sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Sobre julgar e ser julgada

Estou um tanto mexida e pensativa desde ontem. Tive uma ligeira discussão (que quase virou uma briga) em um chat com uma das minhas melhores amigas por causa de uma crítica que ela me fez em relação ao blog, mais especificamente, a este texto aqui. Ela me disse que se eu não quero ser julgada, então não devo julgar...

Bom, eu reli o texto e os comentários recebidos até hoje e, sinceramente, não achei o texto ofensivo. É claro que muitas coisas ali não são fáceis de serem digeridas e há pessoas que podem se sentir diretamente atacadas por minhas palavras e ideias. Não posso generalizar e colocar todas as mães de classe média no mesmo saco. Mas também não posso deixar se notar o fato de que as crianças (principalmente os bebês e aquelas na primeira infância) têm sido deixadas sim por suas mães aos cuidados de outros. Isto é um fato!

E o que exatamente faz com que essas mulheres deixem sistematicamente por horas (ou até dias seguidos) suas pequenas crias? Bom, falando grosseiramente, o dinheiro. Em alguns casos, há mães solteiras que têm que sustentar suas famílias, ou mães que não têm nenhum apoio financeiro do pai da criança ou de suas famílias. Ou seja, seriam casos de sobrevivência, pois se essa mãe não sair para trabalhar, ninguém comerá. Em outros, e aqui eu falo especialmente de mulheres que estudaram e assumiram posições no mercado de trabalho, as mães voltam ao trabalho porque acham que se ausentarem por muito tempo, terão problemas.

Enfim, os motivos variam muito, de acordo com idade, classe social, nível de escolaridade, situação conjugal, etc. Eu não tenho dados específicos para explicar o fenômeno no Brasil. Só a minha observação do meu meio social e minha própria experiência de vida é o que tenho em mãos para escrever.

Não estou aqui nem para julgar, nem ofender ninguém. Mas não sou perfeita, nem imparcial. Sei que julgo e assumo isso. Mas esse não é o meu intuito. Escrevo aqui para refletir sobre a minha realidade e propor a discussão e a reflexão também. Se com minhas palavras eu conseguir atiçar o desejo de uma mãe somente de parar tudo e se dedicar-se exclusivamente ao seu bebê e à sua criança, pelo menos imaginando como seria sua vida com menos dinheiro sim, mas muito mais próxima daquele ser que cresce sem parar e que precisa de sua presença, sua entrega, sua disponibilidade, o que faço aqui já valeu a pena.

3 comentários:

  1. Maíra, querida, a divergência é maravilhosa pois nos faz refletir, decidir e assumir uma postura perante o mundo. Mas cada um na sua, respeitando a opinião/postura do outro.

    Tenho pra mim que quando algo que falamos mexe muito com uma pessoa é porque atingiu seu ponto fraco, tocou na ferida. Às vezes, a própria pessoa nem se dá conta disso, por ser algo muito subliminar ou inconsciente pra ela.

    Que tudo fique em paz! E bola pra frente, menina!
    Bjos

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  2. Maíra, foi muito bom te ver ontem e a sua família. Vc tá linda! E senti falta de conversar com vc com tranquilidade, fica para uma próxima oportunidade...

    Sabe, não temos o direito de julgar, como ninguém o tem de nos fazer... mas temos a responsabilidade na emissão de nossas opiniões e em suas consequências... mas que isso! Temos a responsabilidade direta diante das nossas escolhas que se concluem em pensamentos, falas, escritos... Vc fez escolhas que uns julgarão/opinarão boas e outros não se reconhecerão, faz parte...
    como faz parte o acolhimento e a escuta das escolhas semelhantes e distintas...
    Assim, só posso concordar com a Taiza, quando o "Não" é gritado, é porque ele não está bem dimensionado...

    Querida, um beijo para vc! e continue...

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  3. Esquenta não, linda! Viver na contramão tem dessas, e o pensamento hegemônico está cheio de justificativas e auto-defesas, enfim... Você não está tentando convencer ninguém, apenas expressando o que está na sua cabeça e no seu coração. A blogosfera é livre pra isso, assim como quem não concordar é livre pra se manifestar ou até não frequentar mais um determinado blog.
    Tem gente que não tem opção, aí tudo bem. Mas pra quem tem, acho que o mínimo de reflexão seria preciso, mas refletir incomoda, às vezes até dói, não é mesmo? Aí vem as justificativas...
    Tenha sempre orgulho das suas opções, pois são feitas com muita consciência.
    Beijo grande pra vc e a familinha em expansão!

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