terça-feira, 25 de agosto de 2009

Noite chuvosa

Cá estou pensando em todas as coisas que gostaria de registrar hoje. Chove há quatro dias aqui. É estranho, não estou mais acostumada à água que cai principalmente à noite e vem regar a grama, a horta e fazer crescer bem depressa o mato que havia sido cortado... Durante a seca, nós do cerrado esquecemos como é a vida úmida da terra molhada, da lama. Quando a chuva vem assim, fora de época, nos pega de surpresa e ficamos todos meio abestalhados e extasiados ao vê-la e, principalmente, escutá-la cair. Pois que caia, que chova! tanto melhor! Só não sabemos o dia de amanhã... é possível que a seca volte com tudo depois deste período... vamos ver.

Li muitas coisas hoje neste mundo parelelo da virtualidade (essa palavra existe???)... Coisas ótimas, boas idéias, boas notícias. Mas também recebi um email muito triste sobre um certo cidadão que destruiu com as próprias mãos parte da horta comunitária que Sandra Fayad mantém em seu jardim na 713 norte. Fiquei chocada e "sick"...

Gostaria de escrever mais, mas agora minhas energias acabaram. É melhor deitar e escrever melhor em um outro momento. Boa noite!

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Au revoir.. mais à bientôt!

Aproveitando um daquele raros momentos (e não é propaganda de cigarro dos anos 80, viu?) em que estou sozinha em frente ao computador, dá aquela vontadinha de escrever aqui. No começo, nem sei direito sobre o quê. Mas aí os dedos vão dedilhando no teclado (meio lentos, é verdade, pois não sei digitar muito bem). A cabeça vai muito mais depressa do que eles. Mas as palavras vão saindo e o texto vai se formando. Essa é a magia de criar algo.

Esta semana despedi-me de uma grande amiga que voltou para seu país, a França. Ela á mãe da melhor amiga que minha filha jamais conheceu,uma linda amizade que durou três anos. Uma cumplicidade não somente entre duas crianças, mas entre duas mães. O interessante é que se nem eu mesma, nem minha família falasse francês tão bem, essa amizade poderia nunca ter se dado. Nós fomos os unicos amigos brasileiros que eles tiveram aqui. E a nossa língua era o francês.

Era? De jeito nenhum! Estou aprendendo que a gente escolhe de quem ou do quê a gente quer se afastar. E eu desejo estar perto da família dela, mesmo longe. Eu já morei em muito lugares e já conheci muita gente diferente. E quem ficou? Alguns poucos que eu mesma fiz questão de escolher e cultivar uma amizade à distância. Pouca gente. Mesmo aqui, na cidade onde morei a maior parte da minha vida é complicado. Apesar de já ter sido bem popular e sair muito e "conhecer" muita gente, as pessoas com as quais me relaciono hoje e considero amigas são muito poucas. E eu as vejo raramente.

E aí, sou anti-social? Antipática? Metida? talvez um pouoo... Mas com certeza sou egoísta e estou vivendo talvez o momento mais egoísta de minha vida! E quero devorá-lo com uma ferocidade de loba selvagem. Meu momento, minha casa, meu marido, minha cria, minhas plantas, minha comida, minhas coisas!!!! UUUáaaaa! Cuidado se não eu mordo!... É. e sincera também, mais até do que sempre fui. Se tenho vontade de sair e ver gente? De vez em quando. Mas tenho gostado mais de receber pessoas queridas e convidadas (às vezes não) em minha casa mesmo... Quem me conheceu há uns cinco anos atrás provavelmente não vai entender, mas é a verdade...

Acho que são escolhas mesmo. quando será que reencontrarei esses queridos franceses? Não sei. Onde será que nos encontraremos da próxima vez? Só espero que nós possamos viajar para vê-los antes que eles venham aqui de férias qualquer dia desses (o que é bem provável...). Mas enfim, se eu escolher mantê-los vivos em meu coração e minha memória (nem estou contando com a internet, que vai com certeza ajudar a manter alguns fatos importantes em dia), quando a oportunidade para um reencontro chegar, tenho certeza que vai ser ótimo! E é isso que quero mostrar pra Nina também. Não tenha medo de dizer adeus. Nós escolhemos quem não queremos ver nunca mais. E escolhemos também aqueles que merecem nosso apreço e companhia.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Rabanete e formiga

Hoje de manhã eu descobri o que comeu as folhas do meu rabanete. Já desconfiava que poderiam ser formigas, mas eu nunca as havia visto em ação. Junto com a primeira leva de sementes que eu havia semeado há duas luas atrás estavam rabanetes. Eles cresceram e ficaram vistosos, com folhas de até 30 centímetros de altura, acredito. Um belo dia, essas folhas começaram a diminuir de tamanho até virarem toquinhos, como se tivesse passado a tesoura por cima.

De imediato, eu culpei o pintinho que estava conosco (a Pipa), que sempre me acompanhava até a horta e ficava ciscando por ali. Ele adorava o manjericão. Porém, ele sumiu há umas três semanas – nós nos esquecemos de guardá-lo um belo dia, pois não estávamos aqui no cair do sol e quando chegamos de noitinha, ele havia sumido e nunca mais apareceu... Ele se foi, mas as folhas de rabanete continuaram a desaparecer também. Cheguei a me sentir mal por ter sido injusta com a Pipa.

Na lua crescente que passou, eu semeei outro canteiro, visto que considero-me vitoriosa em relação ao meu primeiro, apesar do fiasco do rabanete, e semeei as últimas sementes de rabanete também. Hoje de manhã cedo fui molhar a horta e pela primeira vez vi as formigas da cor da terra, cortando o broto de rabanete e carregando aqueles pedacinhos de folhinhas verdes para fora do canteiro e para fora da horta. Bem ali, debaixo do meu nariz, e eu sem poder fazer nada! Principalmente porque estou de óculos hoje e não enxergo bem. Precisaria das minhas lentes para poder segui-las e descobrir da onde elas vêm.

Já expliquei para todo mundo que o intuito desta hora é que ela seja orgânica. Mesmo assim, as pessoas continuam me dizendo que devo colocar remédio de formiga em seu formigueiro para matá-las. Mas aí minha horta deixaria de ser orgânica, certo? Conversei com elas hoje, como me ensinou uma amiga agrônoma, mas não sei se esta conversa vai surtir efeito. As formigas parecem gostar demais do rabanete para cair meu papo! Vou tentar métodos alternativos, como cinza de plantas e fumo. Quer dizer, não hoje... se bem que a lua minguante poderia me ajudar a fazer com que as formigas parem de vir à horta, pelo menos por um tempo... quem sabe?

Ontem descobri também o que vem comendo minhas impatients. É lagarta. Até achei uns ovinhos brancos em um caule. Joguei fora. Vou ter que tirar alguns pés da manilha porque ela está lotada e reparei que as plantas que não têm muito espaço lá não dão muitas flores. Tem uma que ficou em um cantinho só para ela e deu mais de 20 flores vermelhas ao mesmo tempo! Incrível, não? A azaléia, que fica no centro, acabou de florir de novo. O teatro das flores... Agora, além de presenteada com bela e deliciosa rúcula da horta, também tenho o prazer de ver flores que eu mesma plantei desabrocharem. Não tem preço.

domingo, 9 de agosto de 2009

Dia dos Pais

Neste dia comercialmente escolhido para homenagear os papais, quero mostrar aos meus filhos que não só de presentes comprados se faz uma festa. Bom, Gabriel ainda é muito pequeno para entender, mas já faz algum tempo que essa mensagem é passada para Nina. É claro que todos precisamos de coisas e eventualmente nós as queremos, mas a pergunta que fica é: precisamos de TANTAS coisas?

Já que estamos meio duros mesmo e que eu não tenho tempo nem paciência para bater perna em shopping center para procurar essas coisas que ele provavelmente não precisa, o nosso Dia do Pais está sendo assim: um belo e delicioso café da manhã feito por nós (já que João ama esta refeição), um cartão gigante que fabricamos (meio às pressas, digo com um quê de embaraço) com muito amor, fotos que tiramos e palavras de amor e coisa e tal. Ele hoje vai trabalhar e não teremos mais tempo de ficar com ele.

Vamos almoçar na casa de sua mãe, festejar este dia junto a seu padastro, que é talvez uma figura paterna mais marcante que a de seu próprio pai. Visto que o meu pai também está longe - e digo, esses dias a saudade dele tem batido forte, forte -, é lá que passaremos a tarde sem a companhia do nosso João, que estará trabalhando em um evento de índios e indígenas do mundo todo. Ele é free-lancer mesmo, tem que trabalhar quando o trabalho aparece! E estou feliz por isso.

Ele não é só pai hoje e nos outros domingos. Ele é pai todos os dias, todas as horas. Mesmo que não esteja em casa, ele está sempre presente por aqui, principalmente porque eu mesma estou tão próxima de nossas crianças. Desta forma, ele participa em primeira mão das novidades, fica sabendo das brincadeiras e descansos de cada dia.

Quero deixar um alô público para o meu cunhado Lineu, que será papai em breve de minha primeira sobrinha. Eu me emociono quando penso que minha "irmãzinha" está se preparando para parir e nutrir sua primeira filha. Ela está linda com seu barrigão, seus belos olhos azuis, seus cabelos e seios fartos. Minha primeira sobrinha (e afilhada também!) será provavelmente como seus pais: mignone, galeguinha ds olhos azuis, a pequena princesa Elisa (ou Élisa, como a gente tem brincado, já que vai ser pÉrnambucana da miÓ qualidade!). Parabéns, querido cunhado que está longe. Estou encantada com a forma que você está aguardando sua filha.

E que todos nós tenhamos um excelente dia pela frente. Por aqui no Planalto Central, muita secura. Mas não está seco o suficiente para secar nossos corações. Que continuemos a ter muita água e muita vida dentro de nós!

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Mandalas

Comprei papel A2 grosso, para arte e novos gizes de cera. (Detalhe: não sei se o plural de “giz” é “gizes” mesmo, mas como o corretor de texto não me corrigiu, deixo assim!) Fiz minha primeira mandala e pretendo fazer mais a cada dia. Minha psicóloga sabe analisá-las. Parece que elas dizem muito sobre quem as faz. O momento de vida da pessoa. Louco, não? Como a mente da gente trabalha sem que a gente se dê conta disso. É o nosso inconsciente mesmo, nossa intuição, nosso coração, falando mais alto do que a razão, através do desenho colorido dentro de um círculo.

Aliás, tenho tido insights sobre a linearidade do mundo, em detrimento de minha natureza cíclica e circular. Meu ventre é redondo e gira em torno de um ciclo de fertilidade que se repete a cada mês. Meus seios são redondos e continuam a alimentar (mesmo que mais espiritualmente do que fisiologicamente) o meu bebê que cresce sem parar. Nas belas íris redondas de minha minha filha, vejo a alegria e a inocência de uma criança que descobre o mundo a cada dia que passa... Então eu me pergunto: por que minha casa tem linhas duras e é retangular? Por que minha horta está disposta em canteiros, leras? Já existe gente por aí afirmando que as hortas devem ser circulares e partir do centro de uma árvore grande e frutífera, como uma bananeira por exemplo.

Até a dança, que fez parte da minha vida por tanto tempo. O balé clássico é formal, rígido, com “linhas” rígidas que vão contra meu corpo cheio de voltas e contornos. Anos de treinamento, para se ter “linha”, justamente, um equilíbrio e uma técnica em que prevalece a precisão. Não que a dança clássica seja só isso, acho que ela pode ser muito mais. Muito mais artística e “redonda”. Estou apenas devaneando sobre mim mesma e minha trajetória em dança (clássica, em sua maioria). Hoje estou interessada em dança-terapia e tenho pesquisado e conversado com as pessoas sobre este tipo de dança, que me parece muito mais natural e femininamente redonda e circular.

Sisos

Há cinco dias atrás, João passou por uma cirurgia. Foi a um cirurgião dentista cuja especialidade é retirar sisos. Era preciso que fosse o melhor profissional possível, visto que os dois sisos de baixo estavam inclusos e em posição horizontal. Foi uma cirurgia rápida, deu tudo certo. Cada dente foi cortado em quatro pedaços por uma máquina e depois pinçados pelo dentista. Os pedacinhos estão aqui na mesa na minha frente...

Há anos que João e eu sabemos que era preciso retirar esses dentes, mas só agora nós conseguimos nos organizar para fazê-lo. O risco de infecção era tamanho que não se podia mais esperar. Quando ele chegou em casa depois da cirurgia, foi um choque para mim. Meu marido, sempre tão forte e enérgico, com a boca mole, sangrando sem parar. No dia seguinte, quando o sangue finalmente estancou depois de muita compressa de gelo, ele ficou com aquela cara enorme, como quando se tem caxumba. No terceiro dia, ele já estava faminto e farto de iogurte e sorvete! Agora, ele tem comido mingau de farinha láctea com leite de soja, papinha estilo Gabriel com macarrãozinho e caldinho de feijão! É quase um segundo bebê para mim... Mas por pouco tempo.

O rosto dele está desinchando, mas é preciso repousar de verdade. É difícil para ele, às vezes, ficar quieto. Mas acho que o mais difícil é a dor mesmo. Ele tem acordado de madrugada quando o efeito do paracetamol passa. Aí ele precisa de outro comprimido. Fazer o quê? Só alopatia na veia mesmo para diminuir essa dor que foi provocada. E repouso e tranquilidade. Muito repouso. Nesse ínterim, ele completou 33 anos. Uma idade linda, não? E pensar que nós começamos a trilhar nosso caminho juntos há 10 anos atrás... Minha vida tem 1/3 da presença e companhia do meu João. Bom, muito bom mesmo.