sexta-feira, 5 de março de 2010

Música com crianças e para todos

Sou filha, neta e sobrinha de músicos. Cresci entre ensaios e apresentações pela cidade afora. A música sempre foi parte intrínseca da minha vida. Estudei muita teoria e toquei vários instrumentos em diferentes épocas: violino, harpa, flauta doce e flauta transversal. Mas como eu passava a maior parte do meu tempo dançando, não tinha muito tempo para os estudos de música, o que dificultava o aprofundamento ao tocar qualquer desses instrumentos.

Ao mesmo tempo, mesmo tendo crescido rodeada por música, não tive muito apoio em casa para estudar e acabava largando um instrumento quando ele ia ficando muito difícil e começava a tocar outro. Até o dia que abandonei a Escola de Música de vez. Meu último encontro formal, digamos, com a música foi em um Curso de Verão, onde estudei canto popular e, logo depois, integrei um coral feminino, o Ars Femina, que foi uma experiência divertida. Depois disso, era só: "é, a Maíra é super afinada, canta bem"... Mas, na verdade, não consegui ir além disso. Mas as coisas mudam bastante quando a gente se torna mãe!

Sempre brinquei e cantei muito com a Nina. Aos dois anos de idade, mais ou menos, ela começou a frequentar o então recém-lançado projeto "Música para Crianças" da UnB, dirigido pelo Professor Ricardo Dourado. As aulas eram aos sábados e, como eu dava aulas nesses dias, João era o encarregado de levar Nina às aulas de música. Assim foram os primeiros dois anos... Eu me encantava nas apresentações, mas não percebia quanto eu estava deixando de ganhar por não participar dessas aulas criativas e amorosas. Antes de seguirmos para a França, Luíza Volpini botou um violino nas mãos da Nina, ela estava com 4 anos. Mas o instrumento teve que esperar um ano (até nós voltarmos) para que Nina começasse a tocá-lo realmente.

A partir daí, ela começou a frequentar o curso "Violino para Crianças", também dirigido por Ricardo, mas coordedenado pela Luíza. Tinha aulas em grupo aos sábados e uma aula individual por semana. Eu a levava durante a semana e João aos sábados. Eu demorei um tempo para entender a importância de estar presente em todas as aulas. Continuava trabalhando aos sábados, até que finalmente consegui me desligar daquele horário de trabalho infernal!

Muito bem, meu processo como "mãe Suzuki" demorou a pegar no tranco porque eu demorei a entender a importância e o valor do estudo em casa com a criança (seguindo as instruções das aulas e minha criatividade). Quando finalmente comecei a entender mais o método, sua amorosidade, as oportunidades que ele traz de envolver pais e filhos, Nina começou a deslanchar. Mesmo. E não parou mais. Ela toca há quase quatro anos e gosta de ouvir sua própria música. É claro que não e fácil estimulá-la para estudar sempre. Há dias e dias. Há dias em que é preciso menos esforço da minha parte e há dias em que tenho que ser duas vezes mais paciente e amorosa. Há dias em que perco a paciência... Mas tudo é aprendizado. Aprendemos uma com a outra.

Com Gabriel estou tendo uma vivência diferente. Ele começou a frequentar as aulas de musicalização aos sete meses, no mesmo curso da UnB, mas com a professora Clarisse Prestes. Sábado passado as aulas voltaram. Ele é muito concentrado e musical, como sua irmã. Além disso, tema peculiaridade de ser um bebê extremamente comunicativo. Ele imita tudo o que a gente fala e sabe dizer o que quer muitas vezes, ou seja, é diversão garantida! Cantamos e ouvimos muita música em casa. Ele gosta, se acalma, se interessa e participa.

Bom, por que escrever essas coisas a vocês? Bom, primeiro porque é parte da minha casa, portanto, minha vida. Depois porque acredito que somos seres musicais. Qual é o ser humano que não gosta de música? Isso não existe! E as crianças, então, têm a música dentro de si mesmas, basta estar com elas, estimulá-las e ouvi-las. Todos podemos. Este é o princípio básico do Suzuki: se o ser humano tem a linguagem dentro de si, então ele também tem a música, pois ela também é linguagem (da alma, eu diria!). Qualquer pessoa pode aprender a tocar um instrumento.

E o que é melhor: fazer música junto com suas próprias crianças é algo que todos deveríamos experimentar e vivenciar, para sentir e saber como é. É estarmos presentes, com nossos filhos, dedicando nosso tempo a eles, dando o que temos de melhor. Vocês podem estar achando que estou romanceando demais a questão, e é verdade, porém, acredito na máxima de Suzuki: "educar é amor" e a educação musical não deveria ser privilégio de poucos, e sim, direito de todos!

Aproveito então esta oportunidade para divulgar meu novo blog, onde escrevo sobre essas experiências de ser "mãe Suzuki" e gostaria de trocar ideias com outros pais a respeito deste assunto. Vocês estão convidados a visitá-lo e participar, é claro!

Venha me visitar! aqui

Com amor, Maíra.

Um comentário:

  1. Maíra que legal isso tudo.
    Tenho dois filhos e adoraria que pelo menos um fosse músico.
    O mais velho, já tentei entrar com ele no conservatório mas ainda não foi sorteado.
    Bom, mais como ele faz capoeira, um dos ensinamentos obrigatórios é aprender a tocar todos os instrumentos tocados lá. Não é bacana, pode até ser um começo, não é?
    Amo música!
    E vou agora mesmo conhecer seu novo blog.

    Xeros.

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