Sim, é um país muito diferente do Brasil. Tirando o clima, que é tropical - leia-se quente pra chuchu e úmido, e algumas trapalhadas culturais, a Malásia se diferencia do Brasil em aspectos quase óbvios: religião (no pulral, claro), língua (que deveriam ser quatro as oficias, como em Cingapura - Inglês, Bahasa Malaio, Mandarim ou Cantonês e Tamil), comida, modo de se vestir...
Como não publico há muito tempo, há muitos assuntos atrasados. Mas vou tentar me concentrar no que interessa: o que vivemos no momento! As crianças estão em duas escolas diferentes: os dois mais velhos continuam no sistema francês e estão falando inglês bem. Vão e voltam de ônibus escolar, o que tem sido uma bênção, já que eu não preciso enfrentar o trânsito para levá-los ou buscá-los. Os dois menores vão a uma escola menor, montessoriana, pertinho de casa. O caçula começou a frequentá-la há um mês e meio e se adaptou muito bem. E sim, falam inglês na escola, e aprendem um pouquinho de bahasa malaio e mandarim!
"Mas Maíra, todas as crianças agora vão à escola! E o que é que você faz o dia inteiro?" Esta é uma boa pergunta e eu gostaria de dizer que nas 4 horas e meia que não cuido de crianças durante o dia, eu tenho feito muitas coisas, na verdade. Nas últimas semanas, tivemos a felicidade de receber nossa primeira visita ilustríssima do Brasil: a vovó Fátima, minha sogrinha querida. Pois bem, enquanto os picurruchos iam à escola, eu e ela batemos muita perna por aí! Ela vai embora domingo que vem, e estamos tentando aproveitar um pouquinho ainda desse aconchego amoroso que estamos tendo com ela aqui.
Como os calendários escolares não batem, estamos aqui com os dois mais velhos de férias (pois no sistema francês elas são muitas), e os dois menores indo à escola. Mas tudo bem, fazer o quê? Não se pode ter tudo! E eu? Bem, eu tenho várias novidades... Estava em uma rotina de estudo massa à qual retornarei em breve. Ao mesmo tempo, botei um projeto querido em prática e estou dando aula de yoga pré-natal, seguida de roda de conversa com as lindas gravidinhas em uma estúdio de yoga e pilates de uma professora amiga do lado da minha casa! Além de me trazer um pouco de renda, esse trabalho me preenche e torço pra que ele continue a dar certo!
Trabalhos domésticos? Claro! Não param nunca! No momento, estamos sem ajuda. Tivemos de despedir nossa empregada por uma série de motivos. Enfim, não estava dando certo e ela dançou! A fadinha de uma amiga ficou aqui um mês quebrando um galho. Ela é ótima e talvez venha trabalhar aqui. Ainda não sabemos. A questão das domésticas na Malásia dá um post por si só e é provável que eu o faça, pois me interesso muito pelo assunto e acho que vale a reflexão - principalmente para nós, da classe média brasileira, que sempre "teve empregada" e hoje, pelo menos eu sou assim, as apoiamos e queremos mais é que elas sejam respeitadas, sem abusos, enfim...
Outra coisa que está rolando no momento é o tal do haze. já escrevi no facebook sobre isso e é algo que não passa em branco. No ano passado, à mesma época, também houve haze. Todo ano tem nessa época do ano. Mas este ano, o negócio está quente, pegando fogo mesmo, literalmente. Haze é uma fumaça espessa, proveniente de queimadas ilegais de florestas indonésias, onde indústrias de papel e, principalmente, de óleo de palma, queimam florestas para fazer seus plantios. Eles queimam lá, a fumaça sobe pra cá, mas acontece que as empresas são, geralmente, malásias e cingaporenses, quando não multinacionais (claro). Infelizmente, a situação deste ano está se agravando por conta das secas provocadas pelo El Niño. Caramba, que nó, não?
O haze acaba afetando a vida do cidadão comum. O céu fica sempre acinzentado. Nos dias piores, dá pra sentir o cheiro da fumaça, de coisa queimada mesmo. Quando está mau mesmo, como esteve nos últimos dias, dá pra ver a fumaça a dez metros de distância. Isto significa que não dá pra ver os prédios e a visibilidade é péssima! Pode saber: escolas públicas canceladas e atividades fora altamente não recomendadas. Hoje ao sair mais cedo, havia uma pontinha de céu cinza-azul e senti o calor do sol na minha pele. Pensei: bom sinal! Se continuar assim, de tarde, vou levar os meninos ao KLCC Park, o maior parquinho pra crianças que já vi na vida: são um milhão de brinquedos fera, com passagens, escorregas, sobe-e-desce, várias complexos diferentes. Benjamin o apelidou de parquinho das cores! Tem uma área verde linda e uma piscina pública que me lembra a antiga piscina de ondas de Brasília. Aliás, esse parque foi projetado pelo Burle Marx, gente! Adoro ir lá, mas o ar tem de estar minimamente respirável.
É realmente uma loucura! Algo que nunca achei que tivesse de enfrentar na vida: poluição na cara! Sem dúvidas, é o que eu menos aprecio daqui. Espero que todos se conscientizem da grande burrada que estão fazendo! Sem contar com o preço da nossa saúde mental e física hoje (pois passamos muito mais tempo presos no ar-condicionado) e quiçá a do futuro! Claro, a questão é bem maior, tem toda a indústria envolvida, grana que não acaba mais. E ainda por cima, os donos das empresesas de óleo de palma querem nos convencer que ele faz bem à saúde! Tenha santa paciência!