><br />Me dirigi até ela e comecei a descer, sem perdê-la de vista. Depois de alguns minutos, a mata foi ficando menos espessa e pude ver do outro lado da cerca um riozinho e uma casinha ao fundo. Atravessei a cerca e fui descendo, rolando, no meio do mato alto. Chegando no riozinho, ouvi latidos de cachorro e comecei a gritar: "Socorro! Estou perdida! Prenda os cachorros por favor! Me ajude!" Então apareceu uma mulher muito calma perguntando o que estava acontecendo.<br /><br />Ah, que felicidade! Eu estava salva! Com certeza dali, não demoraria muito para chegar até o meu carro! A mulher foi muito amável e me ensinou um caminhozinho que eu deveria tomar para chegar até lá. Andei bastante até chegar nas mangueiras que ela havia me falado. E aí, de novo: mais latidos de cães e eu gritei a mesma coisa. Veio um homem e eu o reconheci como sendo o homem a quem eu havia pago 5 reais para entrar no caminho de pedra. Expliquei novamente a situação. Ele disse que parte do meu grupo (com crianças) já havia descido e ido embora. Ah, como me senti tola! Se eu tivesse esperado um pouquinho no paredão, não teria feito o caminho de volta sozinha, nem teria me perdido! Mas enfim, não adiantava chorar por aquele leite derramado. O moço me garantiu que, seguindo um atalho que me mostrou, chegaria até o meu carro.<br /><br />Eu protestei, dizendo que o caminho que eu havia feito para chegar lá havia sido outro, mas ele me encorajou e segui em frente. Depois de muito andar, cheguei a outra fazenda. Não havia carros, não era lá. Gritei e demorou muito até alguém vir me atender. Era uma mulher e ela estava assustada com minha gritaria. Ela tinha um celular que funcionava por antena. Pedi para ela ligar para o hotel , mas ela não tinha o número. Ligou para uma vizinha, que disse que um grupo de gente estaria me esperando na "segunda ponte". Ela me disse que me levaria até lá.<br /><br />Não encontramos ninguém no caminho e acabei voltando para o lugar de onde eu acabara de vir, a fazenda do muro de pedra. O moço ficou confuso e por fim, chamou dois meninos que estavam sentadinhos lá e mandou eles me levarem até a "fazenda do Seu João". Andamos mais uns 20 minutos e chegamos até o lugar onde os carros estavam estacionados e onde havia um pessoal me esperando. Agradeci aos meninos quase chorando e dando-lhes beijos. Fui recebida com um abraço de um homem que eu só conhecia de vista do hotel.<br /><br />Eu estava um trapo, imunda, toda machucada, chorando, sem falar coisa com coisa, Só dizia que tinha três filhos, que meu neném devia estar morrendo de fome e chorando, que meu marido iria querer o divórcio... Me trouxeram água, tentaram me acalmar, que iria acabar tudo bem. O marido de uma das moças se ofereceu para dirigir meu carro e eu aceitei. Fui conversando com ele no caminho, completamente alterada, faminta. Ele me escutou e foi muito gentil.<br /><br />Chegando no hotel, eu estava morrendo de medo do que ainda estaria por vir. Mas encontrei João sentado, sem camisa, no banco, com Iuri no colo, olhando a paisagem e Gabriel comendo batata frita. João disse: "que irresponsabilidade, Mamá" em um tom quase brincalhão. E eu perguntei se Iuri havia chorado e ele disse que não. Disse que ele tinha dormido, depois acordado, soluçado bastante, feito cocô, dormido de novo e que acabara de acordar. Trêmula, dei um cheiro no Gabriel, peguei meu neném nos braços e ofereci o peito. Nina havia brincado na piscina e ajudado o pai a tomar conta do Biel quando ele precisou. Eram 13h30, duas horas depois do horário previsto. <br /><br />Eu não conseguia acreditar que estava lá, que estava todo mundo bem... Então fui contando ao João aos poucos o que me havia acontecido. Nem eu mesma estava acreditando na minha história. Como assim, saí no mato sozinha? Que coisa mais idiota! Pra mim, esta pergunta tão profunda vai ficar sem resposta: o que fez com que eu, uma mulher e mãe tão responsável, entrasse em um mato totalmente desconhecido, sozinha, com grandes chances de me perder, me machucar, quiçá morrer, sem medir as consequências?<br /><br />Não sei... Só sei que eu estava viva e presente naquele momento. Algo se passou dentro de mim para que eu me permitisse me perder, me entregar e finalmente me encontrar. E estou aqui! Fim. Fim?...Maíra Bezzihttp://www.blogger.com/profile/02093016868305077389noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2508068301414602150.post-33638908441151123102011-04-18T04:25:00.000-07:002011-04-18T04:53:41.607-07:00O caminho do meio: vários caminhos possíveisEsses dias tenho percebido como é importante simplesmente deixar as coisas serem como elas são e não ser radical em relação a nada. Eu disse uma coisa esta semana que chamou a minha própria atenção sobre isso.<br /><br />Fomos almoçar no Beirute da Asa Norte (quem é de Brasília sabe como é: aquele bar aconchegante, cheio de gente legal, aquela comida deliciosa). Barriga cheia, bebê no colo, Gabriel solto e Nina com os primos. Não me lembro exatamente porque, mas João, minha sogra, Fátima, e eu, começamos a conversar sobre idade de ter filhos. Alguém na mesa falou sobre uma atriz famosa aí que teve filho aos 53 com um cara 30 anos mais jovem.<br /><br />Aquilo me subiu na garganta e eu disse que era um absurdo, muito capricho da parte de quem quer ser mãe nesta idade. Aí falei da nova onda das mulheres inglesas (todas com mais de 50 anos) que têm engravidado de propósito e feito suas famílias nesta idade, onde supostamente o corpo da mulher deveria entrar em outra fase, de repouso em relação à fertilidade...<br /><br />Logo percebi como fiquei alterada, revoltada mesmo. Como assim: ter filhos só para si, nem sabendo ao menos se terá condições de saúde para vê-los crescer e sem a menor chance de ser avó? e aquele caso da inglesa que teve filho aos quase 60 e morreu três anos depois deixando órfãos um casal de gêmeos? Fátima ainda tentou dizer que essas mulheres podem, nesta idade, querer deixar alguma coisa delas no mundo e tal, que não tinha opinião sobre o assunto. João disse que achava complicado, mas que não estava de acordo com meu radicalismo, logo eu, mãe tão ferrenha e defensora do feminino...<br /><br />Pois é. Então, eu me pergunto: e daí? Será que existe idade ou momento certo para ser mãe? Quer dizer que uma mulher madura não pode porque está velha demais e uma adolescente também não pode porque está nova demais? E quantas adolescentes têm por aí que foram mães muito jovens e são melhores mães do que mulheres que esperaram o "momento certo" para engravidar? Pode ser que uma mulher de 50 só se sinta mulher o suficiente para ser mãe nesta idade... Bom, com certeza não é o que quero para mim mesma, mas quem sou eu afinal para julgá-las?<br /><br />No fim das contas, cada mulhar deve saber o seu momento de ser mãe, se é que ela quer mesmo esta responsabilidade. Sim, porque todos no mundo existem porque suas mãe os colocaram no mundo, chegaram aqui através delas.<br /><br />Gosto de me observar e de me questionar. Sinto que assim as oportunidades aparecem. Não existe um caminho só para todos e todas, as possibilidades são infinitas. "Nem tanto ao céu, nem tanto ao mar", com dizem por aí. E como disse o grande Pessoa:"tudo vale a pena se a alma não é pequena", não é mesmo?Maíra Bezzihttp://www.blogger.com/profile/02093016868305077389noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2508068301414602150.post-60295883646322011002011-03-22T12:45:00.000-07:002011-03-22T13:33:51.220-07:00Momento romântico comigo mesmaQuando meus pequenos dormem à tarde e eu fico "sozinha" em casa, sempre passo por alguns segundos de inquietação me perguntando o que fazer?! Principalmente quando minha grande não está em casa. (Ela está passando 15 dias fora, em uma viagem fantástica com a escola para... Bordeaux, na França! (mas isso é outra história... hihihi))<br /><br />Geralmente, começo com um belo banho! Até porque nunca sei quanto tempo vai durar meu "intervalo". Às vezes vou arrumar alguma coisa na casa, fazer algum trabalhinho doméstico, ou arrumar uma coisa específica. Mas hoje pela manhã durante o sono do Iuri eu já arrumei o armário da sala. Então, minha cota para arrumação específica por hoje foi alcançada. Eu também já havia arrumado um pouco a cozinha, quer dizer, colocado parte da louça na máquina. Aproveito a deixa para compartilhar que sou muito grata à minha mãe por ter me cedido gentilmente sua máquina, que estava parada em sua casa. Finalmente, um dos meus sonhos de consumo se realizou! Haha Também já havia feito um bolo de chocolate(que estou esperando ficar pronto) com os meninos: Biel me ajudando com os ovos e olhando e Iuri no carrinho, fazendo cocô. Alguns minutos depois, ambos apagaram, já de banho tomado e eu repirei fundo e fui à luta, por assim dizer...<br /><br />É engraçado. Eu gosto tanto de ficar em casa, que eu sempre tenho o que fazer nessas raras horas só para mim. Ler (sempre tem coisa boa me esperando), ver ou rever um filme ou trechos preferidos, fazer uma arrumação (podem acreditar: nunca acaba!), dormir (claro, principalmente para alguém como eu, com noites de sono interropido incertas), meditar, cozinhar, surfar na internet e o que estou fazendo agora mesmo: escrevendo no blog! <br /><br />Fico feliz de ser eu a pessoa que está aqui, numa boa, curtindo o meu momento, simplesmente fazendo algo que me dê prazer ou algo que tem que ser feito. Todos os dias penso que esses momento são preciosos e que eles vão acabar um dia. Olhem Nina, por exemplo. Vai completar dez anos, dia 31. 10 anos? É. E já está por aí, nesse mundão, vivendo e descobrindo coisas por si só. Meus bebês são pequenos, mas outro dia Iuri ainda estava na barriga e era Gabriel quem mamava em meu peito! <br /><br />Gosto de estar aqui agora, simplemente vivendo com eles o sono deles. E saber que esse tempinho é precioso para mim também. Até porque sinto que daqui a pouco não poderei ficar assim, disponível o tempo todo para eles. Isto também um dia vai acabar. Primeiro porque tenho minhas vontades de aprender coisas novas e também porque penso em produzir algo que me dê retorno financeiro. <br /><br />Minha decisão firme de bater o pé e ficar em casa foi necessária para que eu me concentrasse na missão mais importante da minha vida: criar meus filhos. E esta lição está aprendida. Longe de mim achar que já sei tudo sobre maternidade e meus filhos e sobre meu casamento também. Nada disso. Erro e acerto todos os dias. Às vezes erro mais do que acerto, pra dizer a verdade. Mas continuo me observando e me questionando diariamente. Tenho muitos defeitos, mas minhas qualidades tem florescido muito nesta minha fase da vida, em casa em tempo integral, disponível para meus filhos, que já dura quase três anos.<br /><br />Sim, penso em trabalhar fora, em algo que não tome muito o meu tempo, para que eu possa continuar presente em casa e, principalmente, disponível. Olho para os meus três filhos e vejo sempre os benefícios de minha presença constante. Existem os poréns? Com certeza, mas não me concentro neles. Mas também não quero negligenciá-los. Afinal, é através deles que eu posso aprender. Enfim, sinto que algo diferente se aproxima. <br /><br />Mas estou aprendendo que o futuro não me pertence e que se eu quero que ele seja bom, basta viver intensamente o presente. E para ilustrar o que acabei de escrever, conto a vocês que meu momento romântico comigo mesma acabou de acabar (durou 1 hora e 15 minutos, precisamente), pois Gabriel fez xixi na cama e acordou! Plim! Mamãe, hello! Estou aqui e quero você agora. Então, pernas pra quê te quero e de volta ao trabalho! Até! e Axé!Maíra Bezzihttp://www.blogger.com/profile/02093016868305077389noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2508068301414602150.post-68490917569194006242011-02-28T05:16:00.000-08:002011-02-28T05:18:41.472-08:00Eu, mãe de trêsEstou aqui com o peito duro, vazando, cheio de leite para dar ao Iuri. Mas ele ainda dorme, está tirando um soninho da manhã, bem gostoso e quentinho em seu bercinho, onde dormiu pela primeira vez esta noite. O moisés (na verdade uma cesta de vime, com uma proteção lateral e um colchãozinho feito por mim, onde dormiu Gabriel anteriormente) ficou pequeno rápido demais e tivemos que acelerar a mudança. Mas ele continua dormindo no nosso quarto, bem pertinho de mim. Achamos que ele ainda está muito pequeno (54 dias!) para dormir do outro lado do corredor. Até porque Gabriel tem o sono leve e ainda acorda muito de madrugada, o que dificultaria ainda mais o fato de que eu tenho que me levantar para atender as necessidades do pequenininho. Um dia, eles dividirão o quarto.<br /><br />Agora que ele já está integrado à família - aquela velha história: antes do bebê chegar você não sabe como vai ser, como vai ficar essa nova família com a chegada de uma nova pessoa na casa - e não consigo imaginar a vida sem ele, a nova ordem já se instalou e com ela uma nova rotina, adaptações para cá e para lá, rearranjos, improvisos, enfim, é tanta novidade que cansa! É óbvio que quase não tenho tempo de escrever, ou fazer qualquer outra coisa. Mas eu sei que o que estou fazendo agora não tem preço e ninguém no mundo poderia fazer por mim: maternar e amamentar minha própria cria. (È claro que outra pessoa até poderia fazer isso, mas no meu caso, não terceirizo esses serviços e ponto final!).<br /><br />Ser mão de três crianças é bem diferente de ser mão de duas crianças. Pelo menos pra mim. Decubro cada vez mais que cada um dos meus filhos é único e tem necessidades na verdade parecidas, apesar das idades e fases diferentes. Por exemplo, tenho dito nos últimos dias que Gabriel (2anos e 8 meses) tem dado mais trabalho que o pequeno Iuri (quase 2 meses)!... Por quê? Ora, porque sim! Ele sempre foi muito apegada a todos nós, mas agora está mais! E a cada momento tem uma novidade. Primeiro foi o desfralde. Passamos um período trabalhoso limpando o cocô de sua cueca. Até que ele mesmo se resolveu e começou a usar o pinico sozinho. Agora é o xixi na cama... toda noite! Então tomei uma decisão: forrei seu colchão com um dos plásticos do parto e pronto. Acredito que ele mesmo vai se resolver. Pois ele já dorme sem fralda há vários meses. <br /><br />Não adianta muito falar que ele pode se levantar pra fazer xixi de manhã cedo... Vale a pena conversar, isso sim! Mas sem expectativas. Ele tem o tempo dele. Tem mais. Na escolinha, trocaram a professora pela segunda vez este ano. Da primeira, a professora do ano passado (a quem ele tinha naturalmente se apegado) foi passada para outra turma e Gabriel não morreu de amores por sua nova professora. Passaram-se duas semanas e meia e a escola me manda uma bilhete dizendo que teriam que mudar a professora de sua sala. Mais um mudança para uma criança tão pequena e sensível... Bom, daí ele ficou doentinho de novo. Começou com um resfriado, um dengo, choro sem fim, febre no fim de semana que passou... Marquei um homeopata para ele para hoje. Espero que eu me acerte com ele e que ele acerte o remédio do meu filho. ELe está precisando.<br /><br />E precisando de mim também. De colo. E muito. Sempre que eu ou João podemos, ele fica no colo da gente. Hoje até me questionei sobre a escola. Será que acertamos no "timing"? Será que ele não foi cedo demais? Eu não sabia como seria quando o bebê nascesse, mas agora sei mais ou menos - já que também não há um padrão com Iuri; cada dia é um dia! Dá trabalho ficar as manhãs sozinha com os dois, cada um com suas necessidades. Não dá, por exemplo, para ficar descendo com Biel ou mesmo brincando com ele o tempo que ele merece. Desse ponto de vista, ele estando na escola, pelo menos lá ele brinca, fica na grama, enfim... De qualquer forma, tê-lo em casa agora, doentinho, comigo, é o mais importante de tudo!<br /><br />E por aí vai... Com Iuri, começo a entender melhor o que é dar o peito em "livre demanda". Começo a entender que ele precisa de sucção mesmo já não estando com fome. Eu estava apreensiva de deixá-lo no peito à vontade já que ele é glutão, mama e golfa muito. Mas lendo e refletindo aqui na net, estou convencida de que ele não precisa de chupeta quando quer, na verdade, o meu colo, meu cheiro, meu calor e... meu peito! E mais: ele dorme bem. Tenho tido tempo de "fazer outras coisas" e cuidar um pouco dos meus outros filhos e da casa também. Esse fim de semana eu dormi na minha mãe com Biel e Iuri e esqueci a chupeta lá... que ótimo! Assim, nem papai, nem irmazona, nem ninguém vai poder chupetá-lo e eu terei que ficar com ele o tempo que ele quiser... hahaha!<br /><br />Tenho usado bastante o sling em casa também. Me ajuda muito, pois fico com pelo menos uma das mãos livre para fazer algo quando precisa. Ele também já tá bem espertão e curtindo o móbile do berço. Boto ele lá e ele fica calminho alguns minutos olhando, olhando, rindo... Enfim, a gente vai se virando. Estou realmente me empenhando para compreender essas crianças ao invés de julgá-las e tentar que elas sigam qualquer padrão, exigência ou expectativa, sejam eles meus ou alheios.<br /><br />Enfim, aqui em casa é novidade todo dia! Isso porque nem falei da Nina, com suas atividades, conquistas, frases, reflexões... Fica para outro post! Agora vou cuidar de um tal chupador de dedinhos que deve estar com fome de lanchinho da manhã (como eu!) antes que um tal bebezinho foforuco acorde querendo peeeeeeito!<br /><br />Até!Maíra Bezzihttp://www.blogger.com/profile/02093016868305077389noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-2508068301414602150.post-72929920778354177372011-02-04T13:07:00.001-08:002011-02-04T13:23:03.210-08:00Fechamento e recomeçoHoje recebi a última visita de Paloma, minha parteira, que me acompanhou durante toda a gravidez e vem cuidando de mim e do Iuri desde o nascimento dele. Ela veio fechar o seu trabalho e me propôs duas coisas. <br /><br />A primeira foi uma mensagem escrita linda, com uma gravura de uma mulher grávida do mundo, sobre o nascimento conciente. Ela tinha duas cópias. Na primeira, fez as "digitais" dos pezinhos do Iuri e as imprimiu no papel. Na segunda, pintou os dedos e as mãos do Gabriel e imprimiu as marquinhas dele. Uma linda lembrança de um lindo nascimento... (Ou seria de vários nascimentos? Novos filhos, novo pai, nova mãe, nova família!)...<br /><br />Depois ela me pediu para me deitar na cama. Iuri estava ao meu lado e ficou quietinho o tempo todo. Ela tinha um xale roxo e começou a enrolá-lo pelo meu corpo. Ela ia enfaxando e dizendo umas coisas bem bonitas. Foi um ritual de agradecimento pelo milagre da vida, do universo, da mãe natureza... O milagre do corpo, enfim! Começou com os pés, minhas raízes, e foi subindo, apertando; as pernas, que me sustentam e me levam; meu ventre, meus órgãos, meu fabuloso útero, minha feminilidade; meus peitos e braços, meu coração, meu amor e o alimento que nutre meus filhos; minha cabeça, minha conexão com o divino. Foi o fechamento do parto que eu queria. Sinto-me agradecida.<br /><br />Hoje me lembrei que este blog vai completar dois anos de existência neste mês. Estamos na Lua Nova novamente. A Lua do Iuri. Enquanto fecho uma fase, findando meu resguardo, recomeço. Nova, como a Lua.Maíra Bezzihttp://www.blogger.com/profile/02093016868305077389noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-2508068301414602150.post-85922121783248781642011-01-25T04:11:00.000-08:002011-01-26T15:07:14.248-08:00Nascimento do Iuri - meu relato de seu parto domiciliar<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://2.bp.blogspot.com/_mWzUgumaF84/TT6-MH8N6bI/AAAAAAAAADM/KDi3YNdbzxk/s1600/eueiuri.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 256px;" src="http://2.bp.blogspot.com/_mWzUgumaF84/TT6-MH8N6bI/AAAAAAAAADM/KDi3YNdbzxk/s320/eueiuri.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5566095304975837618" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://1.bp.blogspot.com/_mWzUgumaF84/TT6-LtsebZI/AAAAAAAAADE/POXHYmnkab0/s1600/iuri%2Btoca.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 256px;" src="http://1.bp.blogspot.com/_mWzUgumaF84/TT6-LtsebZI/AAAAAAAAADE/POXHYmnkab0/s320/iuri%2Btoca.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5566095297930489234" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/_mWzUgumaF84/TT6-MmGpumI/AAAAAAAAADU/lIW-0PY6Oyg/s1600/fam%25C3%25ADlia.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="http://4.bp.blogspot.com/_mWzUgumaF84/TT6-MmGpumI/AAAAAAAAADU/lIW-0PY6Oyg/s320/fam%25C3%25ADlia.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5566095313072667234" /></a><br /><br />IURI – 6 de janeiro de 2011<br /><br />No primeiro dia do ano, nossos filhos foram dormir na casa da minha mãe. Eu estava com 38 semanas e 2 dias de gestação. João e eu sentimos uma vontade enorme de sairmos juntos. Ele me convidou para jantar e depois fomos ao cinema. Éramos um casal apaixonado aguardando a chegada do nosso terceiro filho (ou filha, já que não sabíamos o sexo do bebê). No dia seguinte, domingo, eu passei o dia tendo leves contrações e sensações que pareciam choques. Mas achei que era por causa do cansaço, de ter dormido tarde e tal... Mas tudo indica que meu trabalho de parto começou silenciosamente aí.<br /><br />Nos três dias que se seguiram não senti absolutamente nada. Na quarta-feira, dia 5, Nina saiu de casa na hora do almoço para viajar com os avós, primos e tios paternos. Meu pai me ligou naquele dia me dizendo que estaria aqui em Brasília na semana seguinte e que o bebê já teria chegado antes dele chegar. Eu disse que não, que não sentia nada. Fui dormir. Acordei no meio da noite com contrações leves, mas fortes o suficiente para me acordar.<br /><br />Eu sabia que estávamos na Lua Nova. Fui procurar minhas anotações de ciclo para ver se achava a Lua da concepção do bebê. Achei e tava lá: foi na Lua Nova mesmo! Pensei com meus botões: é isso aí, começou pra valer... é hoje! Fiquei acordada um tempo, excitada, claro. Mas não acordei o João e depois de um tempinho caí no sono de novo.<br /><br />Quando acordei, as contrações continuavam como na madrugada, leves e espaçadas. Avisei ao João e pela manhã, ele já deixou o pessoal do trabalho avisado que eu estava em trabalho. Era dia da Divina. Ela chegou e eu fui ficando com Gabriel. Liguei para Paloma Terra (minha parteira, que fez meu pré-natal). Ela me disse para avisá-la da menor mudança de padrão do trabalho. Liguei para Rita Pinho (minha doula, que como nossa doula mesmo ainda não havíamos nos encontrado nem para conversar, pois não tinha dado certo). Rita disse que poderia vir naquela hora mesmo pra gente conversar, mas eu já estava com sono de novo e disse que mais tarde ela poderia vir.<br /><br />Dormi de novo e quando acordei, achei que o trabalho tava na mesma: contrações leves e espaçadas, mas talvez um pouco menos espaçadas. João chegou e fomos almoçar. Comi bem (como sempre) e fomos nos deitar. Gabriel não quis ficar com a gente, estava agitado e queria brincar o tempo todo. Liguei pra Rita e disse que agora ela poderia vir. Minha mãe me ligou e perguntou se era pra buscar o Gabriel naquela hora. Eu disse que não, que tava tudo devagar, pra ela vir no fim do dia! Isto foi 13h30.<br /><br />Enquanto estava deitada, durante uma contração, escutei um “POC”! E senti uma pressão lá embaixo. Mas não identifiquei nada e cheguei a pensar que tinha sido meu intestino, já que eu ainda não tinha feito cocô naquele dia. Qual nada!... A próxima contração veio de lascar e senti uma aguinha descer. Corri pro banheiro e verifiquei que minha calcinha e calça estavam molhadas, mas não muito. Como eu nunca tinha tido bolsa rompida antes e não havia muita água, fiquei em dúvida e liguei para Paloma.<br /><br />Ela me perguntou como estavam as contrações e eu disse que haviam se intensificado bastante depois do “POC”, mas ainda estavam espaçadas. Ela me perguntou se eu queria que ela viesse naquele momento e eu respondi que Rita estava chegando e que não sabia... Ela então sugeriu que João e eu contássemos as contrações na próxima hora e retornássemos depois. Nisso, eu já estava de pé e tinha mudado de ideia sobre minha mãe vir pegar o Gabriel. Disse pro João encontrá-la porque o bebê nasceria de tarde!<br /><br />Eram 13h50 quando Rita chegou. Ela me encontrou no sofá da sala, sentadinha, curtindo cada contração, como eu mesma lhe disse. João já havia ligado pro trabalho avisando que não voltaria e fazia as anotações à mesa. Rita estava linda, radiante, de banho tomado, cabelos soltos e vestindo um lindo vestido de renda branco. Ficamos conversando com Gabriel no sofá e ela ia me observando, perguntando como estava indo e tal. Ela quis examinar o que eu havia preparado para o parto e João lhe mostrou a caixa de plástico do “enxoval de parto”, com lençóis, toalhas , cueiros e afins. E eu lá, a cada contração, respirava fundo e fechava os olhos até terminar. Fomos para o meu quarto, eu me sentei na poltrona e ali fiquei. As contrações estavam fortes, cada vez mais longas (40, 50 segundos), mas ainda variando muito entre 10, 7, 5 e 3 minutos. Logo em seguida, Rita ligou para casa avisando que não voltaria, que ela ficaria direto com a gente.<br /><br />Minha mãe chegou às 14h30. E a única coisa que perguntou foi :”Cadê a Paloma?”. Ela estava bem desconfiada daquele meu trabalho “lento”. Gabriel saiu de casa muito contente com a vovó. Fui ao banheiro, o cocô não veio. Tampouco consegui tocar meu cólo do útero. Foi então que levei Rita para conhecer os quartos. Fomos até o quarto dos bebês e apoiada na cômoda, senti uma contração bem forte. Rita achou melhor ligar para Paloma. Falou-lhe das contrações e como eu queria fazer cocô. Mas como eu não havia conseguido me tocar, elas acharam melhor Paloma vir mais tarde mesmo.<br /><br />Rita estava com fome e pediu para almoçar. Divina esquentou o almoço para ela e voltamos para a sala. A essa altura, minhas contrações estavam muito muito fortes e já de minuto em minuto. Rita dizia : já, outra? E eu assentia com a cabeça, mas sempre muito caladinha e introspectiva a cada uma delas. Até que, sentada na beira do sofá, eu comecei a sentir muita dor no cóccis e eu dizia (choramingava, na verdade): “não consigo mais me mexer, quero fazer cocô! Tá doendo muito, muito!” Então ela me disse para relaxar que o cocô iria sair. Sugeriu que eu mudasse de posição. Fiquei de cócoras, mas eu não conseguia ficar. Fiquei de quatro em cima do tapete.<br /><br />Rita me perguntou se podia tirar minha calcinha. Ela foi até o quarto, pegou a caixa do enxoval e forrou o chão atrás e embaixo de mim com panos de chão. Ela me disse para dar umas reboladas e fazer cocô tranquilamente. Mas eu não conseguia fazer nada. Chamei o João para ficar ao meu lado. Acho que foi nesta hora que Rita percebeu que as coisas estavam nos finalmente e foi até a área perguntar pra Divina onde havia uma farmácia, para ela ir lá comprar luvas descartáveis para ela. Mas Divina não lhe deu ouvidos e disse que não sabia onde havia farmácia nenhuma. Rita ficou desconcertada, mas não quis discutir e voltou para nós. <br /><br />Eram 15h06 quando Paloma ligou e perguntou como iam as coisas. Rita estava na minha frente, abaixada. Ela disse que eu estava muito introspectiva, com muita vontade de fazer cocô e com muita dor. Elas decidiram que eu tinha que me tocar naquela hora. Eu dizia que não iria conseguir. Mas Rita me olhou fundo e tive coragem. Fiquei de joelhos, apoiada no João. Rita disse: “bota o dedo e veja se está duro”. Eu botei o dedo e senti algo duro. Está duro, eu disse. Rita mudou o tom de voz na mesma hora, disse à Paloma que o bebê estava lá e que depois falava. Ela então me olhou profundamente e disse que meu bebê tinha chegado, que eu deveria empurrá-lo na próxima contração.<br /><br />E assim foi. Dei um berro que veio das minhas entranhas e senti sua cabeça sair. Rita pediu para João olhar o bebê. João viu que ele estava roxo. Rita, muito calmamente, mas acertivamente, nos assegurou que ele estava ótimo. No chão, na minha frente, Rita me disse para ir mais devagar, senão eu podia me abrir toda. Ela segurou minha pele em cima da vagina e disse que eu esperasse um pouco porque o bebê tinha uma voltinha de cordão no pescoço. Com seus dedos nus e sua experiência, ela tirou a volta. Logo depois, ela me disse para ir devagar de novo, pois havia outra voltinha. Mas dessa vez, ela não fez nada e o bebê saiu na próxima contração. Deu uma espécie de volta e Rita o pegou, molinho. Eu vi suas costinhas e sua cabeça, embaixo, na minha frente.<br /><br />Incrédula, tirei minha blusa e a joguei longe. Sentei em meus calcanhares e recebi meu bebê no colo. Rita colocou um cueiro sobre ele e uma toquinha. Ela dizia continuamente para eu respirar, que a placenta o estava oxigenando e que pouco a pouco, ao massageá-lo, ele começaria a respirar. E, olhando para ele, vi que ele começava a ficar cor-de-rosa aos poucos, começando pelas bochechinhas, indo para o rostinho e de repente, todo ele estava rosa! Que milagre, ele respirava! João e eu não estávamos acreditando.. Ele queria saber se era menino ou menina. Eu achava que tinha visto um saquinho, mas não tinha certeza. Mas então olhamos e era realmente um menininho. Lindo, com cabelos pretos, pele avermelhada, nariz e boca perfeitos! Ah, um sonho de bebê...<br /><br />Paloma ligou novamente. Eram 15h13, hora do nascimento do nosso bebê. Ela estava muito perto, chegaria em menos de dez minutos. E, de fato, chegou às 15h20 e me encontrou sentada em cima de um travesseiro, enconstada no sofá, com meu bebezinho no colo. Ela encontrou três adultos em êxtase e um bebê que respirava serenamente no colo de sua mãe, eu. Elas nos perguntaram se ele tinha nome. Nós nos olhamos e nos perguntamos se ele tinha cara de... Iuri. E tinha. Estava decidido, nosso terceiro filho, nascido no dia de Reis, se chamaria Iuri, como o russo Gagarin, que foi o primeiro a ver a Terra lá do alto e proclamou que ela era azul. <br /><br />Estava feito: o nosso tão sonhado parto domiciliar havia acontecido e lá estávamos nós, segurando nosso bebê querido. Ele veio para o peito e expulsei a placenta. Magnífica! As duas parteiras (sim, pois Rita é uma de mão cheia, também) ficaram olhando, manuseando, conversando e nos ensinando sobre este órgão fantástico que pouco depois seria congelado em um pote de sorvete com os dizeres: “atenção, não é sorvete!”. A esta altura, eu já estava deitada no sofá, que elas forraram rapidamente, descansando e quase delirando. João estava com Iuri no colo e filmava tudo, tirava foto. Nós dois estávamos claramente alterados por aquele evento tão forte e maravilhoso.<br /><br />Com certeza, eu havia entrado na partolândia há algum tempo, este estado de consciência onde a razão não tem vez e nós somos puro instinto, sentimento, completamente envolvidas no momento. Após o parto, eu continuava nesse lugar, como que planando, sentindo aquele cheiro maravilhoso que só o recém-nascido que não foi lavado tem. Um perfume de flores, inexplicável. E aquela criaturinnha nova em folha nos meus braços, mamando.<br /><br />Depois de um tempo, fomos transferidos para o meu quarto, para a minha cama! Lá, sob meus olhos e os dos João, Iuri foi avaliado por Paloma, pesado, medido, tudo feito com muita calma, paciência e amor – para os que gostam de números, aí vai: 3600g e 52cm. Depois de outra mamada, ele adormeceu. E era hora de cuidar da mamãe aqui. Eu estava com vontade de fazer xixi. Rita me trouxe a comadre. Mas não deu certo! Perguntei se eu poderia ir até o banheiro. Elas me ajudaram e lá estava eu, fazendo xixi no meu vaso, dona de mim, sem ninguém me enxendo, dizendo o que eu deveria ou não fazer! Tive uma laceração natural em direção ao ânus e Paloma, com toda a calma, me explicou o que faria. Eu levei três pontos em cima, com anestesia local e o resto do corte se fecharia sozinho. <br /><br />Isso tudo sem contar que bebi água e gatorade quando quis, comi pamonha, que me foi dada na boca por Rita duas vezes! Ou seja, mais conforto e segurança do que isso, aonde eu encontraria? E mesmo com a Divina aqui, as moças não pararam de trabalhar. Arrumaram os tecidos sujos em sacos, tiraram o lixo e Paloma esfregou o meu tapete com água oxigenada até as manchas saírem! Elas foram embora de noite, bem depois que recebemos as primeiras visitas: Gabriel, minha mãe e Luiza.<br /><br />O que mais posso dizer? Muitas pessoas me chamaram de corajosa e tal, mas depois de três partos, eu concluo que quem tem coragem é quem vai parir no hospital, pois uma vez lá dentro, é muito difícil manter-se dona do própria corpo e fazer-se respeitar. É claro que este parto não foi como a gente havia se “programado”, mas no fim das contas: que parto pode ser “programado”? Isso não existe! Cada parto é único e este foi como deveria ter sido, imprevisível. Como eu gosto de dizer: o Universo o escreveu certo através de linhas tortas!<br /><br />P.S.1 Após o parto, Rita foi perguntar à Divina por que ela não quis ir até a farmácia. Ela disse que sua mãe era parteira e que ela sabia que não se podia dar remédios a mulheres paridas. Ou seja, ela nem quis escutar o que Rita queria (luvas!); quando ouviu “farmácia”, disse não! E de qualquer forma, não teria dado tempo de comprar nem uma, nem duas luvas!<br /><br />P.S.2 A pamonha entra na história porque todas as tardes, às 16h00, passam umas moças vendendo pamonha e curau aqui na quadra. E elas são bem audíveis! Então, logo após o parto, quando eu já estava no sofá, Rita me perguntou o que eu queria comer. As mulheres estavam passando e gritando/cantando e eu, na hora: pamonha!Maíra Bezzihttp://www.blogger.com/profile/02093016868305077389noreply@blogger.com11tag:blogger.com,1999:blog-2508068301414602150.post-10418993271648615342011-01-11T07:13:00.000-08:002011-01-11T07:30:24.357-08:00IURI NASCEU!!!<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://2.bp.blogspot.com/_mWzUgumaF84/TSx0UkEJvHI/AAAAAAAAAC8/F-9lJuGd8-A/s1600/Iuri%2Bnasceu%2B083.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="http://2.bp.blogspot.com/_mWzUgumaF84/TSx0UkEJvHI/AAAAAAAAAC8/F-9lJuGd8-A/s320/Iuri%2Bnasceu%2B083.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5560947536523017330" /></a><br /><br />Olá, queridos amigos!<br /><br />Com praticamente 39 semanas de gestação, nasceu em um lindo, intenso, rapidíssimo e imprevisível parto domiciliar Iuri, no dia 6 de janeiro, na Lua Nova. Chegou repentinamente nas mãos de uma doula com alma de parteira, nas próprias palavras de minha parteira, que não conseguiu chegar a tempo para o parto!...Meu terceiro filho! Estou nas nuvens desde então...<br /><br />Recupero-me em casa, daonde não saímos! Que maravilha... Ao lado do meu marido João, que esteve comigo em todos os momentos e agora também está apaixonadíssimo por esse novo ser que chegou. Pasmém! Nosso primeiro filho moreninho, com cabelos pretos e tudo!<br /><br />Depois, com mais calma, farei um relato deste parto memorável. Por enquanto, só um gostinho do meu príncipe no sofá comigo para vocês... E VIVA O PARTO DOMICILIAR!Maíra Bezzihttp://www.blogger.com/profile/02093016868305077389noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-2508068301414602150.post-1235842220506681042010-12-16T10:21:00.000-08:002010-12-16T10:57:19.584-08:00Preparando-me para o partoAmanhã completo 36 semanas de gestação e estou absolutamente satisfeita com minha escolha conjunta com João de parir em casa. Meu pré-natal com a parteira tem sido sempre ótimo. Ela deveria ficar por uma horinha, mas fica o tempo que a conversa acontecer!... hihihi<br /><br />Amanhã ela vem. Agora vem semanalmente. Em breve, também encontraremos nossa doula, que conhecemos desde que comecei a frequentar o Ventre-Livre, que acabou. Ainda não conseguimos nos encontrar com ela com toda a família e conversarmos sobre nós, nosso momento, nossa relação de casal, nossa relação com nossas crianças. Mas acho que antes do Natal vai rolar!<br /><br />João tem se mostrado muito tranquilo com tudo. Como estou evidentemente muito grávida e mais cansada que o noraml, ele tem sido bem atento, mais carinhoso e eu adoro quando ele me chama de "bolinha"! Não que eu esteja uma bolinha, é bondade dele. Estou mais para um planeta redondo, misterioso, silencioso e lindo!<br /><br />Terceiro filho, mas pela primeira vez estou me preparando muito mais do que fisicamente para o parto. Ontem terminei o livro do Leboyer, <span style="font-style:italic;">Naissance sans violence</span>, que li em inglês, <span style="font-style:italic;">Birht without Violence<span style="font-style:italic;"></span></span>, pois era a cópia que Paloma, minha parteira, tinha. Incrível a sacação dele em relação ao momento único na vida de um bebê, que é o seu próprio nascimento.<br /><br />Segundo ele, está ali a fonte ou de toda a angústia ou de todo o prazer que aquele indivíduo vai viver em sua vida. Tendo lido e visto relatos de mães e pais, mas principalmente de mulheres que pariram, agora entro mais em contato com o que o bebê vive durante o seu nascimento. E é realmente incrível a diferença entre a forma com que meus dois primeiros filhos nasceram (sim, partos "normais", mas com muitas anomalias para o meu gosto) e a maneira que este terceiro ser vai chegar nesse mundo. Estou encantada, esbabacada com a possibilidade de ter um parto mais prazeroso, pegar meu bebê nu no colo assim que ele ou ela chegar... sentir seu cordão umbilical pulsar, vê-lo a cada instante, oferecer-lhe o peito sem pressa e saber que ele não vai passar por nenhum teste maluco, com luzes, mesas e mãos frias, longe de mim...<br /><br />Plano B? Tenho, tem que ter, né? Já sei para qual hospital ir em caso de emergência e acho que tenho conhecimento e maturidade suficiente para encararar uma eventual transferência, caso eu ou o bebê precisemos. Mas francamente, não quero ficar pensando nisso não... Vou me preparar para que fiquemos na tranquilidade do nosso lar mesmo e deixar as coisas rolarem. Ainda mais porque está perto, mas ainda faltam 4 semanas para as 40 semanas... E daqui até lá, sabe-se lá o que pode acontecer!<br /><br />Hoje comecei a lavar os panos: lençoizinhos para o moisés, toalhas de banho e os coeiros. Ah! Os coeiros macios... que delícia! Minhas crianças parecem tranquilas com a eminente chegada do bebê. Nina, com sua sabedoria e seu instinto maternal, cuida do Gabriel. Hoje deu o almoço e agora está brincando com uma amiga dela e ele no quarto... na paz! Gabriel sabe do bebê na minha barriga e diz que tem um na barriga dele também! A gente conversa, eu falo que o bebê vai chegar e ficar no colo, mamar no peitinho... Ele tem uma bonequinha linda, que era da Nina e é uma imitação perfeita de uma menininha pelada. Ele gosta de tomar banho com ela na banheira e cuidar dela! Uma coisa!...<br /><br />Enfim, super grávida estou. Lendo mais do que escrevendo por aqui, mas acompanhando meu blog predileto do momento, <a href="http://www.blogmamiferas.com.br/">Mamíferas</a>. Recomendo fortemente. Acompanhando os blogs amigos também, claro, galera! Na medida do possível... Ensaiando meus próprios relatos de parto e esperando este terceiro para terminar o ciclo. Mjuita paz para todos nós! Axé!Maíra Bezzihttp://www.blogger.com/profile/02093016868305077389noreply@blogger.com5