segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Eu, mãe de três

Estou aqui com o peito duro, vazando, cheio de leite para dar ao Iuri. Mas ele ainda dorme, está tirando um soninho da manhã, bem gostoso e quentinho em seu bercinho, onde dormiu pela primeira vez esta noite. O moisés (na verdade uma cesta de vime, com uma proteção lateral e um colchãozinho feito por mim, onde dormiu Gabriel anteriormente) ficou pequeno rápido demais e tivemos que acelerar a mudança. Mas ele continua dormindo no nosso quarto, bem pertinho de mim. Achamos que ele ainda está muito pequeno (54 dias!) para dormir do outro lado do corredor. Até porque Gabriel tem o sono leve e ainda acorda muito de madrugada, o que dificultaria ainda mais o fato de que eu tenho que me levantar para atender as necessidades do pequenininho. Um dia, eles dividirão o quarto.

Agora que ele já está integrado à família - aquela velha história: antes do bebê chegar você não sabe como vai ser, como vai ficar essa nova família com a chegada de uma nova pessoa na casa - e não consigo imaginar a vida sem ele, a nova ordem já se instalou e com ela uma nova rotina, adaptações para cá e para lá, rearranjos, improvisos, enfim, é tanta novidade que cansa! É óbvio que quase não tenho tempo de escrever, ou fazer qualquer outra coisa. Mas eu sei que o que estou fazendo agora não tem preço e ninguém no mundo poderia fazer por mim: maternar e amamentar minha própria cria. (È claro que outra pessoa até poderia fazer isso, mas no meu caso, não terceirizo esses serviços e ponto final!).

Ser mão de três crianças é bem diferente de ser mão de duas crianças. Pelo menos pra mim. Decubro cada vez mais que cada um dos meus filhos é único e tem necessidades na verdade parecidas, apesar das idades e fases diferentes. Por exemplo, tenho dito nos últimos dias que Gabriel (2anos e 8 meses) tem dado mais trabalho que o pequeno Iuri (quase 2 meses)!... Por quê? Ora, porque sim! Ele sempre foi muito apegada a todos nós, mas agora está mais! E a cada momento tem uma novidade. Primeiro foi o desfralde. Passamos um período trabalhoso limpando o cocô de sua cueca. Até que ele mesmo se resolveu e começou a usar o pinico sozinho. Agora é o xixi na cama... toda noite! Então tomei uma decisão: forrei seu colchão com um dos plásticos do parto e pronto. Acredito que ele mesmo vai se resolver. Pois ele já dorme sem fralda há vários meses.

Não adianta muito falar que ele pode se levantar pra fazer xixi de manhã cedo... Vale a pena conversar, isso sim! Mas sem expectativas. Ele tem o tempo dele. Tem mais. Na escolinha, trocaram a professora pela segunda vez este ano. Da primeira, a professora do ano passado (a quem ele tinha naturalmente se apegado) foi passada para outra turma e Gabriel não morreu de amores por sua nova professora. Passaram-se duas semanas e meia e a escola me manda uma bilhete dizendo que teriam que mudar a professora de sua sala. Mais um mudança para uma criança tão pequena e sensível... Bom, daí ele ficou doentinho de novo. Começou com um resfriado, um dengo, choro sem fim, febre no fim de semana que passou... Marquei um homeopata para ele para hoje. Espero que eu me acerte com ele e que ele acerte o remédio do meu filho. ELe está precisando.

E precisando de mim também. De colo. E muito. Sempre que eu ou João podemos, ele fica no colo da gente. Hoje até me questionei sobre a escola. Será que acertamos no "timing"? Será que ele não foi cedo demais? Eu não sabia como seria quando o bebê nascesse, mas agora sei mais ou menos - já que também não há um padrão com Iuri; cada dia é um dia! Dá trabalho ficar as manhãs sozinha com os dois, cada um com suas necessidades. Não dá, por exemplo, para ficar descendo com Biel ou mesmo brincando com ele o tempo que ele merece. Desse ponto de vista, ele estando na escola, pelo menos lá ele brinca, fica na grama, enfim... De qualquer forma, tê-lo em casa agora, doentinho, comigo, é o mais importante de tudo!

E por aí vai... Com Iuri, começo a entender melhor o que é dar o peito em "livre demanda". Começo a entender que ele precisa de sucção mesmo já não estando com fome. Eu estava apreensiva de deixá-lo no peito à vontade já que ele é glutão, mama e golfa muito. Mas lendo e refletindo aqui na net, estou convencida de que ele não precisa de chupeta quando quer, na verdade, o meu colo, meu cheiro, meu calor e... meu peito! E mais: ele dorme bem. Tenho tido tempo de "fazer outras coisas" e cuidar um pouco dos meus outros filhos e da casa também. Esse fim de semana eu dormi na minha mãe com Biel e Iuri e esqueci a chupeta lá... que ótimo! Assim, nem papai, nem irmazona, nem ninguém vai poder chupetá-lo e eu terei que ficar com ele o tempo que ele quiser... hahaha!

Tenho usado bastante o sling em casa também. Me ajuda muito, pois fico com pelo menos uma das mãos livre para fazer algo quando precisa. Ele também já tá bem espertão e curtindo o móbile do berço. Boto ele lá e ele fica calminho alguns minutos olhando, olhando, rindo... Enfim, a gente vai se virando. Estou realmente me empenhando para compreender essas crianças ao invés de julgá-las e tentar que elas sigam qualquer padrão, exigência ou expectativa, sejam eles meus ou alheios.

Enfim, aqui em casa é novidade todo dia! Isso porque nem falei da Nina, com suas atividades, conquistas, frases, reflexões... Fica para outro post! Agora vou cuidar de um tal chupador de dedinhos que deve estar com fome de lanchinho da manhã (como eu!) antes que um tal bebezinho foforuco acorde querendo peeeeeeito!

Até!

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Fechamento e recomeço

Hoje recebi a última visita de Paloma, minha parteira, que me acompanhou durante toda a gravidez e vem cuidando de mim e do Iuri desde o nascimento dele. Ela veio fechar o seu trabalho e me propôs duas coisas.

A primeira foi uma mensagem escrita linda, com uma gravura de uma mulher grávida do mundo, sobre o nascimento conciente. Ela tinha duas cópias. Na primeira, fez as "digitais" dos pezinhos do Iuri e as imprimiu no papel. Na segunda, pintou os dedos e as mãos do Gabriel e imprimiu as marquinhas dele. Uma linda lembrança de um lindo nascimento... (Ou seria de vários nascimentos? Novos filhos, novo pai, nova mãe, nova família!)...

Depois ela me pediu para me deitar na cama. Iuri estava ao meu lado e ficou quietinho o tempo todo. Ela tinha um xale roxo e começou a enrolá-lo pelo meu corpo. Ela ia enfaxando e dizendo umas coisas bem bonitas. Foi um ritual de agradecimento pelo milagre da vida, do universo, da mãe natureza... O milagre do corpo, enfim! Começou com os pés, minhas raízes, e foi subindo, apertando; as pernas, que me sustentam e me levam; meu ventre, meus órgãos, meu fabuloso útero, minha feminilidade; meus peitos e braços, meu coração, meu amor e o alimento que nutre meus filhos; minha cabeça, minha conexão com o divino. Foi o fechamento do parto que eu queria. Sinto-me agradecida.

Hoje me lembrei que este blog vai completar dois anos de existência neste mês. Estamos na Lua Nova novamente. A Lua do Iuri. Enquanto fecho uma fase, findando meu resguardo, recomeço. Nova, como a Lua.