Finalmente acabei de passar talvez pela pior TPM do ano!... Ufa! Depois de alguns dias com dores nos seios, cólicas, irritações, cansaços e choros, ela -a tão esperada e sangrenta menstruação- desceu esta madrugada!... Que alívio! O que podia ter sido e não foi agora vai embora, levando mais um pedacinho de mim com ela. Iniciou-se então o meu 13o ciclo do ano.
Com ela, o cansaço e o pensamento de que o método contraceptivo natural que venho usando desde o início do ano tem dado resultados. (Você pode ler um pouquinho mais sobre este método neste mesmo blog, no texto sobre a natureza cíclica da mulher). Passei o ano inteiro tendo um contato mais íntimo comigo mesma diariamente. Fui muito rigorosa com minhas anotações e com minha vida conjugal. Não é fácil para o casal não querer mais filhos e, mesmo assim, não sucumbir aos métodos contraceptivos mais aceitos pela sociedade. "Valeu a pena? Tudo vale a pena se alma não é pequena", já disse uam vez aquele Pessoa.
Confesso que sinto que meu marido ainda não percebeu muito bem o andamento do meu ciclo. Eu tenho que ficar avisando aonde mais ou menos eu estou. Inclusive quando sinto que aquela irritação ou apatia sexual (caraterísticas pessoais minhas durante os dias que antecedem o ciclo) vem chegando, eu tenho que avisá-lo. Bom, nada é perfeito e, se eu mesma estou começando a me conhecer melhor, imagina ele! Prestar atenção no meu ciclo, acompanhá-lo e respeitá-lo e ainda dar conta do seu próprio ciclo hormonal, do qual não sabemos praticamente nada! Sim, mulheres! Eles também têm um ciclo e estão sujeitos a alterações corporais e emocionais. Confesso que não sei nada sobre o assunto. Mas isso é outra história, igualmente importante, mas vamos a uma coisa de cada vez!
São 13 ciclos me observando, fazendo anotações sobre mudanças no meu corpo, acompanhando o movimento da lua, escutando mais os meus sentimentos e instintos. São 13 ciclos também ainda amamentando, quantas vezes me forem pedidas ao dia e à noite. São 13 ciclos de vigília em vários aspectos. São 13 ciclos seguidos sem nenhum hormônio sintético para controlar o meu ciclo. Nunca em minha vida eu havia ficado tanto tempo sem tomar alguma coisa ou ter algo que fizesse o controle dentro de mim. Sinto-me empoderada. E digo, sem modéstia: eu consigo me observar e manter a minha decisão conjunta com o meu marido de não engravidar de uma maneira natural, que não me violenta. Sinto-me livre e satisfeita!
Minha sobrinha de 13 anos dormiu aqui em casa hoje e eu quis saber do seu ciclo. Levei um "chega pra lá" dela, claro. Mas talvez eu consiga conversar com ela e com qualquer outra menina-mulher, mulher, que queira dividir seu ciclo comigo. Estou me preparando para poder receber melhor a adolescência da minha filha. Ainda falta, mas ainda falta também muito tempo comigo mesma, mais observação e compreensão do que é ser mulher. O que é o feminino? Para as minhas amigas amadas que se amam entre si, digo que vocês têm muita sorte em poder viver a vida juntas, pois podem ser o espelho uma da outra.
Enfim, o que quero dizer é que o feminino vai muito além da sexualidade das mulheres. Toda mulher precisa se conhecer melhor e se apoderar do conhecimento do próprio corpo, que foi se perdendo pouco a pouco, o conhecimento do qual fomos privadas por diversas razões que não cabe a mim enumerar. Começo a compreender que minha vida é meu corpo e que meu corpo não está sozinho. Se eu não estiver em sintonia com meu corpo, não estarei nunca em sintonia comigo mesma. E sou mulher, tenho a capacidade de fazer coisas que o corpo do homem não pode. Sou diferente! Oh, que descoberta maravilhosa! Estou começando a penetrar na caverna das sacerdotisas, das curandeiras, das parteiras, das bruxas... Quero cada vez mais adentrar este universo que é tão feminino e que me fascina tanto!
E você? Quer fazer comigo esta viagem maravilhosa para dentro de você mesma e de nossa herança e consciência arquetípica?
Cabalístico, místico e ao mesmo tempo tão biológico. Ótimo texto... me diverti muito. Abraço, sou seu novo seguidor, posso? Beijo!
ResponderExcluirMuito lindo o que escreveu sobre nós, confesso que jamais me observei da maneira como o faz, certamente isso lhe dá muito conforto em relação a si própria. Talvez seja um atalho para se chegar à compreensão do mundo também, das relações, da existência e muito mais. Obrigada por me alertar para esse atalho, pode ser por aí... Beijo!
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