domingo, 7 de março de 2010

Meu texto para a Revista do Correio Especial: Dia Internacional da Mulher

 
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Reproduzo aqui na íntegra o texto e a foto que mandei para o site da Revista, em princípio sem esperar nada. Mas eis que segunda passada, me ligaram confirmando dados e cheguei a achar que teria alguma chance em ser publicada: doce ilusão! Quem é mesmo que está interessado em saber que tem mulheres de classe média por aí, que já moraram fora diversas vezes, já estudaram e trabalharam com várias coisas, são jovens, bonitas e talentosas, inteligentes e, no momento, querem ser só o quê? Mães?!?!? Enfim, vai entender, né? Aí vai:

A minha revolução: ser mãe em tempo integral

Pode parecer estranho uma mulher da minha idade, do meu meio social, ter escolhido ficar em casa após o nascimento do segundo filho. Ele tem 1 ano e 8 meses e desde que ele nasceu, eu me dedico inteiramente a ele, a minha filha de 8 anos, meu marido, a casa e, principalmente, a mim mesma.

Por que então dizer que este movimento é revolucionário, visto todo o movimento feminista do século passado, todas as conquistas femininas sociais extremamente importantes que aconteceram? Bem, o Dia da Mulher me impulsionou a escrever este texto. Minha decisão tem um impacto em nossa sociedade (altamente consumista e masculinizada), pois estou fazendo o caminho inverso do caminho “esperado” das mulheres da atualidade: estou voltando para casa.

Literalmente! Minha proposta é estar em casa, disponível para as crianças, proporcionando um lar amoroso, onde cada um de nós possa voltar-se para si mesmo e se reconhecer como indivíduos, pessoas especiais, com habilidades especiais. Meu marido e eu também estamos nesse caminho. Ficando em casa, eu dou a ele a chance de buscar lá fora o nosso sustento através de sua inteligência e sua garra. Ao mesmo tempo, eu posso me dedicar a mim mesma e ao nosso projeto mais importante: nossas crianças.

Assumimos a responsabilidade de cuidar integralmente delas, cada qual fazendo a sua parte. Acreditamos que assim, estamos fazendo “filhos melhores”. Sou uma mulher de 31 anos que desenvolve um trabalho não remunerado, tampouco reconhecido, nem pelo governo, que dirá por empresas e pela sociedade em geral. Estou desempenhando o meu papel como mãe, que é nutrir (em todos os sentidos), proteger, apoiar, mas sobretudo amar. Se eu não o fizesse, alguém teria de fazê-lo.

Uma das maiores queixas das mulheres que desempenham multi-tarefas hoje em dia é a famosa “falta de tempo”, seja para elas próprias, seja com suas crianças. Com minha primeira filha, sofri desse mal. Eu trabalhava, estudava, cuidava da casa e vivia altamente estressada e exausta. Muitas coisas aconteceram durante os 7 primeiros anos de sua vida. Felizmente, meu marido sempre foi um pai amoroso e presente e eu também tive o apoio de nossas famílias para cuidar dela. Enfim, não foi fácil. Quando decidimos então engravidar novamente, as coisas começaram a se apresentar de forma diferente para mim.

Comecei a perceber que eu não queria ter que me esforçar muito para dar “qualidade em detrimento da quantidade” com o meu tempo disponível para meu segundo filho. Eu comecei a desejar estar mais próxima e realmente disponível. Conversando com meu marido, que é free-lancer, chegamos à conclusão que valeria muito mais a pena (em termos financeiros mesmo) eu ficar em casa com as crianças do que continuar a dar aulas em horários esdrúxulos (o que sempre dificultou nossas combinações).

Na época, nossa decisão foi tomada baseada em cálculos. Entretanto, durante todo esse tempo que passou, os números se mostraram incapazes de “medir” a qualidade e os benefícios desta nossa empreitada. Eles são claros: nossas crianças são saudáveis, agradáveis, bonitas, esbanjam energia e vivacidade, são muito inteligentes, além de extremamente amorosas e carinhosas. Nós aprendemos muito com elas todos os dias. Digo até que aprendemos mais com elas do que elas com a gente. Mas isso é outra história...

Enquanto vamos mantendo nosso plano de investimento nelas em ação, eu, por minha parte, invisto em mim mesma. Como? Voltando às minhas raízes, pesquisando sobre minha família, escrevendo (mantendo um blog inclusive: www.minhacasaminhaalma.blogspot.com, buscando fazer o que me dá prazer, sendo em casa, cozinhando, limpando, plantando, brincando com as crianças, seja fora dela, participando de alguns encontros e recomeçando minha vida artística, de certo modo. Enfim, os benefícios também são latentes em mim: não vivo mais exausta, ao contrário, tenho energia para desenvolver múltiplas tarefas durante o dia e à noite, se necessário, pois durmo bem e também tenho tempo para descansar e mergulhar fundo dentro de mim mesma. Estou em aprendizado.

É claro que nem tudo são flores e também temos dificuldades nesse percurso. Mas nós estamos confiantes que algo maior está reservado para nós e temos certeza de que esta fase difícil vai passar. Outra coisa que vai passar é a infância de nossas crianças e nós estamos conscientes disto. Por isso mesmo, acreditamos que o momento para estarmos mais próximos delas é agora. O que acontecerá depois, ninguém sabe...

Como mulher, tenho certeza absoluta que estou fazendo o que o meu coração me diz. Estou também agindo e me preparando para ter outra profissão, uma que realmente me preencha, tanto quanto a maternidade me preenche agora. Mas isso é o futuro, tudo o que posso fazer agora é viver o presente, que é o maior presente do mundo: meus filhos!

7 comentários:

  1. Maíra Parabéns!
    Até parece que você falou de mim.
    Após o nascimento do meu primeiro filho, larguei tudo para cuidar dele e engravidei novamente após três anos e digo a você que sou muito feliz.
    Vivemos uma vida simples e esticada, mas esse amor e carinho para com meus filhos e marido e maravilhoso.
    Também faço minhas artes e estudo.

    E mais uma vez parabéns pelo dia da Mulher.

    xeros

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  2. Que beleza de texto Maíra!
    Essa coisa da multimulher de hj acaba conosco!
    Parabéns pela coragem de "fazer o caminho inverso", e "voltar para casa"!!
    Quer saber? espero um dia ter essa coragem !!!
    acompanho suas postagens e acho a sua interação com a casa/família o máximo!!!

    Beijos no coração!!!

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  3. Ana e Tatiane, fui muito honrada e grata de receber o apoio e o carinho de vcs, amigas blogueiras!
    Ana, sei que vc é mãe e tenho sorte de tê-la encontrado por aqui... valeu!
    Tati, sei que vc ainda não tem filhos, mas espero que quando for tê-los pense em você e neles com muito carinho.
    Valeu, gente!

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  4. Mamá, acho linda a educação que você dá para os meninos, o aconchego da sua casa maravilhosa e a paciência que você tem para lidar com tudo isso! Sério amiga, te admiro!

    Bjs e um feliz dia da mulher!

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  5. Querida Maíra,
    Essas coisas do mundo enlatado...
    Da revista... Ilusões e Desilusões...
    Uma pena...
    Muitos leitores que perderam a oportunidade de te ler e te conhecer!
    Mas vejo que tem pessoas que te admiram e te leem para além das revistas, e você as proporciona a possível "revista" de si mesmas...
    E isso é "MAÍRAvilhoso", Parabéns!
    Parabéns pela Escritora,
    pela Mãe,
    pela Mulher,
    pelo Ser VIVA!
    Tô contigo nessas...
    Bjs com amor,
    Fernanda

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  6. Maira querida,
    É preciso a coragem e também a opção da escolha.
    No meu caso eu até que tinha coragem, mas faltou a opção...eu precisava trabalhar, como faço até hoje. Meu filho hj tem 22 anos, é um belo rapaz começando sua vida e vejo hoje, que apesar do tempo que não pude dedicar a ele, conseguimos superar esta ausência e nos tornamos amigos e cúmplices.
    A gente precisa fazer o que pode com as ferramentas que temos nas mãos...mas fazer sempre o melhor!
    Não conheço ainda o portal que você mencionou, manda um link para mim?
    Beijos querida e obrigada pelo carinho e por suas palavras!

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  7. Maíra querida,
    É maravilhoso escutar tudo o que vc diz (ouço a sua voz quando leio seus textos)...
    Sabe porque?
    Apesar da sua experiência de vida ser bem diferente da minha, as conclusões são exatamente as mesmas!!!
    Fico super feliz e isso me aproxima ainda mais de vc.
    Gostaria que muitas mulheres tivessem acesso aos seus depoimentos. Eles são uma fonte de força pra ir contra tantas coisas impostas pela sociedade... e de inspiração pra descubrir o mais simples e eficaz: aprender a se escutar.
    Te quero muito.
    Beijos com carinho da Maria

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